sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

Twitter bane bot que ajudava vítimas de preconceito a se defenderem de ataques






O Twitter vem pegando pesado em ações para controlar a violência dentro de seus espaços virtuais desde o início do ano, como falamos aqui. A plataforma social está tendo um árduo trabalho para banir usuários que reproduzam discursos de ódio contra grupos, incentivem a violência e o suicídio, o que vem sendo cada vez mais comum na rede. As vítimas de abusos virtuais enfrentam burocracias e descasos que as levam à descrença nos mecanismos de controle por parte das empresas, causando mais dano.

Mas há vítimas que, mesmo desmotivadas a levar suas denúncias a público, se recusam a se calar. É o caso de Yair Rosenberg, um jornalista de origem judaica que recebeu uma quantidade absurda de violências endereçadas a ele durante as eleições presidenciais estadunidensas de 2016. Eleitores de Donald Trump, enfezados com seus posicionamentos favoráveis ao lado democrata da disputa, enviaram ameaças de morte diárias a Rosenberg e chegaram a fazer montagens com suas fotos em câmaras de gás usadas na Segunda Guerra Mundial, além de "uma série de piadas anti-semitas não muito criativas", segundo o próprio jornalista.

Cansado da vagarosidade que a equipe do Twitter apresenta ao abordar esse tipo de violência, ele entrou em parceira com o desenvolvedor web Neal Chandra, que era seu seguidor na rede social e também faz parte de um grupo étnico perseguido e entende na pele o ódio de origem racista. Juntos, eles desenvolveram um bot que patrulhava a ação de vários perfis conhecidos por assediar pessoas no Twitter, chamado Impostor Buster.

Sobre o projeto, Rosenberg afirmou: "Em poucos dias, nosso Golem digital tornou-se um sucesso desenfreado, conquistando milheres de seguidores e numerosas publicações na imprensa. Mais importante ainda, recebemos inúmeros agradecimentos por parte de vítimas".

Entretanto, com tanto sucesso, os grupos de neo-nazistas se organizaram para reportar a ação do golem-bot do bem e o Twitter suspendeu a conta. A Liga de Defesa Americana até conseguiu botar o bot em funcionamento mais uma vez, mas o passarinho azul voltou a desabilitar o funcionamento da criação de Rosenberg e Chandra.

Segundo o jornalista, a desculpa dada pela plataforma para banir de vez o Impostor Buster foi: "Um grande número de pessoas bloqueou o bot em função de grande volume de conteúdo não-solicitado ou duplicado vindos da conta".

Rosenberg e seus apoiadores estão convencidos de que o Twitter simpatiza com os posicionamentos neo-nazistas por tomar o lado dos agressores sem sequer ouvir a dor das suas vítimas.

Fonte: Engadget



Por Redação 
28 de Dezembro de 2017 às 17h47
Imagem:photo_camera público
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quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

Facebook apresenta novos recursos para diminuir bullying virtual e perseguições


Como parte das medidas adotadas pelo Facebook para tornar a rede social um lugar mais seguro e livre de assédios e violências, novas ferramentas foram anunciadas nesta terça-feira (19) através de publicação feita por Antigone Davis, Diretor Executivo de Segurança do Facebook.

Para desenvolver as inovações, a equipe do Facebook ouviu não apenas o que os usuários da rede social tinham a dizer e suas expectativas em relação às mudanças, mas também entrou em contato com diversas associações feministas e coletivos de profissionais do jornalismo, uma vez que esses são alguns dos grupos mais vulneráveis aos ataques de violência virtual. Mais de 150 organizações da Índia, Irlanda, Quênia, Holanda, Espanha, Turquia, Suécia e EUA, atuando com foco em segurança de pessoas assediadas, foram ouvidas durante os anos de 2016 e 2017.

Desde ontem, quando alguém bloquear uma pessoa indesejada na rede social, caso a pessoa bloqueada venha tentar adicionar a pessoa que bloqueou através de uma nova conta recém-criada, encontrará dificuldades. Com informações como o endereço de IP das contas, o Facebook ajudará a rastrear contas que possam pertencer a uma mesma pessoa com intuitos maliciosos.

Outro recurso que entrará em vigor é a possibilidade de, diretamente do Messenger, ignorar uma conversa privada e automaticamente remover o histórico do seu Messenger, sem que para isso seja necessário bloquear a pessoa que a enviou no Facebook. Isso será especialmente útil em casos em que a pessoa abusadora poderia se sentir incentivada a agravar as agressões ao descobrir que foi bloqueada



Por Redação | Canal Tech
20 de Dezembro de 2017 às 08h06
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terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Unicef alerta que acesso à internet só pelo smartphone amplia fosso digital


O Unicef, o braço das Nações Unidas para infância e juventude, acaba de lançar o relatório ‘Crianças em um Mundo Digital’, que destaca a importância da conectividade para o desenvolvimento pessoal, social e econômico, mas traz também uma série de alertas sobre como disparidades no acesso e no uso ampliam ainda mais o fosso entre desenvolvidos e subdesenvolvidos. 

No campo dos riscos, há aqueles que acabam despercebidos diante de perigos graves, como crimes sexuais, tráfico ou outras formas de exploração. Em especial, o relatório lembra que nos países de renda média e baixa, a internet pelo celular é a regra, mas o acesso somente por dispositivos móveis representa uma experiência inferior, a começar pelos conteúdos, o que também acaba sendo uma forma moderna de ampliação das disparidades. 
“Telefones móveis não são substitutos equivalentes a computadores pessoais, permitindo acesso somente a uma experiência online de ‘segunda-classe’. As restrições da internet móvel, particularmente associadas a produção de informações como textos mias longos, edição de vídeos ou design podem não ser aparentes para novos usuários em países de baixa renda. Muitos ficam online pela primeira vez apenas por telefones móveis e podem nem saber o grau em que suas experiências são limitadas.”
Em 130 páginas, sem contar tabelas e índices, a Unicef avalia a relação das crianças com o mundo digital. Os ganhos são imensos. “A conectividade pode mudar o jogo para algumas das crianças mais marginalizadas do mundo, ajudando-as desenvolver seu potencial e a quebrar o ciclo de pobreza”, aponta a entidade. Os exemplos de como a conectividade é positiva são muitos, a começar pelo Brasil, diz o Unicef. 
“No Amazonas, uma iniciativa governamental (Centro de Mídias de Educação) promove conteúdo educacional desde 2007 para crianças e jovens que vivem em áreas remotas. Usando satélite, aulas ministradas em Manaus são transmitidas para comunidades rurais, com suporte de tutores e a possibilidade de os estudantes fazerem perguntas em tempo real”, ilustra o relatório. O Brasil é citado, ainda, como um dos países em que há a maior proporção de entrevistados (34%, atrás apenas da Indonesia e Burundi) que apontam para o aprendizado online de habilidades às quais jamais teriam acesso na escola. 
Mas o relatório também examina como a internet aumenta a vulnerabilidade de crianças e adolescentes, que já são o principal grupo online – 71% deles estão conectados, contra a média global de apenas 48%. Os riscos vão desde o mau uso de dados pessoais, acesso a conteúdo prejudicial e cyberbullying. Além de outra vertente do acesso predominantemente móvel: uma “cultura do quarto”, nas quais as crianças navegam sem qualquer supervisão de adultos, especialmente enquanto a maior preocupação é com o tempo conectado, e não com o tipo de conteúdo acessado. 
Em especial, o Unicef chama a atenção de que a entrada no mundo digital é cada vez mais cedo – no Brasil, por exemplo, mais de 70% das crianças a partir de 10 anos já estão conectadas. Mas lamenta que o acesso não veio acompanhado nem de políticas, nem de práticas comerciais que levem em conta as crianças. “Apesar da massiva presençaa online das crianças, que são um em cada três usuários no mundo – muito pouco é feito para protegê-las dos perigos e ampliar o acesso a conteúdo seguro”, diz o documento. 
Ou nas palavras do diretor executivo do Unicef, Anthony Lake, “a internet foi criada por adultos, mas é cada vez mais usadas por crianças e jovens – e de forma crescente a tecnologia digital afeta suas vidas e seus futuros. Portanto, políticas, práticas e produtos precisam melhor refletir as necessidades, perspectivas e vozes das crianças. Em um mundo digital, temos o duplo desafio de mitigar os riscos e maximizar os benefícios da internet para cada criança”.



Por Convergência Digital/ Luís Osvaldo Grossmann
11/12/2017
imagem/ Convergência Digital
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Pesquisa do UNICEF analisa segurança online e desigualdades no acesso à internet


O relatório anual "Situação Mundial da Infância 2017" destaca a divisão digital e explora os debates atuais sobre o impacto da internet e das redes sociais sobre a segurança e o bem-estar de meninas e meninos

No Brasil, o UNICEF desenvolveu campanhas e ferramentas para a proteção das crianças e dos adolescentes no ambiente digital

Download de fotos, vídeos e cópia do relatório (em inglês): http://uni.cf/2j2GvHC

Nova Iorque/Brasília, 11 de dezembro de 2017 – Apesar da presença online maciça de crianças e adolescentes – um em cada três usuários de internet em todo o mundo tem menos de 18 anos de idade –, muito pouco é feito para protegê-los dos perigos do mundo digital e para aumentar seu acesso a conteúdo online seguro, disse o UNICEF em seu principal relatório anual divulgado hoje.

Situação Mundial da Infância 2017: Crianças e adolescentes em um mundo digital(disponível somente em inglês) apresenta o primeiro olhar abrangente do UNICEF sobre as diferentes maneiras pelas quais a tecnologia digital está afetando a vida e as chances de meninas e meninos, identificando perigos e oportunidades. O relatório argumenta que governos e setor privado não acompanharam o ritmo da mudança, expondo crianças e adolescentes a novos riscos e danos e deixando para trás milhões de meninas e meninos mais desfavorecidos.

"Para o bem e para o mal, a tecnologia digital é agora um fato irreversível em nossa vida", disse o diretor executivo do UNICEF, Anthony Lake. "Em um mundo digital, nosso duplo desafio é como mitigar os danos maximizando os benefícios da internet para cada criança e cada adolescente".

O relatório explora os benefícios que a tecnologia digital pode oferecer às crianças e aos adolescentes mais desfavorecidos, inclusive aqueles que crescem na pobreza ou são afetados por emergências humanitárias. Isso inclui aumentar seu acesso à informação, construir habilidades para o local de trabalho digital e dar-lhes uma plataforma para que se conectem e comuniquem seus pontos de vista.

No entanto, a publicação do UNICEF mostra que milhões de crianças e adolescentes estão sendo deixados para trás. Cerca de um terço dos jovens (entre 15 e 24 anos) em todo o mundo – 346 milhões – não está online, exacerbando as iniquidades e reduzindo a capacidade de meninas e meninos de participar em uma economia cada vez mais digital.

O relatório também examina como a internet aumenta a vulnerabilidade de crianças e adolescentes a riscos e danos, incluindo o uso indevido de suas informações privadas, o acesso a conteúdos prejudiciais e o cyberbullying. A presença onipresente de dispositivos móveis, segundo o relatório, fez o acesso online ser menos supervisionado para muitos meninos e meninas – e potencialmente mais perigoso.

E redes digitais como a internet obscura e as criptografias estão permitindo as piores formas de exploração e abuso, incluindo o tráfico e a distribuição online de pornografia infantil "feita sob encomenda".

Internet Sem Vacilo no Brasil

No Brasil, o UNICEF desenvolveu campanhas e ferramentas para a proteção das crianças e dos adolescentes no ambiente digital

Download de fotos, vídeos e cópia do relatório (em inglês): http://uni.cf/2j2GvHC

Nova Iorque/Brasília, 11 de dezembro de 2017 – Apesar da presença online maciça de crianças e adolescentes – um em cada três usuários de internet em todo o mundo tem menos de 18 anos de idade –, muito pouco é feito para protegê-los dos perigos do mundo digital e para aumentar seu acesso a conteúdo online seguro, disse o UNICEF em seu principal relatório anual divulgado hoje.

Situação Mundial da Infância 2017: Crianças e adolescentes em um mundo digital(disponível somente em inglês) apresenta o primeiro olhar abrangente do UNICEF sobre as diferentes maneiras pelas quais a tecnologia digital está afetando a vida e as chances de meninas e meninos, identificando perigos e oportunidades. O relatório argumenta que governos e setor privado não acompanharam o ritmo da mudança, expondo crianças e adolescentes a novos riscos e danos e deixando para trás milhões de meninas e meninos mais desfavorecidos.

"Para o bem e para o mal, a tecnologia digital é agora um fato irreversível em nossa vida", disse o diretor executivo do UNICEF, Anthony Lake. "Em um mundo digital, nosso duplo desafio é como mitigar os danos maximizando os benefícios da internet para cada criança e cada adolescente".

O relatório explora os benefícios que a tecnologia digital pode oferecer às crianças e aos adolescentes mais desfavorecidos, inclusive aqueles que crescem na pobreza ou são afetados por emergências humanitárias. Isso inclui aumentar seu acesso à informação, construir habilidades para o local de trabalho digital e dar-lhes uma plataforma para que se conectem e comuniquem seus pontos de vista.

No entanto, a publicação do UNICEF mostra que milhões de crianças e adolescentes estão sendo deixados para trás. Cerca de um terço dos jovens (entre 15 e 24 anos) em todo o mundo – 346 milhões – não está online, exacerbando as iniquidades e reduzindo a capacidade de meninas e meninos de participar em uma economia cada vez mais digital.

O relatório também examina como a internet aumenta a vulnerabilidade de crianças e adolescentes a riscos e danos, incluindo o uso indevido de suas informações privadas, o acesso a conteúdos prejudiciais e o cyberbullying. A presença onipresente de dispositivos móveis, segundo o relatório, fez o acesso online ser menos supervisionado para muitos meninos e meninas – e potencialmente mais perigoso.

E redes digitais como a internet obscura e as criptografias estão permitindo as piores formas de exploração e abuso, incluindo o tráfico e a distribuição online de pornografia infantil "feita sob encomenda".

As denúncias são encaminhadas diretamente para o Disque 100, serviço de atendimento do governo federal. O aplicativo também recebe denúncias de locais sem acessibilidade, de crimes na internet e de violações relacionadas a outras populações em situação vulnerável.

Outros pontos apresentados pelo relatório:

Somente uma ação coletiva – por parte de governos, setor privado, organizações que defendem os direitos da infância e adolescência, universidades, famílias e os próprios meninos e meninas – pode ajudar a assegurar a igualdade de oportunidades no espaço digital e tornar a internet mais segura e mais acessível para crianças e adolescentes, afirma o relatório do UNICEF.

"A internet foi concebida para adultos, mas é cada vez mais usada por crianças, adolescentes e jovens – e a tecnologia digital afeta cada vez mais a vida e o futuro deles. Sendo assim, as políticas, práticas e produtos digitais devem refletir melhor as necessidades, as perspectivas e as vozes das crianças e dos adolescentes", disse Lake.

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Sobre o UNICEF – O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) trabalha em alguns dos lugares mais difíceis do planeta, para alcançar as crianças mais desfavorecidas do mundo. Em 190 países e territórios, o UNICEF trabalha para cada criança, em todos os lugares, para construir um mundo melhor para todos.

Acompanhe nossas ações no Facebook, Twitter, Instagram e Youtube.



Por Unicef Brasil 
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sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

De olho em Minas




Deu no Estado de Minas. Cerca de 1 mil profissionais da rede estadual de educação vão fazer, ano que vem, curso de prevenção à violência e convivência democrática no ambiente escolar. Combate ao bullying, racismo, homofobia e machismo são alguns dos temas que vão balizar as aulas. A intenção é que os resultados ajudem a promover a participação dos estudantes, além de melhorar a relação da escola com a família nesse espaço de tantos aspectos diversos. Veja mais detalhes. Aqui, já apresentamos os princípios do programa Proteção contra o Cyberbullying para organismos do governo do estado e da prefeitura municipal.

Referendo por nossa vida privada





A Câmara Municipal começa discussão de projeto de lei sobre o uso de dados pessoais de cidadãos pela administração pública municipal. O objetivo é regulamentar a coleta e o tratamento dos dados pela prefeitura e suas autarquias na prestação de serviço público. Com todo respeito, os vereadores podem até debater o assunto. Mas de fato, por sua dimensão e impacto em nossas vidas, deveria haver coragem para ser realizado um referendo sobre a questão, conforme previsto na lei orgânica da cidade: As questões relevantes aos destinos do Município poderão ser submetidas a plebiscito ou referendo por proposta do Executivo, por 1/3 (um terço) dos vereadores ou por pelo menos 2% (dois por cento) do eleitorado, decidido pelo Plenário da Câmara Municipal.



Inteligência artificial contra suicídio é último recurso

É preocupante o noticiário sobre a adoção pelo Facebook de protocolos baseados em inteligência artificial para identificação de posts capazes de prever atividades relacionados a comportamento e incitação a suicídios. Máquinas, mesmo as dotadas de inteligência artificial, não compreendem a perspicácia humana. E o Facebook não consegue, de fato, acompanhar e agir como guardião de vidas privadas, como ficou demonstrado em matéria da BBC sobre como é o ambiente de trabalho (leia). Mas, vamos acreditar que possa. Como vai agir? Aqui, a lei é clara, tem de acionar a polícia nos casos de induzimento de suicídio. E também quando tomar conhecimento da possibilidade de o fato ocorrer, pois é crime deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública. Mas como definir isso à distância? Por meio de uma máquina? A única certeza futura é de que está aberta a porta para a rede social ser processada também por ter prévio conhecimento e ter agido de forma errada ou omissa. Ah sim! Se, indevidamente, acionar a polícia e os fatos não forem corroborados pela apuração, o lesado poderá buscar os devido ressarcimento por dano moral.

#cyberbullyingsqn





Esse é o novo canal no YouTube para a Dra Ana Paula expor temas emergentes e urgentes da vida digital, sua relação com as leis e a busca por um modelo de educação para harmonia nas relações nos ambientes de ensino. Inscreva-se e siga.

segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

Projeto lança revista em quadrinhos e 10 mandamentos contra o cyberbullying



Os relatos de alunos de escolas públicas paulistas sobre o bullying vivenciado por eles nas redes sociais resultaram na publicação de uma revista em quadrinhos e na criação dos 10 Mandamentos contra o Cyberbullying. A iniciativa, que é do projeto Liga Acadêmica de Prevenção e Intervenção a Violência (Lapiv), da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), foi lançada nesta semana.

O cyberbullying é a agressão por meios virtuais, como redes sociais, muito comum na vida dos adolescentes. A revista em quadrinhos “Segredos do Meta – a verdade por trás das redes”, traz à tona os perigos decorrentes da prática a fim de conscientizá-los sobre os limites entre uma brincadeira e o cyberbullying, além de alertá-los sobre segurança na internet.

No projeto do Lapiv, estudantes de enfermagem e medicina, coordenados por profissionais da universidade, realizaram atividades com alunos de escolas públicas, a partir de 11 anos, sobre o problema. O projeto surgiu em 2013, por iniciativa da médica psiquiatra da Unifesp Sara Bottino, quando teve conhecimento do número de suicídios e tentativas de suicídio que estavam associadas a fenômenos de agressão nas redes sociais. Entre as atividades do projeto, há rodas de conversa sobre as vantagens e desvantagens do uso das redes sociais e dicas de como os estudantes podem se proteger na rede.

“Percebemos que os adolescentes usam as redes sociais e eles não têm nenhum mecanismo de controle sobre o que eles postam, sobre as pessoas com as quais eles compartilham notícias pessoais e, às vezes, até informações sobre endereço e sobre o que fazem. Então temos um roteiro de discussão que começa a partir daí”, disse Sara.

Nas conversas, os estudantes também são levados a refletir sobre os riscos de uma aparente brincadeira entre colegas virar um problema grave. “Às vezes, eles começam com uma brincadeira na rede, que eles chamam de 'zoação', e muitas vezes não sabem o impacto que isso tem para quem está sendo 'zoado'. O limite entre o que é uma brincadeira e como esta pode ser vivenciada pela vítima pode ser muito diferente”, explicou.

A estudante de enfermagem da Unifesp, Victoria Nery, que participa do projeto, ressaltou que o objetivo das atividades é reduzir a violência nas redes sociais dos adolescentes em geral, não apenas daqueles que frequentam as escolas integrantes do projeto. Segundo ela, a publicação da revista em quadrinhos é um meio para que essa conscientização continue para além dos muros dessas escolas.

Uma atividade importante do projeto é o encontro em que os adolescentes falam sobre seus gostos, rotinas e preferências em diversas áreas. “Mesmo sendo diferentes, eles percebem que têm coisas em comum. Eles concluem 'por que vou fazer bullying com essa pessoa, se tem um pouco de mim nela e um pouco dela em mim?'”, disse Victoria.

Além disso, ela ressaltou que muitas pessoas não têm noção de que a rede não é um ambiente totalmente seguro. “Eles ficam bem impressionados quando falamos que já houve vários casos de suicídio, que as pessoas param de ir para a aula, têm decréscimo em relação a notas, perdem amigos, então eles começam a ver realmente o que isso causa”, disse.

Mandamentos

O grupo da Unifesp desenvolveu os “10 Mandamentos contra o Cyberbullying”, presentes na revista em quadrinhos. Entre as recomendações estão não responder quando estiver com raiva, guardar evidências de agressões, evitar compartilhar informações pessoais com desconhecidos, pedir ajuda a pessoas de confiança e bloquear o agressor, por exemplo. O último deles é “não se torne um agressor”.

Segundo Sara, que coordena o grupo, o projeto tem dado ênfase à figura do espectador. “Porque é ele quem vai dar visibilidade para a vítima e para o agressor na forma de 'likes', na forma de 'curtir'. Então temos trabalhado muito para que esse espectador, que não é vítima nem agressor, denuncie. Em vez de curtir, que fale 'isso não tem nada a ver, isso não é legal'. Se eles [casos de cyberbullying] têm um reforço negativo, certamente aquilo ali para. Mas se tem várias curtidas, então fica muito difícil [combater a situação]”, disse.

A coordenadora de uma das escolas em que o projeto foi implantado, Marli de Almeida, confirmou que as situações de cyberbullying se refletem dentro do ambiente escolar. Na Escola Municipal de Ensino Fundamental Armando de Arruda Pereira, onde trabalha, muitas brigas já ocorreram devido a agressões nas redes sociais, disseminação de notícias falsas e até a polícia precisou ser chamada.

“O que eles [grupo da Unifesp] fazem é despertar a conscientização sobre a responsabilidade que os alunos tem que ter quando escrevem qualquer coisa no Facebook, por exemplo, e que tudo isso tem um retorno. É um processo muito lento, mas acredito que a base eles estão tendo e, depois disso, tem que ser desenvolvido aos poucos. Esperamos que a sementinha tenha sido plantada. Depois os professores e as famílias têm que fazer com que essa sementinha floresça e que essa responsabilidade e essa conscientização comece a aparecer no futuro”, disse a coordenadora.

Por Agência Brasil/ Camila Boehm e Amanda Cieglinski
02/12/2017 17h06 São Paulo
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quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Lei Anti-Bullying e o cérebro dos adolescentes são temas do Cuca Legal da Unifesp, dia 06/12, 8h30, em São Paulo




A Lei Anti-Bullying é o tema que a advogada Ana Paula Siqueira Lazzareschi de Mesquita expõe no encontro do Cuca Legal, dia 06/12, 8h30, Unifesp - PROESQ - Rua Machado Bitencourt, 222 - Vila Clementino/ SP. Com a participação de psiquiatras, psicólogos, professores e diretores de escolas, o encontro é gratuito e as inscrições podem ser feitas por sintiatasca@gmail.com . Ana Paula é sócia-fundadora da SLM Advogados, especialista em direito digital e tributário digital. Idealizadora do programa "Proteja-se dos Prejuízos do Cyberbullying". Realiza trabalho de prevenção nas instituições de ensino para se protegerem juridicamente dos danos que o cyberbullying pode causar. Oferece educação jurídica digital para alunos, pais e instituições de ensino.

A segunda palestra da manhã será “O cérebro do adolescente: treinando a tomada de decisão”, por Adriana Foz, coordenadora do Projeto Cuca Legal da Psiquiatria UNIFESP e Diretora da NeuroConecte. Saiba mais aqui sobre
o projeto Cuca Legal da Unifesp. http://cucalegal.org.br/index.html

imagem: google imagens


sexta-feira, 17 de novembro de 2017

Nossos filhos precisam aprender tricô ou tecnologia?



Vetar eletrônicos realmente incentiva a criatividade e socialização? Ou pode abrir um gap em relação a um mundo cada vez mais tecnológico?






Criador de foguetes, carros elétricos, PayPal, entre outras inovações, Elon Musk criou também uma escola. Ele não gostava de onde seus filhos estudavam -- e nem das lembranças que tinha como aluno. Fundou, então, a Ad Astra (para as estrelas, em latim), na Califórnia. Considerada alternativa, recebe pouquíssimas crianças, que aprendem juntas (e não divididas por série), guiadas por seus interesses e aptidões (e não por grade curricular) e sob o lema de resolver problemas (não apenas absorvem teoria).



A escola “diferentona” não é uma extravagância do empresário que sonha em colonizar marte. Muitos executivos do Silicon Valley dão nota zero à educação convencional. Em se tratando do ensino da prole, nada de tecnologia – eles preferem a pedagogia Waldorf. Escolas dessa linha preconizam a formação holística de seres humanos (e não de alunos). E valorizam atividades como tricô, marcenaria, horta, dança e música tanto quanto outros conteúdos. Computador, internet e afins, nem pensar. São tão reprováveis quanto a velha decoreba.



Ao lado das abordagens analógicas por opção (e não por falta de dinheiro), há as escolas high tech. Elas ensinam programação de software desde cedo, oferecem dispositivos digitais de ponta e são orientadas pelos avanços tecnológicos. Entre esses dois universos, dúvidas não faltam. Quando e como uma criança deve ter contato com a tecnologia? Se ela demonstra talento especial na área, é bom estimular esse dom ou, ao contrário, equilibrá-lo com atividades diferentes (como trabalhos manuais e artísticos)? Vetar eletrônicos realmente incentiva a criatividade e socialização? Ou pode abrir um gap em relação a um mundo cada vez mais tecnológico?



É antiga a crítica ao uso das telas na educação, seja em casa ou na escola. Desde o início dos anos 2000 o professor Valdemar Setzer, docente do departamento de Ciência da Computação do Instituto de Matemática e Estatística (IME) da USP, condena computador, internet e TV na infância. Segundo ele, esses dispositivos impõem um raciocínio lógico e simbólico antes de a criança estar madura para tanto. Por isso, acabam produzindo massificação do pensamento, prejuízos à imaginação e atitude passiva. Um game, por exemplo. Por operar sob o registro da rapidez, recompensa e ranking, pode induzir a uma visão de mundo altamente competitiva. Além de ser uma atividade fast food, pronta para consumo.



O tema é complexo até para a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que coordena o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa, na sigla em inglês). Por um lado, a recomendação é preparar os professores para serem tão ou mais digitais do que os alunos – hoje a situação é inversa. Por outro, uma pesquisa em 70 países, em 2015, mostrou que o uso de computadores, tablets e similares na escola não melhorou o rendimento dos estudantes. Saíram-se bem no Pisa justamente as instituições menos equipadas.



Em um estudo conduzido pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em 2014, aparece uma outra vertente sobre o impacto do computador em casa. Crianças familiarizadas com esse aparato obtiveram melhores notas na Prova Brasil (avaliação da educação básica) do que as demais. Pelo visto, a questão do digital na educação é de múltipla escolha. Certo mesmo é que ainda temos muito a aprender sobre a matéria.



*CEO da Dentsu Aegis Network Brasil e Isobar Latam



Por Época Negócios/ Abel Reis
16/11/2017 - 11H45
Imagem: FOTO: SHUTTERSTOCK
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terça-feira, 7 de novembro de 2017

Lei do Bullying para famílias dos magistrados


 A especialista em direito digital e coordenadora do Programa Jurídico Educacional Proteja-se contra o Cyberbullying, Ana Paula Siqueira Lazzareschi de Mesquita fala sobre a Lei do Bullying e seus efeitos sobre a família e a educação dos filhos nesta quarta, 14h, na sede social da Associação Paulista de Magistrados, Rua Dom Diniz, 29 Jardim Luzitânia, em São Paulo.

À frente de iniciativa que reúne quase 40 unidades escolares, ela relata que o advento da Internet, combinado com o uso irracional e ilegal de smartphones trouxe aos jovens, pais, educadores e administradores de empresas a problemática do cyberbullying. Serão apresentados comentários sobre a Lei nº 13.185/2015, bem como introduzir o conceito sociológico do bullying dentro da atual estrutura normativa.

A abordagem adotada será didática, atualizada e prática, contendo as mais recentes construções doutrinárias e jurisprudenciais sobre as formas de violência presencial e virtual.

Previamente, foram definidos os temas que participantes desejam ver abordados: O que é Bullying? O que é Cyberbullying? Quais são os deveres das escolas/clubes/agremiações? Quais são os deveres dos pais/responsáveis legais? O cyberbullying é pior que o bullying? Quais as formas de prevenção contra a violência virtual?


Certamente todos terão uma excelente sessão para discussões e perguntas sobre a polêmica do cyberbullying.

Para entrevistas, mais informações e confirmar cobertura do evento, por favor, contate:

Cleinaldo Simões, Carla Onaga, Lidiane Tanaka, Rebeca Torres e Ana Rocha

55 (11) 5585 3363 – 5585 0961 – 5585 2273
55 (11) 2638 8099
55 (11) 9 8192 0700 – 9 8192 0002
Skype: cleinaldo.simoes

terça-feira, 31 de outubro de 2017

Marcas do bullying vão de baixa autoestima a tentativa de suicídio

Fotografia de menina de 12 anos com a mãe, que não querem ser identificadas, no apartamento onde moram. A menina negra e adotada, sofreu bullying em diversas escolas particulares de elite em BH. Foi diagnosticada com depressão grave em 2016, ameaçou se matar várias vezes, desenvolveu distúrbios alimentares e fobias (não conseguia sair do quarto, não podia encostar ou ver o uniforme da escola ou qualquer material escolar, como cadernos, canetas, lápis). Hoje faz diversos tipos de terapia, toma remédios, e tem aulas particulares em casa. Está afastada da escola há quase um ano.



A fobia escolar de Lívia, de 12 anos, chegou ao ponto de a menina não conseguir segurar um lápis. O uniforme, os livros, o caderno, tudo a fazia passar mal. Suava, entrava em pânico, dizia que era melhor morrer. Ameaçou se jogar da janela e pular de um carro em movimento.

A menina foi alvo de bullying em vários momentos da vida, até desenvolver uma grave depressão no ano passado, conta a mãe, a pedagoga Maria Clara, 51 –os nomes foram trocados para preservar a identidade das duas.

Após os pensamentos suicidas, a menina foi afastada da escola por recomendação médica e perdeu os anos letivos de 2016 e 2017.

O bullying, segundo especialistas, afeta não somente a criança e o adolescente, mas também suas famílias e, em casos mais graves, deixa marcas por toda a vida.

No último dia 20, um estudante atirou contra colegas em uma escola em Goiânia e matou dois deles. Ele disse ter sido vítima de bullying, o que reacendeu o debate sobre o tema.

No caso de Lívia, o preconceito racial foi um componente importante. Ela é negra e foi adotada por pais de classe média alta em Belo Horizonte. Em dois anos, passou por quatro colégios. Alguns de elite, com maioria branca, e outros mais diversos, onde o problema persistiu.

"A sociedade é tão racista que basta a criança ser um pouco mais clara para se achar no direito de chamar o mais escuro de macaco, gorila", conta Maria.

Lívia foi hostilizada e agredida fisicamente. Ninguém queria fazer trabalhos com ela nem a convidava para atividades. "Talvez eu nunca saiba direito o que aconteceu com a minha filha na escola. Muita coisa ela fez questão de esquecer", diz a mãe.

Além da exclusão em sala, a menina foi atacada por mensagens na internet, que incluíam incitação ao suicídio.

De acordo com especialistas, o cyberbullying pode ser ainda mais danoso. "É pior, porque nem no fim de semana a criança consegue escapar", diz a pedagoga Cleo Fante, autora do livro "Fenômeno Bullying".

Os primeiros sintomas da depressão de Lívia apareceram em 2016: irritabilidade, desânimo, falhas na memória e dificuldade de concentração. Dois meses depois, após ser chamada repetidas vezes de "monstro", ela deu um tapa em uma menina.

Depois disso, não conseguiu mais retornar ao colégio. A depressão se agravou. Vieram as ameaças de suicídio, a fobia escolar. A menina passou 40 dias sem sair de casa, trancada em um quarto.

"Nesse momento veio também a compulsão alimentar. Ela engordou 17 quilos em um mês", conta a mãe. Hoje Lívia está estável, mas toma quatro remédios, faz terapia três vezes por semana e tem aulas particulares em casa, para tentar vencer o medo.

Em muitos casos, as consequências do bullying aparecem com mais força na vida adulta. O eletricista Marcos, 30, cujo nome também foi trocado, largou a escola por não suportar a perseguição.

Ele faz tratamento para depressão e tentou se suicidar. "Foram várias tentativas, mas amigos conseguiram me impedir. Com a psicóloga, notei que isso vem desde a infância, pelo bullying", conta ele, que levava chutes, socos e tapas no colégio, no interior de Minas Gerais.

Atualmente, os remédios psiquiátricos dificultam o trabalho de eletricista –ele não pode usar certas máquinas, como furadeiras. Assim como Lívia, Marcos é negro e diz que a questão racial foi um dos motivos para o bullying. "Não adiantou mudar de escola, a perseguição continuava."

Para Lucas, que também pediu para não ser identificado, trocar de colégio ajudou. Mesmo assim, o bullying teve consequências graves.

Com 25 anos, o produtor faz terapia e já teve crises de ansiedade. Lucas diz que o bullying na escola, em Goiânia, tinha motivação homofóbica.

"Era empurrado, intimidado. As professoras fingiam não ver esse bullying homofóbico, para ver se a criança 'se corrigia'", diz. A experiência o deixou com um profundo medo de rejeição, o que prejudica sua autoestima e relacionamentos atuais.

A especialista em neuropsicologia Nadia Bossa afirma que o bullying pode afetar a saúde física e mental. "É uma situação de extrema tensão, que provoca um desequilíbrio celular e psíquico. As consequências disso ao longo do tempo são severas", explica.

Lucas lembra ainda que, se reclamasse com adultos, a situação piorava. "Os alunos ameaçavam me bater", diz.

"Contar para o adulto pode ser um terror, por isso eles param de contar. A ação dos próprios alunos é 75% mais eficaz do que a intervenção de adultos. O colega, que está de espectador, pode falar: 'Para, nada a ver isso'", explica a pedagoga Telma Vinha, professora da Unicamp.





O advogado Alexandre Saldanha, 33, passou pela mesma experiência de contar para uma diretora e se arrepender. Ele afirma ter superado os dez anos de perseguição na escola ao se tornar um especialista no tema.

O curitibano começou a estudar o bullying na faculdade e hoje dá palestras, lidera grupos de apoio e processa colégios na Justiça. "Só sendo obrigadas a pagar indenizações que as escolas vão se preocupar com a prevenção", diz.

O promotor e assessor em educação do Ministério Público de SP, Antonio Carlos Ozório Nunes, afirma que é preciso cuidado com a judicialização do problema. "Primeiro os pais devem esgotar todas as possibilidades de diálogo com a escola. A solução deve ser mais pedagógica", afirma.

Alexandre conta que foi perseguido durante toda a vida por ser "gordinho e desajeitado". A falta de coordenação motora era resultado de uma paralisia branda de um lado do corpo.

Ele mudou de escola sete vezes, mas os apelidos de "aberração", "coisa" e "Gardenal" o seguiram. Aos poucos, Alexandre se tornou introspectivo, acuado. Passava o recreio na biblioteca, lendo, para fugir dos agressores.

"Não era por incapacidade minha de socializar ou de lidar com a frustração, como dizem algumas pessoas. Era incapacidade de lidar com a humilhação todos os dias."

Especialistas alertam que, nesses casos, é importante acolher a vítima, e não culpá-la. "Ela não é responsável pelo bullying. Há crianças que são um alvo frágil, por isso se trabalha a autoestima, a assertividade, mas sem culpabilizar", diz Vinha, da Unicamp.

Por ser um alvo recorrente, Alexandre conta que sentia muita raiva. Mas conseguiu, segundo ele, dar vazão aos sentimentos por meio de música, poesia, desenho e o esporte. "É normal sentir raiva, mas é o que você faz com isso que importa", defende.

Na vida adulta, ele afirma que ajudar vítimas de bullying foi a sua forma de seguir adiante e "se curar". "O bullying foi o período mais escuro da minha vida, mas hoje eu encontrei o meu caminho."

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ENTENDA



Como identificar o bullying e o que fazer
No bullying, os ataques são intencionais, repetitivos e têm como objetivo maltratar e humilhar; não há justificativa evidente para as agressões. Ele é realizado entre pares –ou seja, entre alunos, mas com uma desigualdade de poder– e na presença de 'espectadores'
Quem é considerado mais frágil, seja pela renda, orientação sexual, religião, origem, cor ou aparência. Pessoas tímidas ou com baixa autoestima também são alvos, assim como alunos que se destacam por coisas positivas, como beleza e boas notas
Possíveis sinais de que a criança sofre bullying
- Mostra-se triste frequentemente
- É a última a ser escolhida em atividades e fica isolada ou perto de adultos no recreio
- Tem piora nas notas
- Anda com ombros encurvados, cabeça baixa e não olha no olho
- Usa desculpas para faltar à aula
- Tem mudanças extremas de humor
- Gasta mais dinheiro que o habitual na cantina para dar lanche aos outros
- Aparece com hematomas após a aula
- Capacitar funcionários e orientar pais
- Explicar as consequências, para que alunos não achem graça
- Estar junto no recreio para criar confiança
- Acionar os pais e discutir soluções, ouvindo a opinião da vítima
- Em casos graves, acionar autoridades
- Observar os filhos
- Acionar a escola e discutir soluções
- Não dizer coisas do tipo "ignore" ou "não ligue"
- Estimulá-los a perceber suas habilidades para resgatar a autoestima
- Se preciso, buscar a ajuda de psicólogos
- Repreender suas ações e mostrar o mal que ele está causando ao outro
- Fazer com que ele conserte o dano causado
- Trabalhar valores como respeito às diferenças



Bullying X conflito



Vítimas mais comuns


COMO IDENTIFICAR

Na escola
Em casa

COMO AGIR

O que a escola deve fazer?
O que os pais devem fazer?
Como proceder com o agressor?
Fontes: Cartilhas do CNJ e do Ministério Público e especialistas




Por Folha de S. Paulo MARINA ESTARQUE e JÚLIA BARBON
29/10/2017 02h00
Imagens/Alexandre Rezende e Theo Marques/Folhapress
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As escolas que venceram o bullying

Na contramão da maior parte das instituições de ensino do País, que ainda não possuem práticas para coibir a discriminação, alguns colégios já adotam modelos bem-sucedidos para assegurar a boa convivência entre os alunos 
COMBATE Para coibir o bullying, alunas do Bandeirantes convidam colegas para atividades de integração

A imagem de um jovem cabisbaixo, isolado em um dos cantos do pátio, ou de uma criança acuada após ter sido vítima de provocações começa a se tornar rara em algumas escolas do País. Apesar de  numericamente ainda serem poucas, instituições de ensino têm desenvolvido metodologias específicas para combater a intimidação e se transformado em exemplos na batalha contra a discriminação e a propagação do ódio no ambiente escolar. O caminho não é simples, mas os resultados das iniciativas mostram que é possível coibir a prática.


Um desses colégios é o Bandeirantes, um dos mais tradicionais de São Paulo. Lá, as estudantes Mariana Avelar, 14 anos, e Isabela Cristante, de 12, fazem parte dos grupos de ajuda do Programa de Combate ao Bullying. Elas foram escolhidas pelos demais alunos para participar de dois dias de capacitação com uma equipe de professores universitários e psicólogos.
Por meio de situações hipotéticas, o treinamento deixou claro o que é bullying e como elas deveriam agir em diferentes casos. “As pessoas mais isoladas são aquelas com gostos diferentes da maioria. Tentamos nos aproximar até que o colega se sinta confiante para conversar”, diz Mariana, estudante do 9º ano. “Aprendemos que, às vezes, o problema é maior do que parece, e precisamos levá-lo aos orientadores”, conta Isabela, da 6ª série. Os estudantes também conversam com quem presencia ou pratica o bullying. “O agressor se conscientiza mais rapidamente” , afirma Isabela.Com pulseiras para identificação, os participantes percorrem a escola auxiliando nos casos em que percebem o isolamento. A estratégia está funcionando. “Observamos a redução de casos”, afirma Marina Schwarz, orientadora da escola. “Hoje temos mais acesso aos episódios de provocação, que normalmente ocorrem por trás das autoridades.”
CONSCIÊNCIA A orientadora Edna e o estudante Igor Bomfim, do Soka (SP). “Se passar dos limites, já não é brincadeira”, diz ele 


Outro colégio que adotou medidas para coibir o bullying é o Soka, também de São Paulo. Há dois anos, a escola organiza palestras com advogados e psicólogos. “Conversamos com os pais sobre a responsabilidade deles em verificar os celulares dos filhos. É preciso identificar se há indícios de bullying nas conversas em grupos de redes sociais”, afirma o diretor James Jun Yamauti.A instituição também capacitou orientadores para dar assistência a alunos que chegam de outras escolas. “Trabalhamos com jovens que tiveram dificuldade de adaptação para que tenham um entrosamento melhor”, afirma Edna Zeferino Menezes, assistente de orientação educacional. Na sexta-feira 27, a escola deu início à semana do “Preconceito Não”, com palestras sobre direitos da população negra, questões de gênero e indígenas e a trajetória da população LGBT. “A ideia é que os alunos reflitam sobre questões que interferem diretamente no bullying e identifiquem se já vivenciaram situações semelhantes”, explica Yamauti. “Os constrangimentos diminuíram bastante. Se uma brincadeira passa dos limites, deixa de ser brincadeira”, afirma Igor Seiji Ando Bomfim, 15 anos, que relata ter ajudado colegas que sofreram discriminação.
AUXÍLIO O orientador Bruno Sciuto foi um dos profissionais capacitados pelo colégio Soka para apoiar alunos 
Descontrole
Em um momento no qual o tema vem à tona mais uma vez após o bullying ter sido apontado pela polícia como um dos fatores que levaram um adolescente de 14 anos a atirar contra colegas em uma escola de Goiânia na sexta-feira 20, é fundamental que iniciativas como essas deixem de ser fatos isolados.Os colégios devem começar a colocar em prática ações determinadas pela lei contra os atos de perseguição, em vigor desde abril do ano passado. Uma delas é a produção de relatórios bimestrais com eventuais casos. “O bullying não é controlado pelas autoridades pela falta de dados, o que dificulta o diagnóstico da extensão do problema”, afirma advogada Ana Paula Siqueira Lazzareschi, especialista em direito digital. Outro aspecto importante é que, além do suporte à vítima, as instituições devem oferecer assistência ao agressor.A ocorrência ainda diária das intimidações mostra, no entanto, um descompasso muito grande entre o que faz a maioria das escolas e o que manda a legislação. Casos extremos, como o de Goiânia, evidenciam, porém, a urgência na adoção de medidas efetivas. “O bullying não pode ter sua gravidade subestimada e ser tratado como uma brincadeira de criança”, diz a advogada Ana Paula. “A cultura da vingança ainda é muito presente  na sociedade e é esse desejo que está por trás do comportamento do agressor”, diz.Terminando em tragédias ou não, casos de bullying têm efeitos indeléveis para a vítima, o agressor e toda a escola. “Ocasionam rachas nas salas de aula, colocam metade dos alunos contra o agressor e a outra parte a favor da vítima”, diz Ana Paula. Por isso, os programas de combate a práticas tão cruéis são fundamentais para reverter o aumento da intolerância em ambientes de aprendizado. Não de destruição.


Disposição para ajudar



Satisfação em ver os colegas enturmados é o que move as alunas Mariana Avelar e Isabela Cristante, do 9º e do 6º ano, respectivamente, do Bandeirantes, em São Paulo. Há um ano, elas foram escolhidas para fazer um treinamento de capacitação e saber como atuar em casos de bullying. Desde então, as estudantes percorrem os espaços da escola e sempre que percebem situações de isolamento ou provocação se aproximam da vítima ou dos que testemunharam a ação. “Saber que consegui ajudar é muito bom”, diz Isabela.
Por IstoÉ -Fabíola Perez
27.10.17 - 18h00
Imagens/Gabriel Reis
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