terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Unicef alerta que acesso à internet só pelo smartphone amplia fosso digital


O Unicef, o braço das Nações Unidas para infância e juventude, acaba de lançar o relatório ‘Crianças em um Mundo Digital’, que destaca a importância da conectividade para o desenvolvimento pessoal, social e econômico, mas traz também uma série de alertas sobre como disparidades no acesso e no uso ampliam ainda mais o fosso entre desenvolvidos e subdesenvolvidos. 

No campo dos riscos, há aqueles que acabam despercebidos diante de perigos graves, como crimes sexuais, tráfico ou outras formas de exploração. Em especial, o relatório lembra que nos países de renda média e baixa, a internet pelo celular é a regra, mas o acesso somente por dispositivos móveis representa uma experiência inferior, a começar pelos conteúdos, o que também acaba sendo uma forma moderna de ampliação das disparidades. 
“Telefones móveis não são substitutos equivalentes a computadores pessoais, permitindo acesso somente a uma experiência online de ‘segunda-classe’. As restrições da internet móvel, particularmente associadas a produção de informações como textos mias longos, edição de vídeos ou design podem não ser aparentes para novos usuários em países de baixa renda. Muitos ficam online pela primeira vez apenas por telefones móveis e podem nem saber o grau em que suas experiências são limitadas.”
Em 130 páginas, sem contar tabelas e índices, a Unicef avalia a relação das crianças com o mundo digital. Os ganhos são imensos. “A conectividade pode mudar o jogo para algumas das crianças mais marginalizadas do mundo, ajudando-as desenvolver seu potencial e a quebrar o ciclo de pobreza”, aponta a entidade. Os exemplos de como a conectividade é positiva são muitos, a começar pelo Brasil, diz o Unicef. 
“No Amazonas, uma iniciativa governamental (Centro de Mídias de Educação) promove conteúdo educacional desde 2007 para crianças e jovens que vivem em áreas remotas. Usando satélite, aulas ministradas em Manaus são transmitidas para comunidades rurais, com suporte de tutores e a possibilidade de os estudantes fazerem perguntas em tempo real”, ilustra o relatório. O Brasil é citado, ainda, como um dos países em que há a maior proporção de entrevistados (34%, atrás apenas da Indonesia e Burundi) que apontam para o aprendizado online de habilidades às quais jamais teriam acesso na escola. 
Mas o relatório também examina como a internet aumenta a vulnerabilidade de crianças e adolescentes, que já são o principal grupo online – 71% deles estão conectados, contra a média global de apenas 48%. Os riscos vão desde o mau uso de dados pessoais, acesso a conteúdo prejudicial e cyberbullying. Além de outra vertente do acesso predominantemente móvel: uma “cultura do quarto”, nas quais as crianças navegam sem qualquer supervisão de adultos, especialmente enquanto a maior preocupação é com o tempo conectado, e não com o tipo de conteúdo acessado. 
Em especial, o Unicef chama a atenção de que a entrada no mundo digital é cada vez mais cedo – no Brasil, por exemplo, mais de 70% das crianças a partir de 10 anos já estão conectadas. Mas lamenta que o acesso não veio acompanhado nem de políticas, nem de práticas comerciais que levem em conta as crianças. “Apesar da massiva presençaa online das crianças, que são um em cada três usuários no mundo – muito pouco é feito para protegê-las dos perigos e ampliar o acesso a conteúdo seguro”, diz o documento. 
Ou nas palavras do diretor executivo do Unicef, Anthony Lake, “a internet foi criada por adultos, mas é cada vez mais usadas por crianças e jovens – e de forma crescente a tecnologia digital afeta suas vidas e seus futuros. Portanto, políticas, práticas e produtos precisam melhor refletir as necessidades, perspectivas e vozes das crianças. Em um mundo digital, temos o duplo desafio de mitigar os riscos e maximizar os benefícios da internet para cada criança”.



Por Convergência Digital/ Luís Osvaldo Grossmann
11/12/2017
imagem/ Convergência Digital
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