quinta-feira, 30 de junho de 2016

Oitenta por cento das pessoas com 18 anos de idade acreditam que os jovens correm perigo de abuso sexual on-line, aponta pesquisa global do UNICEF/Ipsos


Novo estudo do UNICEF mostra que oito a cada dez pessoas de 18 anos de idade acreditam que os jovens correm perigo de ser abusados sexualmente ou explorados on-line e mais de cinco a cada dez acham que seus amigos têm comportamentos de risco ao usar a internet.

Perils and Possibilities: Growing up online (Perigos e possibilidades: Crescendo on-line –disponível somente em inglês) baseia-se em uma pesquisa de opinião internacional com mais de 10 mil pessoas de 18 anos de idade de 25 países, como o Brasil, revelando as perspectivas dos jovens sobre os riscos que enfrentam ao crescer em um mundo cada vez mais conectado. Em cada país, cerca de 400 pessoas foram entrevistadas.

"A internet e o telefone celular revolucionaram o acesso de pessoas jovens à informação, mas os resultados da pesquisa mostram o quão real é o risco de abuso on-line para meninas e meninos", disse Cornelius Williams, diretor associado de Proteção Infantil do UNICEF. "Globalmente, um a cada três usuários de internet é criança. Os resultados de hoje fornecem importantes insights dos próprios jovens. O UNICEF espera amplificar a voz dos adolescentes para ajudar a resolver a violência, a exploração e o abuso on-line e assegurar que as crianças possam tirar o máximo proveito dos benefícios que a internet e o telefone celular oferecem".

O novo relatório conclui que os adolescentes parecem confiantes com a sua própria capacidade de se manter seguros, com quase 90% dos entrevistados acreditando que eles podem evitar perigos on-line.

Entre os brasileiros, 86% disseram que sabem como evitar esses riscos. Outros 80% disseram que sabem como lidar como pessoas que fazem comentários indesejados ou pedidos online sobre sexo.

Globalmente, cerca de seis a cada dez disseram que conhecer novas pessoas on-line é de alguma forma importante ou muito importante para eles, mas apenas 36% acreditam fortemente poder dizer quando as pessoas on-line estão mentindo sobre quem são.

Mais de dois terços das meninas (67%), em todo o mundo, concordam fortemente que ficariam preocupadas se recebessem comentários ou pedidos sexuais por meio da internet, em comparação com 47% dos meninos. Quando ocorrem ameaças on-line, mais adolescentes procuram seus amigos do que pais ou professores, mas menos da metade concorda fortemente saber como ajudar um amigo enfrentando um risco on-line.

Outros resultados do relatório:
No Brasil, 94% dos entrevistados acreditam que as crianças e os adolescentes correm risco de ser abusados ou usados sexualmente on-line. Na América Latina e no Caribe e na África ao sul do Saara, dois terços apontaram esse risco, em comparação com 33% dos entrevistados no Oriente Médio e Norte da África.
Dois terços dos entrevistados na África ao sul do Saara e na América Latina e no Caribe (no Brasil, 62%) acreditam ou acreditam fortemente que seus amigos se colocaram em risco on-line, em comparação com 33% nos Estados Unidos e no Reino Unido.
Pessoas com 18 anos de idade nos Estados Unidos e no Reino Unido são as mais confiantes de poder evitar perigos on-line, com 94% concordando parcialmente ou concordando fortemente em poder proteger-se nas mídias sociais. No Brasil, esse percentual também foi alto: 86% disseram que sabem como evitar os perigos de situações de risco on-line.
Adolescentes na África ao sul do Saara parecem valorizar mais conhecer novas pessoas on-line, com 79% dizendo que esse tema é importante ou muito importante. No Brasil, esse percentual também foi alto: 72,5%. Nos Estados Unidos e no Reino Unido, 63% dizem que não é muito importante ou nada importante conhecer novas pessoas on-line.
83% dos entrevistados nos 25 países disseram que contariam a um amigo se eles se sentissem ameaçados on-line, em comparação com 69% que contariam a seus pais. Apenas 38% disseram que contariam a um professor. No Brasil, o percentual de entrevistados que contaria a amigos é ainda maior: 86%. Os brasileiros também demonstraram ter uma confiança maior em seus pais e professores: 83% disseram que contariam a seus pais e 46% a um professor.

Para contribuir com a prevenção da violência on-line, o UNICEF divulgará, em suas redes sociais durante o mês de junho, informações para incentivar uma atitude positiva dos adolescentes e jovens no uso seguro da internet. A ação faz parte da iniciativa Internet sem Vacilo, do UNICEF, criada em parceria com o Google e a organização não governamental SaferNet.

Esse trabalho é uma contribuição para os esforços da Aliança Global WePROTECT, que se dedica a acabar com a exploração sexual on-line de crianças por meio de uma ação nacional e global. O UNICEF, com a Aliança Global WePROTECT, está pedindo aos governos nacionais para que estabeleçam respostas coordenadas entre sistemas de justiça penal, incluindo a aplicação da lei, e os setores de Bem-estar Infantil, Educação, Saúde e Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC), bem como a sociedade civil, para proteger melhor as crianças de abuso e exploração sexual on-line.

Assista o vídeo aqui: 



Nova Iorque/Brasília, 7 de junho de 2016 

Fonte: UNICEF

quarta-feira, 29 de junho de 2016

Brincadeira virtual, perigo real: vamos falar sobre exposição das crianças na internet?


“Já pensou se a gente pudesse assistir agora a toda nossa infância, os primeiros beijos atrapalhados da adolescência, os vestidos bufantes das festas de 15 anos, as noites viradas nas casas das amigas conversando até amanhecer, rever o menino mais bonito da escola vestido de mulher na gincana de 1993? Não estou falando de fitas VHS toscas nem de ajustar o tracking do videocassete, mas sim de filmes em HD, editados com legendas, artes espertas e muitos emoticons. Em menos de dez anos nossos filhos vão ter acesso a uma infinidade tão grande de imagens suas e de seus amigos que poderão fazer longas metragens e até mesmo séries sobre suas vidas. Mas e se, no meio do caminho, alguém filmar uma filha sua em algum momento mais íntimo e isso for compartilhado em grupos da escola, grupos de pornografia de pedófilos, abusadores, do seu próprio marido e de pré-adolescentes que não ainda aprenderam o que é um espermatozoide? Perco horas pensando em como falar em tom não professoral com as crianças de dez anos ou mais. Não quero parecer uma inspetora de colégio de freiras quando explico que consentimento é a palavra de ouro.”

O trecho acima, retirado de uma crônica do livro A Mamãe é Rock, da jornalista e socióloga Ana Emília Cardoso, reforça um alerta para um perigo cada vez mais iminente na rotina dos nossos filhos: asuperexposição na internet.

Pais orgulhosos publicam fotos em suas redes sociais, muitas vezes sem se dar conta de determinadas situações que podem permitir a utilização das imagens de forma inadequada, até mesmo criminosa. Exemplos? Fotos e vídeos de crianças nuas, doentes, que identifiquem o local onde moram, a escola onde estudam.

Mas o risco mais comum é o de cyberbullying. Diversos são os casos que ouvimos sobre jovens que são expostas na internet pelos ex-namorados que, muitas vezes magoados com o fim do relacionamento, publicam fotos e vídeos íntimos do casal ou de brincadeiras feitas entre amigos que acabam tomando uma repercussão monstruosa.

– Quem posta uma imagem (ou vídeo) em um site ou rede social deixa de ter o controle sobre sua utilização. No momento que uma fotografia é postada, um grupo de pessoas terá a acesso e qualquer uma delas poderá replicar seu conteúdo e assim por diante. Além disso, quanto maior for a circulação das imagens na web, mais difícil se torna sua exclusão da rede mundial de computadores – explica a Delegada de Polícia da Delegacia de Repressão aos Crimes Informáticos, Greta Moura Anzanello.

Se isso acontecer com meu filho, como devo proceder?
É importante ressaltar que existem mecanismos para tal exclusão em páginas específicas do Facebook e do Google, por exemplo.

Greta explica que, para casos mais extremos, é possível entrar com uma ação de ordem judicial para a remoção dos conteúdos desde que atentem a imagens de abuso sexual infantil ou conteúdo em resposta a solicitações oficiais válidas, tais como notificações de direitos autorais que atendam aos requisitos da Lei de Direitos Autorais do Milênio Digital.

Os pais podem ajudar a proteger seus filhos tomando conhecimento dos riscos relacionados e tomando algumas precauções:

EVITE FOTOS QUE MOSTREM:

…o local de trabalho dos pais
…os filhos nus ou tomando banho
…usando uniforme escolar
…pistas de onde a criança mora
…registro de localização
…que ostentem objetos de valor
…que mostrem cenas engraçadinhas mas constrangedoras
…que mostrem imagens de outras crianças sem autorização dos pais das mesmas

E, principalmente, pense bem antes de postar:
Fotos que serão constrangedoras no futuro
Fotos com legendas que denigrem a imagem da criança como bobinho etc.

PRECAUÇÕES COM OS EQUIPAMENTOS EM CASA:
  • Utilize antivírus tanto no computador quanto no smartphone, mantendo-o atualizado.
  • Utilize senhas fortes.
  • Proteja as pastas em que estão as imagens com criptografia.
  • Evite armazenar imagens em contas de e-mails.
  • Não salve fotos em pen drives, pois são fáceis de perder.
  • Ao apagar as fotografias, não envie apenas para a lixeira: use programa para destruir o arquivo.
  • Utilize verificação em duas etapas em redes sociais e contas de e-mail.
  • Utilize senha nos dispositivos em que forem armazenadas as fotografias

QUEM CONTATAR

Departamento Estadual de Investigação Criminal (DEIC) da Polícia Civil do Estado do Rio Grande do Sul (PCRS) na Delegacia de Polícia especializada na investigação de crimes cometidos através da Internet, a Delegacia de Polícia de Repressão aos Crimes Informáticos (DRCI)
Telefones: (51) 3288-9876 / (51) 3288-9817 e (51) 3288-9818 e 0800 510 2828
Whatsapp e Telegram: (apenas para mensagens de texto): (51) 8418-7814
Site: www.pc.rs.gov.br/denuncie

DEPOIMENTOS

A jornalista Ana Emília Cardoso é casada com o comunicador Marcos Piangers e mãe da Anita, 11 anos, e da Aurora, quatro. O casal já tem, por conta do trabalho, uma superexposição nas redes sociais e, em casa, utiliza com as filhas “o diálogo real e reto”, como define Ana. 

“Eu sempre dou uma olhada nas conversas do WhatsApp com as meninas. A gente conversa tão abertamente sobre todos os assuntos com elas que não temos medo de que vejam assuntos ‘proibidos’ no computador. Sempre falo sobre os perigos pra Anita, num papo reto: não converse com estranhos na internet, na vida real. Seja empática, olhe as pessoas nos olhos, mas não dê intimidade. Com relação à privacidade, tomo dois cuidados básicos: não divulgo endereços que frequentamos, não faço check-in nem posto fotos com insígnias de escola, por exemplo. Não é pelo fato de meu marido ser conhecido, faria isso de qualquer forma. Para proibir o acesso à internet, teríamos que dar exemplo e não tenho uma rotina tão definida para criar leis em casa como “celular só até as 21h”. Prefiro assim: fez o tema? Fez a tua parte nas tarefas da casa? Então, está liberada. A Aurora sonha com o dia em que terá um “SUSSULAR” só dela, com internet ilimitada, claro!

Alessandra Nunes, mãe da Giovana, oito anos, trabalha na área de TI e vê o uso dos aparelhos tecnológicoscomo algo natural na rotina da família.

“A Gi sempre teve muito acesso aos dispositivos desde um ano e meio para 2 anos, acho que até por isso, se tornou algo natural. Não é uma obsessão, que tenho que ficar proibindo ou escondendo celular e tablets. Ela tem tablet, TV smart e celular, mas, ao contrário do que a maioria deve estar pensando, ela, muitas vezes, passa dias sem usar. Sempre que quer ver, acessar ou baixar um app diferente, vem e me pergunta se pode. Ano passado, dei o celular para ela e apresentei o WhatsApp: ela amou, agora tem grupo até dos coleguinhas da escola, onde sempre estou dando uma espiada. O controle é mesmo presencial, estou sempre conversando, perguntando e explicando para ela o que é legal e o que não é. Principalmente, porque agora que ela já sabe ler e escrever, aprendeu a pesquisar no Google e YouTube. Também temos regras sobre os momentos que pode e não pode: por exemplo, hora de estudo, é hora de estudo, aí só pode fazer pesquisa para ajudar no tema ou nos trabalhos. Quanto à exposição, tenho alguns cuidados, mas até por trabalhar com internet, vejo com menos preocupação, pelo acompanhamento e orientações que damos a ela. Apesar de ter apenas oito anos, é uma criança tranquila e madura – a gente explica, coloca os limites, e ela aceita ou nos questiona. Meu maior medo são questões em relação a pornografia e pedofilia, por isso faço tanta questão de acompanhar de perto e de uma forma que ela se sinta segura para conversar com a gente, expor alguma situação ou dúvida.”

Marcisiane Roberta Soares, mãe do Matheus de 4 anos e 7 meses é blogueira de maternidade no blog Odisseia Materna e já lida com a superexposição do filho.

“Ainda não deixo que o Matheus acesse sites. Ele tem liberado o Netflix no perfil dele, onde pode livremente escolher os desenhos. A tevê fica no quarto dele, porém estou sempre de olho, e a porta permanece aberta. Durante a semana, ele assiste TV das 19h às 20h e, nos finais de semana, deixo mais livre. Ele tem tablet, porém utiliza apenas apps de jogos instalados. O controle do que ele assiste é através do meu monitoramento. Sou formada em Magistério, então tenho em mim uma mãe educadora. Como mãe blogueira, tenho cuidado com fotos dele que divulgo tanto por preservá-lo (no futuro quando crescer ele pode querer meu pescoço, hahahaha) quanto por medo de pedofilia. Este é o meu maior medo. Infelizmente, não sabemos onde vai parar um foto divulgada em rede social que pode circular o mundo. Outro medo seria sequestro. Então cuido com as informações de locais onde vamos.”

Christian Buffara é advogado, pai do Gael de três anos e meio e divide com a esposa, Fernanda, a liberação do acesso à internet.

“No inicio, a relação do Gael com a internet era na procura de desenhos antigos como Os Três Porquinhos, Chapeuzinho Vermelho, desenhos mais lúdicos e que não passam com frequência na grade da tv aberta e fechada. Com o passar do tempo, começamos a buscar vídeos de animais tais como cachorros, tigres, leões. Depois, passamos a assistir a vídeos engraçados para descontração e muitas risadas. Hoje, nossa procura na internet está focada em desenhos antigos da época da minha infância como por exemplo He-Man, Liga da Justiça, Thundercats, uma vez que, nestes desenhos, há mais ação do que a violência em relação aos atuais (Vingadores, Hulk…). O acesso a internet é sempre feito junto comigo ou com a Fernanda. Nossa preocupação sempre é evitar que pessoas estranhas tenham acesso às fotos do Gael, restringimos o acesso das publicações aos nossos familiares e amigos, porém sabemos que, mesmo assim, o risco de acesso por terceiros/estranhos é grande.”

Tatiane Gallas, pedagoga, e o marido Vagner Vidal, com os filhos Davi, 3 anos, e Manuela, 10

“Como o Davi ainda é pequeno, ele não usa a internet, só mesmo algumas vezes para assistir a alguns desenhos, e sempre acompanhado, com supervisão. Já a Manu utiliza para fazer pesquisas para as tarefas da escola e também para entretenimento. Procuramos sempre dialogar e explicar que a internet possui coisas boas e outras nem tanto. Oriento sempre, que em caso de quaisquer dúvida, deve perguntar para mim ou para o pai e que, em hipótese alguma, converse com pessoas estranhas. Também considero importante ter um tempo limitado para navegar, mesclando com outras atividades importantes como a leitura, as brincadeiras e também os deveres. Crianças na internet precisam de supervisão de um responsável. Procuramos também filtrar os sites que ela utiliza e estar sempre por perto. Uma olhadinha no histórico de pesquisas do Google se faz necessária para que haja mais tranquilidade. Outra medida que acho importante é adiar e até evitar alguns perfis nas redes sociais. Minha filha criou recentemente, depois de muita discussão e apontamentos, um canal no YouTube e uma conta no Instagram (onde coloca fotos de bichinhos fofos), porém eles são muito supervisionados e monitorados, ela só grava e posta com a nossa presença. Não acessa todos os dias e é monitorada sempre. Tudo com muito controle e sem prejudicar os estudos e outras atividades. A minha preocupação é igual a de outras mães, os perigos que a internet pode proporcionar, como o contato com pessoas má intencionadas, por exemplo. O medo nos acompanha sempre. E ainda temo não conseguir acompanhar tudo o que se está passando com eles. Precisamos ficar alertas e estar presentes para evitar aborrecimentos e outros acontecimentos tristes.”

Por Vanessa Martini | 09-06-2016 às 12h04

Fonte: http://revistadonna.clicrbs.com.br/coluna/brincadeira-virtual-perigo-real-vanessa-martini/

terça-feira, 28 de junho de 2016

Crianças vítimas de bullying precisam de apoio, não de antidepressivos, alerta ativista


Uma ativista da saúde mental disse que crianças estão recebendo prescrições de antidepressivos por terem sido vítimas de bullying, e afirmou que isso é um equívoco.

Natasha Devon, assessora de saúde mental do Departamento de Educação britânico, disse que, em vez de medicamentos, crianças e jovens que são vítimas de bullying precisam receber apoio.

“Se uma criança é submetida a bullying e apresenta sintomas de depressão por isso, o que é preciso é que o bullying pare”, disse Devon na Conferência de Diretores Escolares.

“A criança precisa voltar a sentir-se em segurança. Ela não precisa necessariamente de antidepressivos ou de terapia.”

Ela disse que os problemas de saúde mental entre crianças nas escolas são muito piores do que as pessoas pensam. 

“Acho que muitas dessas dificuldades podem ser evitadas se adotarmos o enfoque correto”, ela acrescentou. “Se não, vamos estar dando com uma mão e tirando com a outra. E correremos o risco de medicalizar a infância.”

Ela falou da pressão que crianças e adolescentes enfrentam na escola, dizendo que a educação tornou-se algo “fortemente competitivo”. “Não é possível impor pressão adulta a uma mente infantil e esperar que a criança lide bem com isso. Ser criança ou adolescente hoje em dia é mais difícil do que jamais foi no passado.”

Nick Harrop, gerente de campanhas da ONG YoungMinds, que trabalha pela saúde mental e o bem-estar de crianças e adolescentes, disse que os antidepressivos nunca devem ser o único recurso empregado com crianças.

“Os clínicos gerais muitas vezes prescrevem antidepressivos a jovens porque não sabem o que mais fazer”, ele disse ao The Huffington Post UK.

“Os serviços de saúde mental para crianças e adolescentes variam de qualidade e disponibilidade segundo o lugar onde a pessoa vive. Em muitas áreas, a espera por atendimento é longa demais e os critérios de aceitação de pacientes são rígidos demais, porque os provedores de atendimento estão sobrecarregados.”

“Acreditamos que os antidepressivos podem ter utilidade no tratamento de alguns problemas de saúde mental, mas nunca devem ser o único recurso empregado.”

“Também é importantíssimo que os adolescentes e seus pais tenham informações plenas sobre os efeitos possíveis dos antidepressivos. Os adolescentes e seus pais precisam ter informações, para poderem decidir com base nelas se o enfoque medicamentoso é o mais indicado.”

Em março deste ano foi revelado que o número de menores de idade britânicos para os quais foram prescritos antidepressivos subiu mais de 50% entre 2005 e 2012. 

A Organização Mundial de Saúde (OMS) revelou as cifras e disse que o aumento na utilização dessas drogas para tratar crianças e adolescentes é preocupante.

Ao longo desses sete anos, o número de menores de idade no Reino Unido para os quais foram receitados antidepressivos subiu 54%.

A Dra. Helen Webberley, clínica geral da www.oxfordonlinepharmacy.co.uk, disse que os pais devem procurar orientação médica antes de tomar qualquer decisão de deixar de a seus filhos os antidepressivos que tenham sido receitados para eles.

“Se os pais estão preocupados com os medicamentos receitados para seu filho, a recomendação é que continuem a dar o medicamento, mas procurem um clínico geral ou especialista o quanto antes para discutir o assunto”, ela disse anteriormente ao HuffPost UK.

Para maiores informações sobre medicamentos de saúde mental para crianças, procure o site HeadMeds.org.uk , da YoungMinds.

Por: The Huffington Post UK | De Amy Packham
Publicado: 08/06/2016 14:47 BRT Atualizado: 08/06/2016 14:47 BRT
Fonte: http://www.brasilpost.com.br/2016/06/08/criancas-bullying-antidepressivos_n_10337018.html?utm_hp_ref=equilibrio

segunda-feira, 27 de junho de 2016

Como uma professora deu uma poderosa lição sobre bullying usando duas maçãs



A professora britânica Rosie Dutton encontrou uma criativa e bem eficaz maneira de se falar com as crianças sobre os efeitos do bullying.

Ela só precisou de duas maçãs.

Por fora, as frutas eram aparentemente iguais: grandes, bem vermelhas, daquelas que selecionamos na feira. 

Só que, antes de levá-las para a sala de aula, Dutton bateu uma delas no chão repetidamente, mas de maneira delicada. As crianças não souberam disso. 

Então ela apresentou as duas maçãs na aula e as crianças descreveram as semelhanças de ambas as frutas. 

"Eu peguei a maçã que tinha jogado no chão e comecei a dizer às crianças o quanto eu não gostava dela, que eu a achava nojenta, com uma cor horrível e que o cabinho era muito curto. Eu disse a elas que, por eu não gostar daquela maçã, queria que elas também não gostassem, então elas deveriam xingar a fruta."
As crianças olharam para Dutton com estranhamento, mas começaram a passar a maçã para os coleguinhas, sempre com um xingamento: "Você é fedida", "nem sei por que você existe", "você deve ter vermes dentro de você. 

"Nós realmente ofendemos aquela pobre maçã. Comecei a me sentir mal por ela."

Em seguida, Dutton encorajou as crianças a passarem a segunda maçã de um coleguinha para o outro, mas desta vez, dizendo palavras gentis. "Você é uma maçã adorável", "sua casca é bonita", "que cor bonita você tem". 

Depois a professora segurou as duas maçãs e, junto com as crianças, falaram sobre suas semelhanças e diferenças. As duas continuavam iguais. 

Então Dutton cortou as duas maçãs ao meio. A maçã elogiada era clarinha, fresca e bem suculenta por dentro. 

Já a maçã xingada estava toda machucada e molenga por dentro. 

"Acho que as crianças tiveram uma espécie de iluminação naquele momento. Elas realmente entenderam, o que vimos no interior das maçãs, os machucados, os pedacinhos partidos, era como cada um de nós se sente quando alguém nos maltrata com suas ações ou palavras", explica Dutton em seu post no Facebook sobre a experiência
"Quando as pessoas sofrem bullying, especialmente as crianças, elas se sentem péssimas por dentro e e muitas vezes não demonstram nem falam como estão se sentindo. Se a gente não tivesse cortado aquela maçã para ver seu interior, nunca teríamos percebido quanta dor causamos a ela."

Na semana anterior, Dutton havia compartilhado com as crianças uma situação em que ela ficou triste com as ofensas de uma pessoa. 

"Diferentemente de uma pessoa, nós podemos impedir que isso aconteça. Podemos ensinar às crianças que não é certo dizer palavras grosseiras umas pras outras, e discutirmos os efeitos destas grosserias. Podemos ensinar às crianças a defender os coleguinhas e parar qualquer tipo de bullying, assim como uma aluna de hoje, que se recusou a dizer grosserias para a maçã."

A esclarecedora lição foi dada em uma aula sobre emoções, chamada Relax Kids. Especificamente nesta aula, Dutton e a escola oferecem ferramentas e técnicas para as crianças lidarem com seus sentimentos e emoções, além de maneiras de superar qualquer tipo de estresse ou ansiedade

Mas Dutton diz que essa postura vale para todas as aulas. Especificamente na aula sobre emoções, as atividades promovem o trabalho em equipe, o respeito, o apoio aos colegas, a resolução d conflitos, a autoestima e a confiança, e locais para onde as crianças podem recorrer caso precisem de ajuda. 

A saúde mental de crianças e adolescentes tem se mostrado uma questão fundamental no Reino Unido, onde a ansiedade, o cyberbullying e os pensamentos suicidas estão aumentando entre jovens alunos ao mesmo tempo em que o atendimento nos serviços de saúde tem sido negado a muitas pessoas.

Fonte: http://www.brasilpost.com.br/2016/06/23/professora-bullying-macas_n_10631442.html

sexta-feira, 24 de junho de 2016

Após atrair menino pelas redes sociais, homem é preso por estupro


Menino de 13 anos foi aliciado por suspeito por meio de rede social. Homem confessou, em depoimento, ter violentado o garoto.


Nesta terça-feira (21), um homem foi preso por estuprar um menino de 13 anos, em Belém. Segundo as investigações, o suspeito usava as redes sociais para se aproximar de garotos e atrair as vítimas. Em depoimento à polícia, Marcus Vinícius Rebelo de Souza confessou ter violentado o jovem.

O mandado de prisão preventiva foi decretado pela Justiça e cumprido por policiais civis da Seccional Urbana do Guamá, sob coordenação do delegado Daniel Castro. As investigações se iniciaram no último dia 13, logo após a denúncia do estupro chegar ao conhecimento da unidade policial, com o registro do boletim de ocorrência. O adolescente passou por perícias que constataram o crime.

Durante as investigações, o suspeito do crime foi identificado. Segundo o delegado, foi solicitado à Justiça mandado de busca e apreensão na casa de Marcus Rebelo de Souza. Na residência, forama preendidos o notebook, telefone celular e pendrive. A partir das provas, foi solicitada a prisão do suspeito pelo delegado Bruno Brasil ao Poder Judiciário.

O homem foi preso e conduzido à Seccional, para ser ouvido em depoimento. Marcus confessou ter abusado sexualmente do garoto. Ele relatou que conheceu o adolescente pela internet e o atraiu para manter relações sexuais. O acusado admitiu saber que a vítima era menor de idade. Diante das provas, Marcus foi indiciado pelos crimes de estupro de vulnerável e aliciamento de adolescente. Ele vai permanecer preso à disposição da Justiça.

21/06/2016 22h46 - Atualizado em 21/06/2016 22h53

Fonte: http://g1.globo.com/pa/para/noticia/2016/06/apos-atrair-vitima-pelas-redes-sociais-homem-e-preso-por-estupro-no-pa.html

quinta-feira, 23 de junho de 2016

Crianças e adolescentes precisam saber que têm deveres a cumprir



De quando em quando, surge na internet o que parece ser uma excelente ideia educacional para usar com os filhos. São publicações de pais, nas páginas dos filhos e/ou da família, em que eles comunicam as atitudes que irão tomar para conseguir que os filhos os obedeçam.

Uns dois anos atrás, um pai postou uma lista de atitudes dos filhos que provocariam descontos em sua mesada. O maior desconto era o de "Desobedecer pai ou mãe", de R$ 3 em uma mesada cujo valor era de R$ 50. Os menores descontos (R$ 0,25) eram correspondentes a "Não tomar banho", "Ir de madrugada para a cama dos pais" e "Comer na sala de TV/estar", entre outros.

Cada vez que os filhos cometiam uma falta que estava na lista, isso era registrado na planilha e, ao final do período, o pai calculava todos os descontos e obtinha, dessa maneira, o valor da mesada que os filhos tinham a receber.

Na época, essa postagem viralizou, como se costuma dizer de algo que rapidamente alcança um enorme número de compartilhamentos nas redes sociais. Não foi pequeno o número de pais que adorou a estratégia e afirmou que iria utilizar com os filhos. Se isso ocorreu, e por quanto tempo, não sabemos.

Desta vez, foi a publicação de um outro pai que passou por esse fenômeno de compartilhamentos, com repercussões nas mídias impressas, televisivas etc. O pai anunciou para a filha adolescente que ele iria trocar a senha do wi-fi de casa todos os dias, e que ela só a obteria após lavar a louça e arrumar o seu quarto.

Essas duas atitudes são bem sedutoras: uma maneira de fazer, sem grandes esforços, que os filhos façam aquilo que os pais consideram importante. Mas elas ensinam o quê? Basicamente, ensinam aos mais novos o poder da barganha, do toma lá dá cá, e como funciona uma transação comercial, de compra e venda. Se a filha quiser usar a senha do wi-fi de casa, ela a compra arrumando seu quarto e lavando a louça; se o filho quiser receber mesada plena, ele a compra deixando de ter alguns comportamentos. É assim que funciona. E vamos lembrar que, como vivemos na sociedade do consumo, essas lições são absorvidas rapidamente.

Já na perspectiva educacional, atitudes desse tipo, que muitos pais adotam, são deseducativas. Por quê? Porque ensinam o filho a obedecer apenas quando ele quiser ou precisar. Pertencer a uma família acarreta direitos e deveres a todos os seus integrantes. Na primeira infância, os filhos têm direitos, e os pais, deveres. A partir dos sete anos, mais ou menos, eles começam a ter condições de assumir pequenos deveres, como tarefas domésticas, por exemplo. Mas eles só as cumprirão se forem levados a isso pelos adultos responsáveis.

A partir da adolescência, eles têm plenas condições de arcar com a maioria de seus deveres, se os pais não exagerarem. Ainda assim, precisam de tutela.

Muita gente reclama que o Estatuto da Criança e do Adolescente cria a imagem de que os mais novos têm apenas direitos. Mas somos nós que fazemos isso!

Crianças e adolescentes precisam saber, na prática cotidiana do relacionamento familiar, que pertencem àquela família e que têm deveres a cumprir com ela. Simples assim! Mas isso nos parece tão complexo que temos precisado de planilhas e barganhas, materiais e/ou emocionais, para ensinar isso a eles.

Por Rosely Sayão | Data 21/06/2016 às 02h00

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/roselysayao/2016/06/1783778-criancas-e-adolescentes-precisam-saber-que-tem-deveres-a-cumprir.shtml

quarta-feira, 22 de junho de 2016

10 razões pelas quais os aparelhos móveis devem ser proibidos para crianças menores de 12 anos

A Academia Americana de Pediatria e a Sociedade Canadense de Pediatria afirmam que crianças de 0 a 2 anos não devem ter nenhuma exposição à tecnologia, crianças de 3 a 5 anos devem ser limitadas à uma hora de exposição por dia e crianças e adolescentes de 6 a 18 anos devem ser restritas a duas horas por dia (AAP 2001/13, CPS 2010). Crianças e jovens usam de quatro a cinco vezes a quantidade de tecnologia recomendada, provocando consequências graves e, em muitos casos, colocando suas vidas em risco (Fundação Kaiser 2010, Active Healthy Kids Canada 2012). Aparelhos eletrônicos móveis (telefones celulares, tablets, jogos eletrônicos) aumentaram muito o acesso e uso de tecnologia, especialmente por crianças muito pequenas (Common Sense Media, 2013). Como terapeuta ocupacional pediátrica, convoco pais, professores e governos a proibir o uso de todos os mobiles para crianças com menos de 12 anos. Seguem dez razões, todas apoiadas em pesquisas, para justificar essa proibição. Para ter acesso às pesquisas com referências, procure o Zone'in Fact Sheetno site zonein.ca.

1. Crescimento cerebral acelerado

Entre 0 e 2 anos de idade, o cérebro da criança triplica de tamanho, e ele continua em estado de desenvolvimento acelerado até os 21 anos de idade (Christakis 2011). O desenvolvimento cerebral infantil é determinado pelos estímulos do ambiente ou a ausência deles. Já foi comprovado que o estímulo a um cérebro em desenvolvimentocausado por superexposição a tecnologias (celulares, internet, iPad, TV) é associadoao déficit de funcionamento executivo e atenção, atrasos cognitivos, prejuízo da aprendizagem, aumento da impulsividade e diminuição da capacidade de se autorregular, por exemplo, acessos de raiva (Small 2008, Pagini 2010).

2. Atraso no desenvolvimento

O uso de tecnologia restringe os movimentos, o que pode resultar em atraso no desenvolvimento. Hoje uma em cada três crianças ingressa na escola com atraso no desenvolvimento, o que provoca impacto negativo sobre a alfabetização e o aproveitamento escolar (HELP EDI Maps 2013). A movimentação reforça a capacidade de atenção e aprendizado (Ratey 2008). O uso de tecnologia por menores de 12 anos é prejudicial ao desenvolvimento e aprendizado infantis (Rowan 2010).

3. Obesidade epidêmica

Existe uma correlação entre o uso de televisão e videogames e o aumento da obesidade (Tremblay 2005). Crianças às quais se permite que usem um aparelho digital no quarto têm incidência 30% mais alta de obesidade (Feng 2011). Uma em cada quatro crianças canadenses e uma em cada três crianças americanas são obesas (Tremblay 2011). 30% das crianças com obesidade vão desenvolver diabetes, e os obesos correm risco maior de AVC e ataque cardíaco precoce, resultando em grave redução da expectativa de vida (Centro de Controle e Prevenção de Doenças, 2010). Em grande medida devido à obesidade, as crianças do século 21 talvez formem a primeira geração da qual muitos integrantes não terão vida mais longa que seus pais(Professor Andrew Prentice, BBC News 2002).

4. Privação de sono

60% dos pais não supervisionam o uso que seus filhos fazem de tecnologia, e 75% das crianças são autorizadas a usar tecnologia no quarto de dormir (Fundação Kaiser 2010). 75% das crianças de 9 e 10 anos têm déficit de sono em grau tão alto que suas notas escolares sofrem impacto negativo (Boston College 2012).

5. Doença mental 

O uso excessivo de tecnologia é um dos fatores responsáveis pelas incidências crescentes de depressão infantil, ansiedade, transtorno do apego, déficit de atenção, autismo, transtorno bipolar, psicose e comportamento infantil problemático (Bristol University 2010, Mentzoni 2011, Shin 2011, Liberatore 2011, Robinson 2008). Uma em cada seis crianças canadenses tem uma doença mental diagnosticada, e muitas tomam medicação psicotrópica que apresenta riscos (Waddell 2007).

6. Agressividade 

Conteúdos de mídia violentos podem causar agressividade infantil (Anderson, 2007). A mídia de hoje expõe as crianças pequenas cada vez mais violência física e sexual. O game "Grand Theft Auto V" retrata sexo explícito, assassinato, estupros, tortura e mutilação; muitos filmes e programas de TV fazem o mesmo. Os EUA classificaram a violência na mídia como Risco à Saúde Pública, devido a seu impacto causal sobre a agressividade infantil (Huesmann 2007). A mídia informa o uso crescente de restrições físicas e salas de isolamento para crianças que exibem agressividade descontrolada.

7. Demência digital

O conteúdo de mídia que passa em alta velocidade pode contribuir para o déficit de atenção e também para a redução de concentração e memória, devido ao fato de o cérebro "podar" os caminhos neurais até o córtex frontal (Christakis 2004, Small 2008). Crianças que não conseguem prestar atenção não conseguem aprender.

8. Criação de dependência

À medida que os pais se apegam mais e mais à tecnologia, eles se desapegam de seus filhos. Na ausência de apego parental, as crianças podem apegar-se aos aparelhos digitais, e isso pode resultar em dependência (Rowan 2010). Uma em cada 11 crianças e jovens de 8 a 18 anos é viciada em tecnologia (Gentile 2009).

9. Emissão de radiação

Em maio de 2011 a Organização Mundial de Saúde classificou os telefones celulares (e outros aparelhos sem fios) como risco de categoria 2B (possivelmente carcinogênico), devido à emissão de radiação (OMS 2011). Em outubro de 2011, James McNamee, da Health Canada, lançou um aviso cautelar dizendo: "As crianças são mais sensíveis que os adultos a uma série de agentes, porque seus cérebros e sistemas imunológicos ainda estão em desenvolvimento." (Globe and Mail 2011). Em dezembro de 2013 o Dr. Anthony Miller, da Escola de Saúde Pública da Universidade de Toronto, recomendou que, com base em pesquisas novas, a exposição a frequências de rádio seja reclassificada como risco de categoria 2A (provavelmente carcinogênico), não 2B (possivelmente carcinogênico). A Academia Americana de Pediatria pediu uma revisão das emissões de radiação de campo eletromagnético de aparelhos de tecnologia, citando três razões relativas ao impacto sobre as crianças (AAP 2013).

10. Insustentável

O modo em que as crianças são criadas e educadas com a tecnologia deixou de ser sustentável (Rowan 2010). As crianças são nosso futuro, mas não há futuro para crianças que fazem uso excessivo de tecnologia. É necessária e urgente uma abordagem de equipe para reduzir o uso de tecnologia pelas crianças.

As Diretrizes de Uso de Tecnologia para crianças e adolescentes, vistas abaixo, foram desenvolvidas por Cris Rowan, terapeuta ocupacional pediátrica e autora de Virtual Child; o Dr. Andrew Doan, neurocientista e autor de Hooked on Games; e a Dra. Hilarie Cash, diretora do Programa reSTART de Recuperação da Dependência da Internet e autora de Video Games and Your Kids, com contribuições da Academia Americana de Pediatria e da Sociedade Pediátrica Canadense, no intuito de assegurar um futuro sustentável para todas as crianças.

Diretrizes de Uso de Tecnologia para Crianças e Adolescentes:



Publicado: 24/03/2014 11:20 BRT Atualizado: 26/06/2014 17:49 BRT

Por Cris Rowan




terça-feira, 21 de junho de 2016

O seu filho está sendo vítima de cyberbullying? Conheça os sinais


As férias estão chegando e isso representa um motivo de alegria para a maioria das crianças que têm uma folga das lições de casa e da obrigação de se levantarem cedo. Porém, nem todas ficam mais alegres devido a essas boas razões. Para muitas crianças as férias representam um tempo longe de agressores que os incomodam off-line ou on-line através das redes sociais.

Infelizmente, nem todos os pais conseguem distinguir as dificuldades normais que todos os adolescentes enfrentam, dos verdadeiros sinais de perigo que podem indicar que algo de muito grave se está passando. O dia 17 de Junho é a data que assinala o combate ao cyberbullying em Portugal e por esse motivo preparamos uma lista de indicadores que podem ajudar os pais a verificarem se os seus filhos estão a ser vítimas, ou não, deste grave problema.

Respostas agressivas e constantes oscilações de humor

As oscilações de humor por si só, não significam necessariamente que o seu filho esteja a ver vítima de cyberbullying. Porém, se essas forem acompanhadas por reações nervosas constantes em resposta a questões comuns, especialmente depois de terem passado algumas horas utilizando o computador, deverá verificar se algo está passando.

Os pais não se devem contentar com respostas como “ok” ou “tudo bem”. Às vezes é necessário investir algum tempo a descobrir como o seu filho realmente se sente acerca das suas experiências on-line ou com os outros. As respostas muito evasivas ou agressivas são um denominador comum em muitos casos de cyberbullying.

Conta social apagada

Se o seu filho abandonou recentemente uma das suas redes sociais preferidas, fique atento. Numa idade em que os mais jovens passam períodos de tempo significativos nas redes sociais, a exclusão de uma conta pode ser um sinal de que algo grave se está a passar. As ferramentas de controle parental, instaladas no dispositivo de uma criança, podem ajudar os pais a perceberem tudo o que está acontecendo, nomeadamente, tudo aquilo que era utilizado e deixou de o ser.

Afastamento dos amigos e família na vida real

É natural que os adolescentes se tornem mais independentes dos seus pais e dediquem mais tempo à construção da sua própria rede de amigos. No entanto, se eles se distanciam destes últimos, se escondem do mundo exterior no quarto, ou evitam redes sociais bem como os seus dispositivos, algo está errado.

Alterações físicas dramáticas

Reparou que o seu filho perdeu peso ou apetite? Tem problemas a dormir durante a noite e parece estressado pela manhã? Isso pode ser um sinal de muitas coisas, mas quando combinado com alguns dos comportamentos que referimos acima pode ser sinal de que algo está errado.

Fingir que está doente para evitar a escola

“Não me sinto bem”, “estou indisposto” ou “dói a minha cabeça” são desculpas que todas as crianças utilizam ocasionalmente. Se como indicamos, essa utilização for ocasional não existem motivos para preocupações. Porém, se recorrentemente a criança fingir estar doente para não ir à escola poderá estar passando algo muito mais sério. Na maioria dos casos a criança utiliza essas desculpas para evitar os agressores.

Por Patricia Fonseca | 17/06/2016

Adaptação para o Português BR: Blog Cyberbullying na Escola

Fonte: http://www.leak.pt/filho-esta-vitima-cyberbullying-conheca-os-sinais/

segunda-feira, 20 de junho de 2016

Jovem de 15 anos se mata após colegas a filmarem no banho e postarem no Snapchat


Uma jovem de 15 anos dos Estados Unidos se matou após seus colegas a filmarem tomando banho e postarem no Snapchat. O caso ocorreu nesta semana.

A adolescente, Tovonna Holton, morava na Flórida e estava no primeiro ano do Ensino Médio. O vídeo da jovem nua no banho foi enviado para alunos do colégio em que estudava.

Segundo a mãe, Holton não contou para a família sobre a divulgação das imagens. Quem descobriu foi sua tia, Angel Scott, que falou com os alunos responsáveis em compartilhar o conteúdo. Depois disso, a jovem pegou a arma de sua mãe e se matou.

"Eu fui até o banheiro, não consegui entrar. A luz estava apagada, olhei por baixo, vi a poça de sangue. Arrombei a porta, tentei contar o sangramento na cabeça. Eu tentei salvá-la", disse à mãe à imprensa local.

A polícia está investigando o caso. A família pede justiça.

Com informações do jornal O Globo.

Fonte:
Catraca Livre

sexta-feira, 17 de junho de 2016

Como a tecnologia nos ajuda a denunciar os bullies e a defender as vítimas


A primeira coisa que deveria dizer é que estou gravando Inglaterra e País de Gales para assistir mais tarde em casa, então, por favor, não me contem quanto foi o jogo. É sério. Se você tem um app no celular que te alerta quando sai um gol, você sabe o que tem de fazer! Peço que desliguem os celulares, mas vocês provavelmente são o público errado para pedir esse tipo de coisa.

Tenho de admitir, como a maioria das pessoas da minha idade, que teria dificuldades sem meu smartphone - para notícias, esportes, música e um jogo de vez em quando. E a tecnologia também é parte importante da minha vida no trabalho. Como piloto de ambulância aérea, adoro o fato de que meu helicóptero esteja equipado com aparelhos capazes de salvar-vidas; e considero as mídias sociais centrais para a comunicação da Família Real no século 21.

Muito se fala publicamente dos desafios que as novas tecnologias - em particular a internet - podem representar para as pessoas, em termos de disseminação do extremismo, invasão de nossa privacidade e segurança de nossos dados. As mídias sociais também são alvo de escrutínio, pela maneira como ela pode criar uma plataforma para ataques e outros comportamentos maliciosos. Mas, embora a tecnologia possa criar novos problemas, acredito que a inovação na tecnologia seja uma força do bem e que esses avanços possam significar muito mais benefícios do os que prejuízos sobre os quais se costuma falar.

É por isso que é um privilégio poder dirigir-me a vocês hoje, porque vocês são as pessoas que têm a oportunidade de levar esse bem adiante.

Completo 34 anos semana que vem. Todo ano da minha vida viu mudanças enormes nas maneiras como nos comunicamos, fazemos negócios, travamos relacionamentos e escolhemos governos. Essas mudanças tornam o mundo mais transparente, nossas comunidades mais envolvidas e as barreiras entre culturas e países mais fáceis de atravessar.

São vocês nesta sala, e quem os apoia, que fizeram mais que quase todos os outros para moldar este novo mundo à nossa volta. Já posso ver que vocês fazem muito para pensar ambiciosamente como suas criações serão celebradas daqui 100 ou 200 anos. A Promessa dos Fundadores - se bem-sucedida, o que espero que aconteça - vai embutir o hábito da filantropia entre os empreendedores. E muitos de vocês já colaboraram com instituições de caridade e causas, incluindo a minha Fundação Real, para atingir novos públicos de maneiras inovadoras e atenciosas.

Há uma questão para a qual gostaria de pedir sua ajuda a energia, a fim de transformar um problema preocupante em uma oportunidade empolgante - como proteger as crianças na internet. Crianças e jovens usam a internet mais do que quase todos nós, mas são jovens, inexperientes ou imaturos demais para ter discernimento sobre o que é seguro e o que não é.

Peço sua ajuda em particular para lidar com a questão do bullying. Desde cedo, detesto o bullying em todas as suas formas. 

Quando Catherine e eu começamos nossa família alguns anos atrás, fiquei alarmado com os relatos de bullying online que ganhavam as manchetes mundo afora.

De meninas desenvolvendo transtornos alimentares depois de campanhas de abuso nas redes sociais a meninos adolescentes que tiraram as próprias vidas depois de serem constantemente alvejados - como pai, fiquei horrorizado.

O que víamos é que as mídias sociais e as mensagens transformaram o bullying não apenas num tormento nas salas de aula e no playground, mas algo que te seguia até sua casa - o refúgio seguro que as crianças deveriam ter.

Devo admitir que, a princípio, tinha a preocupação de que as empresas de tecnologia talvez não estivessem fazendo o suficiente em relação a isso.

Mas, ao examinar mais a questão, dei-me conta de que a tecnologia também fazia algo positivo. Ela trazia à tona a tragédia silenciosa e muitas vezes escondida do bullying. Finalmente podíamos enxergá-la.

Para crianças em idade escolar hoje, não há diferença entre as vidas online e offline. Bullying é bullying, onde quer que aconteça.

Mas hoje - graças à transparência trazida pela tecnologia - temos a oportunidade de que outros - amigos, professores, até mesmo desconhecidos - intervenham; defendam as vítimas e denunciem os bullies. A tecnologia digital cria novas oportunidades para que se compartilhem histórias positivas e encorajadoras e para que as pessoas vulneráveis saibam que não estão sozinhas.

Criei uma força-tarefa liderada por Brent para desenvolver uma estratégia nova e positiva para combater o bullying. Queremos avançar o bom trabalho que acontece no setor de tecnologia, para alinhá-lo melhor e garantir sua sobrevivência no futuro.

Estou encantado com o entusiasmo que tivemos e com o extraordinário grupo de pessoas reunido por Brent. Infelizmente, ele ainda não conhece ninguém na Apple, mas estou tentando apresentá-lo a alguém. Temos muito trabalho pela frente, mas, daqui um ano, esperamos ter um plano para obter melhoras fundamentais na segurança online de crianças que são vítimas de bullying.

Então hoje peço suas ideias, seu apoio e seu engajamento com a força-tarefa de Brent. Por favor, aproveitem a oportunidade para se envolver.

Acredito que, atacando o bullying de forma criativa e aberta, vocês criaram um modelo duradouro para como a internet deveria progredir em direção a sua próxima fase de desenvolvimento.

A internet é nova - para o público em geral, ela mal tem 20 anos. O que fizermos agora, portanto, vai moldar essa tecnologia para sempre - então temos de dar os passos certos. Acho que temos a chance de mostrar que, com relação ao bullying, a tecnologia pode fazer mais do que criar remendos para o problema; em vez disso, vamos criar uma mudança positiva e duradoura em nossa cultura que não poderia ter acontecido sem avanços tecnológicos.

Muito obrigado pela oportunidade de falar para vocês, e espero trabalhar com vários de vocês.

Este post é uma versão editada do discurso feito pelo duque de Cambridge no London 2016 Founders Forum, no dia 16 de junho.

Publicado: 16/06/2016 14:54 BRT Atualizado: 16/06/2016 14:54 BRT


Fonte: http://www.brasilpost.com.br/prince-william-the-duke-of-cambridge/tecnologia-bulling-principe-william_b_10510130.html

quinta-feira, 16 de junho de 2016

Ensine as crianças a navegar em segurança na Internet

As crianças passam, em média, sete horas por dia em frente a uma tela.


Num artigo publicado pelo World Economic Forum, afirma-se que o volume de informação circulando aumenta a cada dia que passa e o fenômeno do digital é capaz de gerar tanto inúmeras possibilidades como incertezas, sobretudo para as crianças que estão no centro destas transformações. Segundo um estudo de 2015 da mesma entidade, estima-se que, em 2025, cerca de 90% da população mundial esteja conectada à Internet. 

O ritmo do crescimento e das mudanças tecnológicas é frenético. Os especialistas falam numa eminente quarta revolução industrial potenciada pela inteligência artificial e pelo uso frequente da Internet nos dispositivos do quotidiano (internet of things), que conduzirá certamente a uma fusão do mundo físico e digital.

A televisão, o computador, as consolas de jogos, os telemóveis – todos estes objectos disputam a atenção das crianças. Hoje em dia, o impacto digital e dos media em idades mais jovens é preocupante e, segundo a American Academy of Pediatrics, as crianças passam uma média de sete horas diárias em frente às telas de qualquer que seja o dispositivo tecnológico.

O contato excessivo com aparelhos digitais é um fator alarmante tanto para os pais como para as respectivas crianças. Estudos demonstram que problemas de atenção, dificuldades escolares, distúrbios alimentares e de sono e até comportamentos desviantes são resultantes deste uso desmesurado das tecnologias por parte dos mais jovens.

Desta forma, os pais devem estar atentos e monitorar a rotina tecnológica dos filhos, pois estes acabam passando mais tempo em frente às telas do que com os próprios pais ou na escola. Além de tudo isso, não se podem negligenciar os elevados riscos aos quais as crianças estão expostas. São exemplo disso os conteúdos violentos e de teor sexual, o cyberbullying, o roubo de dados e a dependência da tecnologia.

A rápida expansão do mundo digital e a sua natureza evolutiva acabam tornando ineficazes algumas das políticas de proteção de crianças. Juntando-se a isso, está o intervalo geracional entre os adultos e os mais jovens, que fazem uso distinto das tecnologias tendo também diferentes pontos de vista sobre os comportamentos que são ou não aceitáveis.

A questão que se impõe nesta altura é: como é que os pais podem preparar as crianças de forma a sobreviveram em segurança à era digital?

O DQ Project, fundado por Yuhyun Park, é um projeto onde colaboram especialistas de várias universidades de todo o mundo, e constitui-se como uma plataforma online que pretende capacitar as crianças com inteligência digital através de habilidades emocionais, sociais e cognitivas.

Os responsáveis pelo projetos afirmam que as crianças têm que ser capazes de enfrentar os obstáculos tecnológicos e adaptarem-se à vida digital de modo a evitar os riscos.

Os mais jovens devem criar uma identidade digital, isto é, saberem controlar a sua presença on-line de forma equilibrada, medindo o impacto das suas acções a curto e a longo prazo. Deverão igualmente ser capazes de fazer um bom uso do digital, estimulando a sua aptidão para usar dispositivos e suportes digitais, mas visando sempre a harmonia entre a vida on-line e a off-line.

15.06.2016 Por Life&Style

Fonte: http://lifestyle.publico.pt/noticias/362207_ensine-as-criancas-a-navegar-em-seguranca-na-internet

quarta-feira, 15 de junho de 2016

“O cyberbullying deve ser tratado como o que realmente é: violência”


Caso de vídeo sexual divulgado, roubo de contas, insultos e tortura psicológica, criação de contas falsas (entre elas “um blog para gozar”) e divulgação não autorizada de dados pessoais e imagens. O que têm em comum estes casos? Todos se passaram na Internet. Todos atingiram estudantes universitários. Foram todos apelidados de cyberbullying.

A portuguesa Luzia de Oliveira Pinheiro estudou durante seis anos este tema, a intimidação e a perseguição na Internet (cyberbullying e cyberstalking), até terminar a tese de doutoramento na Universidade do Minho. Resultado: 11% dos estudantes universitários afirma terem sido vítimas de cyberbullying. Vítimas de insulto, difamação, intimidação, ameaça ou perseguição intencional e sistemática na Internet.

Estas conclusões resultam de 193 inquéritos digitais a jovens das Universidades do Minho e da Beira Interior, entre Janeiro e Março de 2013 e integram a tese de doutoramento Cyberbullying e Cyberstalking de Luzia de Oliveira Pinheiro, homologada há duas semanas.

Porém, a autora do estudo adverte: os dados não podem ser generalizados. A amostra permite tirar conclusões, mas nunca generalizar os resultados para um universo de portugueses com acesso à Internet em casa que supera os 70%.

Entre aqueles questionados em inquéritos digitais, outros 11% pensam que talvez já tenham sido vítima deste tipo de bullying. Um crime de intimidação, encarado por muitos como uma moda do século XXI, que Luzia de Oliveira Pinheiro se recusa a desvalorizar. “O cyberbullying deve deixar de ser visto como um tabu social para que possa ser tratado como o que realmente é: violência.”

A autora reconhece que a Internet desinibe comportamentos, “leva à publicação por impulso, pouco ou nada ponderada”. Enquanto vítimas, os inquiridos admitiram ter vergonha, tanto de terem sido alvo de cyberbullying, como pelo conteúdo partilhado sobre eles. Os próprios acreditam serem pessoas desprevenidas e inconscientes, que desvalorizavam o perigo das relações on-line e que se expuseram demasiado.

E por quê? Para a autora do estudo, algumas das pessoas “agiram propositadamente para se sentirem famosas”. O desejo de reconhecimento e a reputação assumem uma importância extrema nestes meios, numa fase da vida marcada pela consolidação das relações entre amigos e pela preocupação com a entrada no mercado de trabalho. Outras terão sido vítimas por descuido.

A velocidade a que a informação circula na rede pode abalar de forma extrema a reputação. É um ambiente em que “tudo que entra na Internet, fica na Internet” e em que não há espaço nem tempo para deletes. “Na Internet qualquer boato, qualquer conteúdo se espalha em segundos. As imagens e os vídeos, de um momento para o outro, todos podem ver. A reputação é incrivelmente abalada, perdida”, explica a autora.

Vítimas do próprio comportamento

Quanto à Internet, os indivíduos consideram-na um espaço em que se sentem livres que oferece uma privacidade única e um mundo exclusivo de amigos e contactos pessoais. A autora do estudo salienta, porém, que a Internet cria “uma proximidade que não é real” tendo as vítimas demonstrado comportamentos inconsequentes. Expuseram-se ainda a factores de risco sem muitas vezes “medir as consequências” e “revelaram detalhes privados de forma excessiva, o que, além de as tornar alvos fáceis, também faz com que elas sejam vítimas de si mesmas”.

A autora alerta: os efeitos do cyberbullying podem ser graves. “Além de perder a reputação, a vítima pode ser estigmatizada pela sociedade, auto estigmatizar-se, entrar em depressão ou mesmo suicidar-se”, adverte a investigadora da Universidade do Minho, com base em sete casos que recolheu em blogs e redes sociais.

“Na Internet é mais rápido e fácil destruir a reputação de alguém” do que frente a frente. Exemplos concretos: uma das sete histórias que a investigadora conta é a de Laura Barns, estudante do ensino secundário, californiana. Laura pôs fim à vida três dias depois de um vídeo seu “numa situação socialmente embaraçosa” ter sido publicado e divulgado pela comunidade a que pertencia. Laura acabou cedendo perante os insultos e o gozo de que foi alvo na Internet. Como em vida, o vídeo do seu suicídio foi divulgado nas redes sociais. Em 2014, a história de Laura Barns deu origem a um filme. Unfriended deixa a mensagem: “On-line as suas memórias duram para sempre”.

MARGARIDA DAVID CARDOSO | 13/06/2016 - 07:08

Fonte: https://www.publico.pt/sociedade/noticia/o-cyberbullying-deve-ser-tratado-como-o-que-realmente-e-violencia-1733513

terça-feira, 14 de junho de 2016

Sites pornográficos lucram o expor imagens roubadas de menores de idade

Fotos e vídeos íntimos das vítimas – jovens a partir dos 14 anos, de todas as classes sociais – se espalham na web, causando constrangimento e humilhação. Audiência de sites chega a 3,5 mi de visualizações/mês; donos reconhecem não fazer filtro

Luiz Fernando Toledo e Juliana Diógenes
12 Junho 2016 | 05h 00


SÃO PAULO - Imagens de nudez de garotas e mulheres têm aparecido sem que elas saibam em sites amadores de pornografia brasileiros. Fotos e vídeos chamados de “nudes”, feitos por amigos ou ex-namorados, divulgados sem consentimento, resultam em lucro na internet. São jovens com idade entre 14 e 25 anos, de todas as classes sociais, com sua intimidade exposta. No País, entre os 30 maiores sites identificados pelo Estado que não checam a procedência do conteúdo publicado, a audiência mensal chega a até 3,5 milhões de visualizações e pode render R$ 95 mil por ano para cada administrador.

As fotos das vítimas se espalham na web, em um movimento conhecido como “viralização”, e as levam ao constrangimento e à humilhação, disseram as mulheres à reportagem. Nas publicações, deixam de ser meninas e viram “novinhas” ou “ninfetas”, termo que remete a adolescentes ou mulheres infantilizadas. Quando uma novinha tem sua foto viralizada, diz-se que ela “caiu na net”.

Uma universitária do interior de São Paulo, de 19 anos, foi vítima de um rapaz que conheceu pelas redes sociais quando tinha 15. “A gente começou a conversar e ele sempre dava em cima de mim, mas nunca dei trela. Só que uma vez terminei com meu namorado e acabei cedendo ao pedido dele para aparecer na webcam. Pedi para não gravar, mas ele gravou”, disse.

Três anos depois, ela soube por um amigo que o vídeo estava em sites de pornografia. “Na hora, gelei. Peguei todas as provas de que era ele quem tinha divulgado e minha mãe levou para a Polícia Federal. Não sei o que aconteceu, porque não quis mais saber do assunto.”



Sem produzir conteúdo próprio, os sites divulgam fotos e vídeos como os da jovem paulista. Além de replicar imagens já divulgadas, põem à disposição de qualquer internauta formulários nos quais podem ser enviadas fotos. O usuário deve informar o nome da vítima e enviar ao menos um nude. 

Os proprietários reconhecem não fazer nenhum filtro. “Em muitos casos, em 90%, é impossível identificar se realmente as fotos ou os vídeos são de quem envia”, disse, por e-mail, o site Brasil Tudo Liberado, um dos maiores e mais conhecidos, com 2,3 milhões de acessos ao mês.

A reportagem, sem se identificar, questionou sobre como proceder para fazer um anúncio e sobre a legalidade das divulgações. “Legal, legal não é, né? Mas não dá problema, não”, disse o dono do site Só Novinhas, por e-mail. Ele cobra R$ 120 por um banner de 300x250 pixels. “Conheço muita gente que vive disso. Dá para tirar R$ 5 mil por mês.” 

Legalidade. O dono do site Junior Paganinix, que divulga na página inicial fotos de nudez de uma adolescente, reconheceu o risco de cometer crimes “sem saber”. “Todo o conteúdo que publicamos passa por uma análise prévia. Entretanto, é extremamente difícil julgar a idade de uma garota pela sua aparência física.” O Estado localizou fotos de menores em ao menos sete sites do tipo. Especialistas em direito digital afirmam que a divulgação é crime (mais informações abaixo).

O Estado mapeou os sites com base na ferramenta digital Similar Web por duas semanas. O programa registra o acesso às páginas iniciais, sem considerar a navegação interna. O número é subnotificado e pode ser até quatro vezes maior.

A reportagem identificou quem registrou cada domínio – endereço virtual –, com base no site who.is, mesmo instrumento usado pelo Ministério Público Federal (MPF) em investigações. Eles estão em São Paulo, Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte, Goiás, Santa Catarina, Ceará, Mato Grosso e Alagoas.

O dono do Cantinho dos Nudes, além de oferecer banner por R$ 130, explicou à reportagem como produzir um site (o que custaria cerca de R$ 150). Duas ferramentas são usadas para ganhar dinheiro: os sites Ero Advertising e HilltopAds, que pagam em euro e dólar por clique recebido nas páginas, sem interferir no conteúdo. 

O proprietário da publicação afirmou que recebeu R$ 1,6 mil no mês passado. “Eles pagam uma quantia por visualizações nos banners deles (que saltam quando o site é acessado) e uma quantia por cliques recebidos”, explicou. Donos de três sites pornográficos informaram nome, CPF e conta corrente para depósito caso houvesse interesse em anunciar. O Estado levou as informações ao MPF.

segunda-feira, 13 de junho de 2016

Comum no ambiente escolar, bullying também afeta adultos em empresas

Comportamento compromete negativamente o desempenho no ambiente de trabalho, aponta estudo. Pessoas como deficientes, mulheres e LGBTs são os que mais sofrem com atitudes preconceituosas



A palavra bullying geralmente remete a crianças e adolescentes em fase escolar. Porém é um problema comum também no ambiente corporativo, muitas vezes partindo dos próprios colegas, por meio de violência verbal, piadas de mau gosto ou brincadeiras referentes a alguma fragilidade do outro.

Segundo estudo do site do CareerBuilder, as minorias costumam ser os alvos mais comuns do bullying nas empresas: 44% dos deficientes físicos, 34% das mulheres e 30% dos LGBTs já sofreram algum tipo de agressão no trabalho.

Alvo de piadas

A estudante de administração Pamela Carvalho, de 28 anos, conta que, por causa da sua sexualidade, era alvo de piadas e comentários preconceituosos em uma empresa onde estagiou. “No início não me importei, até levei na brincadeira, no bom humor. Não escondi que era transexual desde o primeiro dia, mas com o tempo o comportamento dos colegas com isso foi me deixando incomodada”, disse a universitária.

Ela relata que isso a afetou de tal maneira, que fez com que desistisse de trabalhar na empresa. “A direção via e não fazia nada, então, aos poucos fui me desmotivando, comecei a faltar bastante, até o dia que o contrato acabou e, mesmo a minha gerente querendo prorrogar, pois ela gostava do meu trabalho, preferi não continuar mais lá”, lembra Pamela.

A estudante universitária Suellem Freitas também possui relatos de humilhação no ambiente de trabalho. “No primeiro mês foi tudo bem, meu superior parecia ser uma boa pessoa. Um dia esse meu superior inventou que eu tinha o mandado calar a boca numa situação. A partir daí passou a não falar mais comigo, sorria sarcasticamente de mim, evitava me delegar funções ou me subestimava. Percebi que ele estava me perseguindo, tinha uma antipatia comigo, não sei por quê. Certo dia aconteceu uma situação em que eu fui dar minha opinião e ele simplesmente começou a gritar comigo, falou que eu era uma burra, uma incompetente, não sabia que estava falando, desde que fui pra lá só fazia besteira”, relatou.

Sequelas

A psicóloga e diretora de Educação Profissional do Centro Literatus (CEL), Rosselane Sandrini, explica que o bullying começa com uma brincadeira e aos poucos vai deixando sequelas. “Muitas vezes a vítima precisa de acompanhamento psicológico, tornando-se desmotivada, com medo de conhecer o novo e podendo também ficar agressiva, podendo torna-se uma pessoa fria e com o desejo de vingança”, ressalta.

O mais importante, diz ela, é que a pessoa que está sofrendo o problema reconheça que a culpa não é dela. “É preciso que tome uma atitude e faça uma denúncia para o setor responsável. Quem lida com isso possui medo de reagir e quem pratica não se dá conta do quanto é prejudicial, que isso causa danos ao desenvolvimento, a atuação e até o networking das vítimas”, frisou a diretora.

Além disso, Rosselane aponta que a postura da empresa é fundamental, por isso é importante ouvir seus colaboradores e se posicionar claramente pela diversidade e não aceitação de atitudes preconceituosas no seu quadro funcional. “Também é necessário investir em treinamentos e capacitar os gestores a terem habilidades capazes de identificar cada funcionário como um ser único e trabalhar suas deficiências e virtudes. É preciso levar a sério brincadeirinhas ou situações conflituosas, investigando e dando a devida importância ao problema”, apontou a psicóloga.

A coach de carreiras Eliana Pinheiro explica que o papel do líder é extremamente importante nesta situação. “Ele deve trabalhar positivamente tanto quem pratica quanto quem sofre o bullying”, orienta.

12/06/2016 às 16:54 - Atualizado em 12/06/2016 às 19:23

Fonte: http://www.acritica.com/channels/cotidiano/news/comum-no-ambiente-escolar-bullying-tambem-afeta-adultos-em-empresas