terça-feira, 29 de novembro de 2016

Agressão e bullying contra criança rendem condenação a escola e pais de autor


“Age com culpa, na modalidade de negligência, a instituição de ensino que, desatenta às normas de disciplina interna, coloca em risco a integridade física de seus alunos.” Com esse entendimento, a 13ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) reformou sentença de primeiro grau e condenou o Instituto Coração de Jesus e os pais de um aluno que agrediu um colega nas dependências do colégio a indenizar a vítima em R$ 15 mil. A instituição afirma que recorrerá da ação (veja nota completa abaixo).

A ação foi movida em nome do aluno agredido por sua mãe, policial militar. Ela relata que no dia 22 de novembro de 2010, seu filho, então com 7 anos de idade, chegou em casa com o olho roxo e inchado. Ele contou que havia sido agredido por outros alunos no horário de recreação da escola, mostrando um bilhete escrito pela coordenadora pedagógica. Esta apenas relatou que “infelizmente o colega lhe deu um tapa perto do olho esquerdo”, enquanto jogavam totó, apesar das características do hematoma indicarem que ele fora agredido com um soco.

A policial providenciou um boletim de ocorrência e o exame de corpo de delito. Ao procurar o colégio, ela foi informada de que o aluno que bateu em seu filho possuía um histórico de agressões a outros alunos e pelo ocorrido foi proibido de jogar totó no horário do recreio, o que ela considerou uma sanção leve.

Na ação, ela denuncia a falta de zelo dos prepostos da escola no momento da agressão, pois eles apenas deram ao seu filho uma bolsa de gelo para colocar no olho e deixaram-no no mesmo ambiente dos agressores, que permaneceram zombando do colega. Alega também o descaso da escola, que não a contatou para esclarecer os fatos. Além disso, afirma que seu filho foi vítima de bullying, pois não quis mais frequentar a escola, por medo e vergonha dos colegas, e ela precisou matriculá-lo em outro colégio. Além de pedir a condenação da escola, requereu a condenação também dos pais do aluno agressor.

O juiz de primeira instância negou os pedidos de indenização, o que levou a policial a recorrer ao Tribunal de Justiça.

No julgamento do recurso, o desembargador Newton Teixeira Carvalho, relator, afirmou que os réus não negaram a ocorrência dos fatos, que foram motivados por “conduta omissiva” por parte da escola, uma vez que seus monitores se descuidaram dos alunos.

“O caso dos autos evidencia suposta lesão de ordem extrapatrimonial decorrente de má prestação de serviço educacional, incidindo, na espécie, as disposições do Código de Proteção e Defesa do Consumidor”, afirmou o relator.

Segundo o desembargador, a escola não pode se eximir da responsabilidade pelo acidente, uma vez que era responsável pela vigilância e pela guarda do aluno. Assim, deve “responder pelo risco assumido, embora causado por outro aluno, menor de idade, razão pela qual os pais deste também devem responder pelos atos do filho”.

O relator considerou que o ocorrido atingiu “a honra, reputação e intimidade do aluno, afetando seu comportamento psicológico, causando aflição, desequilíbrio e angústia”. Ele fixou a indenização por danos morais em R$ 15 mil.

Os desembargadores Alberto Henrique e Rogério Medeiros acompanharam o voto do relator.

O Bhaz procurou a instituição de ensino para comentar sobre o caso, mas até a publicação desta reportagem não havia recebido retorno.


Nota ICJ na íntegra: 

O Colégio ICJ informa que prestou toda a assistência necessária ao aluno e a família e que recorrerá da decisão, uma vez que o juiz da 1ª instância, responsável pelos depoimentos e recolhimento de provas, indeferiu os pedidos dos responsáveis pelo aluno.

Atualizada às 18h do dia 25/12/2016
Foto: Wikipedia

Fonte: http://bhaz.com.br/2016/11/25/agressao-e-bullying-contra-crianca-rendem-condenacao-a-escola-e-pais-de-autor/

segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Adolescentes transmitem suicídio, ao vivo, para as redes sociais

Além de comoção, tragédia em Pskov vem gerando polêmica nas redes sociais. Enquanto isso a sociedade debate as causas que levaram ao ocorrido.



O caso foi registrado na última segunda- feira (14), em um vilarejo, Strugi Krasnyye, na região de Pskov, na Rússia. Na ocasião, um casal de adolescente identificados como Denis, e sua namorada Katya, ambos de 15 anos, resolveram transmitir, ao vivo, o que seria os últimos minutos de suas vidas. Na ocasião, eles postaram um vídeo pelas redes socais onde aparecem trocando tiros com a Polícia.

De acordo com a reportagem do jornal ''Daily Mail'', toda a confusão teria começado depois que a mãe de Katya, havia proibido a filha de dormir na casa do namorado, após uma festa do pijama. Irritado com a proibição da futura sogra, Denis teria efetuado um disparo de arma de fogo contra a perna da mulher. Na sequência, ambos teriam fugido de ônibus em direção a um sítio da família de Katya. Chegando no local, os adolescentes arrombaram uma das janelas e conseguiram entrar na casa. ''Nos não temos direitos a nada'', relatou o jovem em uma de suas postagens.

De acordo com informações, as postagens de Denis, foram publicadas por meio do aplicativo Periscope, que é capaz de transmitir um evento ao vivo, através de um celular. Durante as filmagens, os adolescentes aparecem no vídeo portando duas espingardas e muita munição. Segundo informações, as armas teriam sido roubadas do padrasto de Katya, que havia servido ás forças especiais da Rússia.

Quando a Polícia chegou no local foram recebidos a tiros. De acordo com um dos vídeos, é possível ver os jovens atirando contra uma viatura da Polícia. Após um intenso tiroteio, os agentes conseguiram invadir a casa, mas na ocasião acabaram encontrando os adolescentes já desfalecidos no interior da residência, onde apresentavam claros sinais de suicídio. Antes de suicidar-se, o jovem Denis resolveu postar uma mensagem no Instagram, onde ele se despedia de seus amigos e familiares, ele também descreve a vida como divertida. Além disso, o jovem pede para que as pessoas não tenham medo de viver. Logo depois, o rapaz atirou na namorada e depois efetuou um disparo contra a própria cabeça.

Ainda de acordo com as gravações, no momento do tiroteio a dupla é flagrada bebendo Vodka, e fumando o que muitos acreditam ser cigarros de maconha. Na sequência, os dois aparecem rindo da situação, dando a entender de que estivessem ''chapados''. Em um determinado momento do vídeo, o rapaz afirma que se eles forem presos presos, nunca mais voltarão a se ver. Por conta disso, ele pretendia se suicidar em grande estilo. 

Publicado:18 novembro 2016
MARCIO FAUTH - Especialista em Mundo

Fonte: http://br.blastingnews.com/mundo/2016/11/adolescentes-transmitem-suicidio-ao-vivo-para-as-redes-sociais-001259123.html

sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Estudantes não encontram terreno seguro para se informar pelas redes sociais


Pesquisa mostra que quase 70% de adolescentes e jovens usam o Facebook e o YouTube para se informar. Mas falta preparo para identificar o que é verdade e o que é mentira



Quase metade dos adolescentes e jovens brasileiros passa ao menos cinco horas conectada às redes sociais todos os dias. O WhatsApp, o Facebook e o YouTube são acessados por quase a totalidade dos brasileiros entre 14 e 30 anos conectados à internet. As informações são de um estudo encomendado pela agência Lynx. 

O aplicativo Snapchat, uma incógnita para boa parte dos adultos, é usado por 35% dos jovens no Brasil, um percentual similar ao do Twitter e do LinkedIn. Há mais detalhes no quadro abaixo, mas destaco um dado que chamou a atenção: o Facebook é usado por 98% dos adolescentes e jovens que se conectam à internet. Desses, 68% dizem usar a rede social para se informar. Os outros serviços usados para saber o que acontece no mundo são o YouTube (63% dos respondentes) e o WhatsApp (53%).

Na pesquisa, 82% dos adolescentes não souberam diferenciar um texto publicitário de uma notícia publicada por um veículo de imprensa em sites como o Facebook e o Twitter. Na avaliação dos jovens, um título mais detalhado e uma foto maior contam mais do que a origem na hora de avaliar a credibilidade da informação. Essas características também se mostraram mais relevantes na avaliação de notícias verdadeiras e falsas. Clique aqui para ler o estudo na íntegra (em inglês).

Como melhorar esse cenário? Bom, entrariam em campo os responsáveis e professores que cresceram sabendo identificar a diferença entre uma propaganda, uma notícia e uma notícia falsa. Só que daí a gente cruza com outro dado preocupante divulgado nesta semana. Um levantamento do BuzzFeed Brasil mostrou como as notícias falsas sobre a Operação Lava Jato foram mais compartilhadas no Facebook do que as verdadeiras ao longo de 2016. É bom lembrar que a maior parte dos usuários da rede social é de adultos.

Ou seja: todos precisamos repensar o modo descuidado com que lidamos com informação na era das redes sociais. Precisamos parar de compartilhar qualquer notícia sem checar a fonte ou ao ler apenas o título. Responsáveis e professores têm tarefa dupla, já que precisam, ao mesmo tempo, educar a geração de nativos digitais que cresce tendo o Facebook e o YouTube como principais filtros das informações que consomem. 

É a única forma, junto ao esforço das empresas de tecnologia em coibir a proliferação da desinformação, de tornar o cenário atual menos hostil.







BRUNO FERRARI
24/11/2016 - 10h27 - Atualizado 24/11/2016 11h22

Fonte: http://epoca.globo.com/tecnologia/experiencias-digitais/noticia/2016/11/estudantes-nao-encontram-terreno-seguro-para-se-informar-pelas-redes-sociais.html

quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Cyberbullying em jovens no meio escolar

A Internet veio para ficar. Os jovens são os consumidores diários com mais disponibilidade para estar on-line e também os mais vulneráveis a riscos e a possíveis danos.



A Internet uma das tarefas mais importantes para o seu saudável desenvolvimento: a socialização.

Pertencer a um grupo é imperativo. Estar sempre on-line é o principal requisito.

E assim vão deambulando entre uma socialização a que chamo de presencial e digital, isto é, uma socialização mista. Esta é a visão otimista e glamorosa do retrato da vida dos jovens.

O problema surge quando só apostam na socialização digital (dependência de estar online) e/ou apostam na socialização digital de forma a causar sofrimento no outro, ter um meio de diversão e tornarem-se populares (isto é, cyberbullying).

Os estudos e a experiência clínica apontam para um cenário terrífico nas teias relacionais entre jovens, que pertencem ou não à mesma escola, à mesma turma, ao mesmo ciclo de amigos.

O cyberbullying é uma realidade inevitável. Não há força física, não há medo da descoberta, não há feedback do sofrimento da vítima, e existem muitos seguidores, uns que estão do lado do agressor, outros que defendem a vítima e, também, os indiferentes. Mais raramente existem os defensores, aqueles que tentam interceder a favor da vítima.

É uma forma de diversão realizada pelos cyberbullies, que se apresentam como frios e poderosos, com uma identidade falsa ou, por vezes, fazendo-se passar por incógnitos, e que assim se tornam muito populares e temidos.

O bullying ganhou uma nova ferramenta de atução, as tecnologias de informação e comunicação, e está só à distância de um click. É mais fácil e rápido de pôr em prática.

Até podem ser desencadeadas situações de bullying face a face, mas rapidamente ganham outra dimensão on-line.

O cyberbullying surge nas redes sociais, nas mensagens, nos blogues, no e-mail. Pode surgir de várias formas: pela passagem de informação ou imagens privadas (que podem ser de cariz sexual), tornadas acessíveis a todos, pelo envio repetido de mensagens agressivas e de humilhação, revelando ou não a identidade, pela exclusão de um determinado grupo e pelo roubo da identidade, de forma a enviar informação que danifique a reputação.

Tudo fica registado, para sempre. Uma espécie de pegada digital, com contornos muito negativos e nefastos para as vítimas. Este aspeto está longe de ser consciencializado pelos jovens. Não têm noção de que o impato está para além daquele dia, daquele mês, daquele ano.

Um dos fatores que mais contribuem para a existência do cyberbullying são as rápidas competências tecnológicas que os jovens adquirem, e as dificuldades no desenvolvimento de competências sociais e relacionais, exponenciadas pela falta de apoio familiar e da comunidade escolar envolvente.

Há um trabalho importante a fazer com os jovens, os pais e os professores para um rastreio precoce do cyberbullying.

É muito importante que o jovem tenha um espaço para falar do que se está a passar, como se está a sentir, que estratégias já possui e quais deverá desenvolver para enfrentar a situação.

O silêncio é o pior remédio. Mas muitas vezes é aquele que é mais usado. Faz aumentar o cyberbullying para proporções de sofrimento inimagináveis.

As alterações nos resultados escolares, no comportamento em casa e na escola com os amigos e na sala de aula são importantes sinais de alarme.

Às vezes, o cyberbullying é a ponta do icebergue, de outras vulnerabilidades que os jovens apresentam: agressores e vítimas. Todos apresentam características de certa forma semelhantes, relativas à escassez de apoio familiar e nas dificuldades nas relações com os pares, uns por maior isolamento, outros por guerrear o poder.

Todos precisam de ajuda!

20 DE NOVEMBRO DE 201600:03
Ivone Patrão

Clínica ISPA
Imagem: Secure Teen

Fonte: http://www.dn.pt/opiniao/opiniao-dn/convidados/interior/cyberbullying-em-jovens-no-meio-escolar-5507565.html

quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Estudo diz que pais não atuam de maneira efetiva para proteger os filhos na Internet

Um terço dos pais acha que não tem controle sobre o que seus filhos veem.



Embora mais da metade (52%) dos pais acredite que os riscos que as crianças correm na Internet estejam aumentando – do cyberbullying à apresentação de conteúdo inadequado –, pouco mais de um terço deles (39%) conversa com seus filhos sobre as possíveis ameaças, mostra a nova pesquisa realizada pela Kaspersky Lab e pela B2B International. 

A pesquisa constatou que um em cada cinco adultos (20%) não faz nada para proteger seus filhos das ameaças da Internet, apesar de uma proporção semelhante (22%) já ter observado seus filhos em contato com ameaças reais online, como a exibição de conteúdo inadequado, a interação com estranhos e o cyberbullying. Ainda, 53% acham que a Internet afeta negativamente a saúde ou o bem-estar de suas crianças.

Um terço dos pais (31%) acha que não tem controle sobre o que seus filhos veem ou fazem online, e quase dois terços (61%) não conversam com as crianças sobre as ameaças virtuais.

Já quando tomam uma atitude, nem sempre são efetivas. Por exemplo, 28% dizem que verificam o histórico de navegação de seus filhos; mas nesse momento os danos já podem ter ocorrido. Apenas um quarto dos entrevistados (24%) usa algum tipo de software de controle de navegação.

“Hoje em dia, o uso de celulares e computadores para entrar na Internet, muitas vezes fora da vista dos pais ou durante suas atividades usuais, faz parte da vida dos jovens. Nosso estudo sugere que um número significativo de pais não se sente capaz de gerenciar as atividades nesses dispositivos. No entanto, é possível tomar várias medidas simples, e efetivas, para proteger as crianças. O importante é combinar medidas práticas, como a instalação de um software de controle para pais e a localização dos computadores nas áreas comuns da família, com um diálogo aberto com as crianças sobre as possíveis ameaças e como lidar com elas”, explica David Emm, pesquisador-chefe de segurança da Kaspersky Lab.

Kaspersky Safe Kids facilita a vida dos pais, protegendo as crianças contra ameaças e gerenciando suas atividades em dispositivos Windows, Mac OS X, iOS e Android.

Além de evitar que as crianças vejam algum conteúdo impróprio em sites e aplicativos, o software da Kaspersky Lab também previne a divulgação de informações confidenciais e ajuda os pais a gerenciar quanto tempo as crianças ficam conectadas à Internet em seus dispositivos.

Mais informações sobre ameaças online que afetam as crianças e recomendações para protegê-las estão disponíveis no portal educacional da Kaspersky Lab, em kids.kaspersky.com.

Data: 26.10.2016 | 11h05

Fonte: http://www.midianews.com.br/cotidiano/estudo-diz-que-pais-nao-atuam-de-maneira-efetiva-para-proteger-os-filhos-na-internet/278941

terça-feira, 22 de novembro de 2016

Mãe e filho serão indenizados por comentários racistas por professora no Dia da Consciência Negra

Educadora teria dito que pessoas de pele negra não são capazes, são burras e não conseguem aprender.



O Estado de SP e uma professora foram condenados a indenizar mãe e filho, ambos alunos de escola estadual, por comentários racistas proferidos pela educadora, em aula no Dia da Consciência Negra. A condenação em R$ 10 mil para cada, foi mantida pela 9ª câmara de Direito Público do TJ/SP.

De acordo com os autores, fazendo referência à data comemorativa do Dia da Consciência Negra, a professora teria dito que pessoas de pele negra não são capazes, são burras e não conseguem aprender. As declarações foram gravadas pela mãe.

Relator do recurso, o desembargador Rebouças de Carvalho observou que, como os fatos que motivaram a lesão moral aos autores decorreram de ações de agente do Estado e em estabelecimento de ensino público, restou caracterizada a responsabilidade civil do Estado.

"Os fatos ocorreram no interior de uma escola pública e motivado por comentário infeliz e improprio, ainda que episódico, e vindo de uma professora ganha ainda contornos mais graves, isso porque a escola é o local da convivência, do incentivo à liberdade da tolerância e do respeito e, ainda, da promoção da dignidade humana. Referido tipo de comportamento de quem tem o dever de ensinar não pode ser admitido, devendo ser coibido."

Também concluiu ser inegável a responsabilidade civil da professora, "diante de sua conduta que ocasionou o dano e lançou ofensas graves aos autores".

Veja a decisão.

Fonte: http://www.migalhas.com.br/Quentes/17,MI249190,41046-Mae+e+filho+serao+indenizados+por+comentarios+racistas+por+professora

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Pais passam mais tempo no Facebook do que aqueles que não têm filhos, diz estudo

Levantamento feito pelo Facebook IQ - área de pesquisa da empresa comandada por Mark Zuckerberg - foi realizado com 8 300 pais de oito países.


O que fazer quando o bebê não para de chorar? E quando os pequenos teimam em fazer birra, não importa o quanto você siga os conselhos do pediatra ou de alguém mais experiente? Por muitas gerações, questões como essas afligiram mães e pais, que recorriam à sabedoria popular ou a métodos próprios para resolvê-las. Mas hoje, graças à internet e às redes sociais, dúvidas comuns da maternidade podem ser compartilhadas e solucionadas rapidamente. Basta fazer uma busca ou escrever um post na sua página do Facebook para que as respostas de que você tanto precisa apareçam, com a ajuda de outras pessoas.

A fim de entender esse jeito moderno de criar os filhos, o Facebook IQ – área de pesquisa da empresa comandada por Mark Zuckerberg – conduziu uma pesquisa com 8 300 pais de bebês, crianças e adolescentes. Os participantes tinham entre 25 e 65 anos de idade e eram provenientes de oito países: Austrália, Brasil, Canadá, Alemanha, México, Espanha, Reino Unido e Estados Unidos. O levantamento faz parte de uma série de estudos que visa entender como a tradição e a tecnologia moldaram a realidade de pais ao redor do mundo e ao longo do tempo.

Essa primeira etapa do estudo trouxe vários achados interessantes. Um deles diz respeito ao uso de celulares. De acordo com os pesquisadores, os smartphones são a principal ferramenta de pais e mães para se organizarem, acompanharem a rotina e o desenvolvimento das crianças e dividirem as conquistas dos pequenos. Analisando o uso das redes sociais, os especialistas notaram que aqueles que têm filhos passam 1,3 vezes mais tempo no Facebook em relação a quem não é pai.

Outro ponto levantado pelos estudiosos é que os dispositivos móveis também estão ajudando pais e mães a se manterem informados e a tomarem decisões. Isso se mostrou ainda mais evidente entre os Milleniuns – aqueles com idades entre 18 e 34 anos, que também são classificados como geração Y. Os entrevistados dessa faixa etária se mostraram 30% mais propensos a usar celulares e tablets para buscar informações do que os Baby Boomers, pessoas com idades entre 50 e 65 anos.

Mas, de um modo geral, todos aqueles que têm a oportunidade de criar filhos hoje em dia sentem que solucionar dúvidas é mais fácil – não importa a geração. 83% dos entrevistados revelaram ter acesso a mais informações do que seus pais tiveram; e 70% disseram ser mais bem informados do que seus genitores. O interessante é que para 76% dos Baby Boomers essa percepção foi considerada verdadeira, sendo que eles tiveram contato com internet e celulares quando já eram mais velhos.

Crianças no comando

Não são só os adultos que tiram proveito de um mundo mais conectado – os pequenos também. Para se ter uma ideia, a meninada anda tão abastecida de informação que 50% dos participantes assumem que seus filhos têm mais impacto na tomada de decisões da família do que eles próprios tiveram quando eram crianças. E metade dos entrevistados reconhece que ouvem mais os seus filhotes do que seus pais os ouviam durante a infância.

Essa interação, inclusive, tem aproximado bastante pais e filhos. 83% dos entrevistados descrevem sua família como sendo amorosa e 77% classificam seu núcleo familiar como feliz. Mesmo assim – apesar da ajuda da tecnologia – ter um filho ainda é um grande impacto na vida dos casais: 48% dizem ter preocupações com dinheiro e 39% sentem que falta tempo para dar conta de tudo. Pelo visto, tem coisas que não podem ser resolvidas com apenas um clique – ainda!

Por Luiza Monteiro
18 jan 2016, 16h47 - Atualizado em 27 out 2016, 23h56
Fonte: http://bebe.abril.com.br/familia/pais-passam-mais-tempo-no-facebook-do-que-aqueles-que-nao-tem-filhos-diz-estudo/

sexta-feira, 18 de novembro de 2016

‘Bullying pode ser motivo para trocar criança de colégio’

Professora da Faculdade de Educação da USP explica o que deve ser feito caso filho seja vítima de agressões na escola.



Problemas graves na escola, como casos de bullying, podem justificar uma mudança de colégio, se a instituição não ajudar a contornar a questão. Em entrevista ao Estado, Silvia Colello, professora da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP), explica que aspectos justificam uma mudança de escola e destaca a importância da tentativa de diálogo antes de assumir posturas radicais.

O que pode ser feito antes de mudar de escola por nota baixa?

Pais e escolas sempre têm de estar muito próximos no acompanhamento da vida escolar, independentemente de qualquer coisa ou de casos extremos. Nota baixa é um aspecto, mas às vezes tem casos de bullying, de inadaptação social, ou a criança é muito tímida, fica isolada. Às vezes parece que está dando tudo certo, a criança tira notas boas, mas está infeliz na escola, não tem amigos. 

A repetência é um motivo para sair ou isso pode ser contornado pelos pais?

A repetência é uma medida que deixa marcas, mas isso tem que ser avaliado caso a caso. Às vezes a criança está imatura, precisa de um tempo a mais. Se for essa a opção (tirar da escola), conversar muito com a criança para tentar minimizar os efeitos do sentimento de fracasso, de baixa autoestima. 

Alguns pais mudam de escola porque a metodologia não é adequada ao filho. Como perceber isso?

Muitos pais procuram a escola que frequentaram ou a escola que foi boa escola paro o irmão mais velho, por exemplo. E partem da ideia de que se já deu certo, vai dar de novo. E isso não é regra. Os pais têm de compreender que não existe escola perfeita, mas existem escolas com propostas educativas que podem se ajustar mais ou menos àquela criança. 

Quando eu falo de ajustar, eu falo da metodologia que atende às expectativas, bate com a personalidade e o perfil da criança. Mas é também o ambiente da escola. Tem pais que são muito liberais e põem em uma escola muito rígida porque eles acham que, na média, vai dar certo. Isso não funciona bem porque a criança vive em um esquema de contradição. A proposta tem se aproximar do perfil da família. 

A escolha de uma escola que não estimula o aluno a estudar deve ser repensada pelos pais?

Deve. A escola tem que estimular o aluno. Não só garantir a aprendizagem, mas ensinar a estudar. Dar para o aluno a oportunidade de ele ser um pesquisador, um protagonista do seu processo de aprendizagem. Para te dar um exemplo: eu vejo muitos alunos meus na universidade que são bons alunos, mas não têm autonomia para aprender. Não sabem ir à biblioteca, fazer uma pesquisa. Porque a vida inteira receberam o conteúdo apostilado, mastigado. 

Então, são escolas que garantem o conteúdo, mas não garantem a formação do estudante de forma mais ampla. Nem sempre os pais têm condição de ver isso. Às vezes eles estão tão preocupados com o vestibular, por exemplo, que não percebem que o projeto educativo é muito mais amplo. Envolve formar um sujeito com autonomia para a aprendizagem, que tenha liderança, valores, como respeito à diversidade, tolerância, que seja capaz de ter uma reflexão crítica. 

Insistir em uma escola onde a criança está sofrendo bullying ou tem dificuldades para se enturmar pode ser uma boa medida?

O bullying é uma prática que costuma deixar marcas muito profundas nas crianças e jovens. Então, em um primeiro momento, os pais têm que procurar a escola e cobrar iniciativas com relação ao bullying. Não é assim: começou o bullying, tira da escola. Em primeiro momento tem de conversar com a escola, mas se a coisa não se resolver, deve mudar de escola, sim. Se deixar uma criança por anos sofrendo bullying, é forte a probabilidade de ela levar isso para a vida inteira. 

Eu lamento porque muitas escolas não conseguem lidar com isso, os professores não estão preparados e a escola finge que não vê. Tão importante quanto conteúdos é garantir a boa convivência respeito, tolerância, o atendimento à diversidade. Eu desconfiaria de uma escola que só trabalhe conteúdo e não se preocupe com essas questões. 

Em relação a crianças mais novas, no Fundamental 1, por exemplo, quais os sinais de que a adaptação à escola não está indo bem?

Os pais me perguntam: como eu sei que a escola está sendo boa? É só olhar para o seu filho. A criança tem de dar mostras de estar bem. Ele vai feliz para o colégio, recebe amigos, é convidado para festas, participa das atividades extras da escola, dá conta das lições. Na infância, a escola é o eixo da vida da criança. Ou deveria ser. Se não for, é sinal de preocupação. 

Na pré-adolescência, as coisas mudam um pouco. O jovem tende a bater um pouco de frente porque entram em seu circuito outras esferas de referência, para concorrer com a vida escolar. É comum que o jovem fale que não gosta da escola. Mas aí o canal é conversar. “O que está acontecendo? Por que você não gosta?” Às vezes o adolescente fala que não gosta de um professor ou porque no dia teve lição demais. Os pais têm de sentir se é um aspecto pontual, periférico ou um problema de fato. 

A partir de quando a criança pode efetivamente opinar sobre a mudança de escola?

Participar sempre e se responsabilizar pela mudança progressivamente, cada vez mais a partir da pré-adolescência. A partir de uns 10 anos, a escolha tem de ser cada vez mais dividida com o jovem. Na adolescência, se você contraria o jovem nessa escolha, a chance de dar errado é muito grande. Mas, ao mesmo tempo, você não pode falar: “veja a escola que você quer”. O jovem tem que ser corresponsável por essa mudança, principalmente quando existe uma situação de fracasso. 

Então, às vezes mudar de escola pode ser visto como uma segunda chance: “olha, naquela escola você não foi responsável, não fez a lição, provocou todo mundo, não obedeceu. Nós vamos mudar você de escola e você vai entrar ‘zerado’ na outra. Ninguém te conhece e você faz uma nova história”. A mudança às vezes é muito boa como forma de recomeçar porque na escola anterior aquele aluno já estava marcado. Que a mudança seja um rito de retomada, de mudança de postura. 

Por: Júlia Marques

30 Outubro 2016 | 07h00

Fonte:
http://educacao.estadao.com.br/noticias/geral,bullying-pode-ser-motivo-para-trocar-crianca-de-colegio,10000085048

quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Twitter vai melhorar recursos para conter cyberbullying


(Reuters) - O Twitter, enfrentando pressão por não fazer o suficiente para conter comportamento abusivo em sua plataforma, disse nesta terça-feira que vai atualizar alguns recursos para combater melhor o cyberbullying.

A empresa disse que expandiria a opção "mudo" para permitir que os usuários bloqueassem tweets com base em palavras-chave, frases e o conteúdo das conversas das notificações de um usuário.

A opção "mudo" atualmente permite que os usuários bloqueiem tweets de contas.

A mudança será lançada para todos os usuários nos próximos dias, informou o Twitter em um post do blog.

O Twitter, que tem lutado para encontrar um equilíbrio entre a liberdade de expressão e bloquear o discurso violento e odioso, vem sofrendo cada vez mais críticas depois de denúncias de usuários que foram alvo de abuso.

Em julho, o Twitter proibiu permanentemente algumas contas de usuários por assédio depois que a atriz Leslie Jones deixou o site, dizendo que ela havia enfrentado um severo assédio.

O Twitter disse que iria fornecer "uma forma mais direta" para os usuários indicarem o conteúdo abusivo, mas não deu detalhes.

A empresa também informou que melhorou os controles internos para lidar de forma mais eficaz com a conduta abusiva relatada pelos usuários.

(Por Rishika Sadam)
Data: 15.11.2016 15:50

Fonte: http://br.investing.com/news/technology-news/twitter-vai-melhorar-recursos-para-conter-cyber-bullying-213460

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

A vítima de estupro coletivo que cometeu suicídio após ser humilhada no WhatsApp

Uma indiana de 40 anos cometeu suicídio em janeiro deste ano, logo após um vídeo do estupro coletivo do qual foi vítima ter sido compartilhado pelo WhatsApp. A jornalista da BBC Divya Arya foi ao Estado de Uttar Pradesh, no norte do país, para conhecer a sua história.



Geeta* era uma mulher valente. Atuava como profissional de saúde pública na zona rural da região onde vivia - um trabalho que exigia caminhar sozinha pelos vilarejos, algumas vezes após o anoitecer, e visitar as casas de estranhos. 

Sua renda sustentava toda a família, incluindo o marido, que sofre de alcoolismo. Eles moravam em uma casa de tijolos que não tinha porta ou banheiro, mas Geeta orgulhava-se de ter conseguido dar educação aos três filhos adolescentes - uma menina e dois meninos.

No final de 2015, um morador de uma vila próxima a viu trabalhando no parto da mulher do irmão dele. E começou a persegui-la.

As ameaças tiveram início quando Geeta se recusou a conversar com ele. Khushboo*, amiga e colega dela, conta que o homem a parou na rua, tomou seu celular e disse: "Se eu encontrar você sozinha, não vou te deixar ir."

Geeta certamente já tinha ouvido os relatos sobre abusos sexuais cometidos nos vilarejos onde ela trabalhava. 

Dezoito meses antes, o Estado de Uttar Pradesh virou manchete quando duas garotas foram estupradas e mortas em Badaun. 

Ela provavelmente também sabia que, pela cultura patriarcal da região, poderia ser considerada culpada por "convidar" as investidas sexuais de homens - mesmo que fossem não desejadas, intimidativas e violentas. 
Sem ter a quem recorrer 

Na última vez em que foi chamada para trabalhar no vilarejo do homem que a perseguia, Geeta disse a Khushboo estar com medo de ir sozinha. A amiga se ofereceu para fazer a visita com ela - e ficou preocupada ao vê-lo rondando a área. 

Khushboo pediu então que Geeta fosse até os anciões da vila e revelasse a eles o problema. Mas, convencida de que qualquer pedido poderia se voltar contra si, ela se recusou. "Só vão encontrar culpa em mim", disse na época. 

Dias depois, quando as duas voltaram à vila para vacinar crianças contra a pólio, Geeta contou que algo terrível havia acontecido.

O homem e três amigos tinham lhe seguido - eles a seguraram, rasgaram suas roupas e a estupraram.

Apesar de abalada, relata Khushboo, Geeta não estava a ponto de cometer suicídio. "Eu disse a ela: 'nós estamos todas ao seu lado; não faça nada de drástico'", conta a amiga. 

Naquele momento, Geeta realmente não estava planejando morrer - ela pensava, inclusive, em procurar a polícia. "Vou delatá-los. Vou descobrir os nomes dos homens que abusaram de mim e colocá-los na cadeia."
Temores confirmados

Mas antes que isso ocorresse, um vídeo mostrando o estupro começou a circular no WhatsApp. 

Dentro de algumas horas, as imagens estavam sendo assistidas por homens e as mulheres da vizinhança - que as comentavam, aos sussurros. 

"Ela me ligou", conta Khushboo. "Disse que estava difícil de sair de casa porque os vizinhos estavam sabendo (do estupro)."

"Ela estava preocupada e me perguntou se alguém na minha vizinhança sabia", lembra a amiga.

A intuição de Geeta estava certa: ela acabou sendo considerada, aos olhos do povo local, culpada por ter "atraído" os homens. 

"Naqueles últimos dias, ela estava muito triste", conta Khushboo. 

"Não estava nem se alimentando direito. Um dia antes de morrer, me disse que tinha ido ao médico e havia contado tudo a ele."

A reação do profissional teria sido a seguinte: "Vá para casa e fique quieta. Tudo isso é culpa sua." 

Ela procurou ainda o ex-chefe do vilarejo, que também disse: "A culpa é sua, não há nada que possamos fazer."

Foi o baque final. Na tarde seguinte, Geeta foi encontrada à beira de uma estrada na periferia da vila. 

Espuma saía de sua boca - ela morreu antes que pudesse ser levada ao hospital. A autópsia confirmou as suspeitas de morte por envenenamento.
Triste realidade

O estupro e condenamento público de Geeta não é um incidente isolado.

A Índia tem testemunhado uma série de casos de compartilhamento de vídeos de estupros coletivos, todos filmados com celular. 

Em agosto de 2016, o jornal Times of India revelou que centenas - talvez milhares - de imagens mostrando abusos sexuais estavam sendo vendidas diariamente em mercados de Uttar Pradesh. 

O dono de uma loja afirmou à publicação: "O pornô é passado. Esses crimes da vida real é que estão na moda." 

O jornal ainda ouviu outro vendedor dizer a clientes que eles poderiam até mesmo conhecer a garota das gravações mais "quentes" do momento. 

Sunita Krishnan, ativista responsável por uma ONG de combate ao tráfico sexual em Hyderabad, disse recentemente à Suprema Corte do país que havia coletado mais de 90 vídeos de estupros nas redes sociais. 

Pavan Duggal, advogado na Suprema Corte, disse à BBC que os juízes ficaram chocados com dois relatórios sobre estupros coletivos cujos vídeos circularam pelo WhatsApp. 

Eles enviaram uma ordem especial ao órgão indiano responsável por investigações para que os suspeitos fossem identificados e levados à Justiça.

A corte também solicitou que o ministro de Tecnologia da Informação examinasse medidas para interromper a circulação desse tipo de vídeo. 

"Mulheres são alvo constante", disse Duggal, "e o fato de os casos não estarem aparecendo na mídia não nos dá motivos para sermos complacentes e acharmos que está tudo bem."

Em muitos vilarejos, porém, é mais comum que as pessoas se incomodem com o fato de mulheres estarem usando celulares do que com homens que utilizam os aparelhos para intimidar vítimas de estupro e compartilhar vídeos dos crimes na internet. 

Como resultado, vários governos locais de Uttar Pradesh proibiram garotas de portar celulares. 

"A pressão sobre as mulheres é enorme e, se por um acaso, elas colocarem suas mãos em um telefone ou usarem fones de ouvido para escutar música elas passam a ser taxadas de 'sem caráter' (sem moral)", diz Rehana Adib, uma assistente social que se dedicou a estudar o caso de Geeta. 

"Quando a família e a sociedade colocam o peso da honra e do bom caráter sobre os ombros das mulheres, enquanto os homens são absolvidos de qualquer teste de integridade... Como uma mulher que ousa ser forte e independente pode sobreviver?"
Prisão

Após protestos liderados por profissionais de saúde que atuam nas vilas vizinhas, três homens foram presos pelo estupro de Geeta e pela produção e circulação do vídeo.

Mas em seu próprio vilarejo, a revolta com a morte ainda é silenciada pelos questionamentos sobre sua honra.

Mesmo o marido de Geeta, que ficou sabendo do vídeo pelos vizinhos, afirma que sua principal suspeita é de que ela tenha feito algo para encorajar o ataque.

"Se ela tivesse me contado", diz ele, "nós teríamos perguntado se isso foi feito com seu consentimento. Então teríamos procurado os anciãos da vila para decidir o que deveria ser feito."

Ele não demonstra qualquer sinal de revolta com o crime - e não fez nenhum pedido de ação policial contra os estupradores.

Procurados pela BBC, o médico da vila e o ex-líder do local negaram ter desencorajado a mulher a procurar a polícia, mas voltaram a culpá-la pelo que aconteceu.

Para outro morador, que pediu para não ter o nome divulgado, a morte de Geeta não requer explicações. "Como ela poderia continuar vivendo com essa humilhação pública?"

O mesmo sentimento é compartilhado por Pradeep Gupta, policial responsável por investigar o caso. "Aparentemente a mulher deve ter sentido a pressão social, e isso a forçou a tirar sua própria vida", disse. "É algo lamentável."

Na vila, a noção de o estupro resulta em um fardo de culpa jogado sobre os ombros da vítima continua incontestável. A morte de Geeta foi, para muitos, inevitável. 

Para quem ficou, especialmente a filha de Geeta, nada mudou.

"Ainda é muito difícil", diz ela. "Sempre que saio, alguém aponta para mim e zomba, perguntando: 'você não sente vergonha do que aconteceu com a sua mãe?."

*Os nomes "Geeta" e "Khushboo" são fictícios para proteger as identidades das mulheres e de suas famílias.

Diva Arya Da BBC

14 novembro 2016

Fonte: http://www.bbc.com/portuguese/internacional-37948469

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

“Você tem 2 minutos para largar o celular”: avisos como esse não funcionam, diz estudo

É isso que muitos meninos e meninas ouvem quando estão brincando com aparelhos eletrônicos. Mas, segundo uma pesquisa recente, o alerta só faz com que a interrupção da atividade seja mais conturbada. 


Basta colocar um celular ou um tablet na frente de uma criança agitada para que ela sossegue na hora. O problema é quando a distração vira vício e o pequeno não consegue tirar os olhos – ou as mãos – da tela. Aí, o que muitos pais fazem é impor limites. E, quando o tempo de uso do equipamento (e a paciência) está estourando, vem o aviso: “Você tem dois minutos para sair desse tablet/celular/videogame!”.

No entanto, segundo um estudo recente da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, o hábito de alertar que o tempo de tela está acabando só piora o processo, não contribuindo para que a meninada se desvencilhe da tecnologia. Os pesquisadores notaram que crianças de 1 a 5 anos de idade que ouviam o aviso ficavam mais irritadas quando se separavam dos eletrônicos do que aquelas que não recebiam a intimação do pais.

Participaram do levantamento 28 famílias que, ao longo de duas semanas, documentaram informações como o tempo que passavam em frente às telas, o que os pequenos assistiam, em quais aparelhos, o que os pais faziam nesses períodos, o que motivava a atividade a acabar e o quão bravas ou amigáveis ficavam as crianças quando isso acontecia. Os resultados demonstraram que, na maior parte das vezes, a garotada reagia bem ao fim das brincadeiras com eletrônicos. O problema é quando ouviam a ordem de que, em poucos minutos, deveriam parar o que estavam fazendo. “Ficamos realmente chocados – ao ponto de pensarmos ‘bem, talvez os pais só deem o alerta pouco antes de algo ruim acontecer ou quando sabem que o filho vai ser resistente'”, diz Alexis Hiniker, autora do estudo. “No entanto, fizemos diversas análises e, de todos os jeitos, o aviso de que o tempo estava acabando sempre levava a reações piores”, relata a pesquisadora.

Atitudes positivas

Os especialistas notaram que os baixinhos lidavam melhor com a interrupção dessas atividades quando elas estavam inseridas em uma rotina ou quando a brincadeira acabava naturalmente, seja por falta de interesse, seja porque outra coisa ou pessoa chamou a atenção da criança. Os estudiosos notaram ainda que limitações da própria tecnologia (como falta de conexão WiFi ou término de bateria) também ajudam meninos e meninas a lidarem melhor com a necessidade de largar o celular ou tablet.

De acordo com os pesquisadores, os fabricantes poderiam pensar em desenvolver aparelhos que avisassem sozinhos que o tempo de uso está acabando. A família determinaria quantos minutos o filhote teria para brincar e, quando o período estivesse terminando, o próprio dispositivo alertaria. Aí, o pequeno teria que ficar brigando com a tela – o que, convenhamos, não faz muito sentido.

Por Luiza Monteiro 
10 maio 2016, 18h22 - Atualizado em 28 out 2016, 12h37

Fonte: http://bebe.abril.com.br/familia/voce-tem-2-minutos-para-largar-o-celular-avisos-como-esse-nao-funcionam-diz-estudo/

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

O impacto das redes sociais na relação professor-aluno


Um debate, uma conversa com professores e alguns amigos que atuam na área da educação esta semana me despertou interesse em um assunto que volta e meia vem sido questionado e polemizado:

Como a grande maioria dos nossos ouvintes são alunos, professores ou pais de alunos, resolvi pesquisar e falar do tema.

É incrível e indiscutível, o avanço e a influência da tecnologia e das redes sociais em nossas vidas, no país e no mundo todo. E entre as crianças, jovens e adolescentes, então, nem se fala, aliás, nossos alunos de hoje, são considerados nativos digitais, a tal da geração “Y”. Já no meio acadêmico, o uso da tecnologia está pouco a pouco sendo adaptado aos métodos de ensino.

Em meio a este ritmo alucinante das redes e recursos multimídia, muitas questões vêm à tona. Uma delas debate a relação entre aluno e professor nas redes sociais e em primeiro lugar, é necessário ter bom senso no limite do pessoal e do profissional, entendendo que a repercussão da exposição da sua imagem, lembrando que as redes sociais são um espaço público frequentado pelos alunos.

O fato é que é preciso saber tirar o melhor proveito da tecnologia, especialmente com relação ao ensino. A escola ainda é um ambiente conservador em sua maioria, eu sei, mas as fórmulas caíram. É preciso aproveitar esta qualidade do brasileiro, que é a de se relacionar. Esta é uma ótima chance de o professor trabalhar as relações interpessoais. É uma ótima oportunidade, uma ótima maneira de refletir sobre o que mais pode ser feito na escola além de dar aulas. Pense bem, hoje, consideramos o celular como um ‘superlápis’, com o qual você produz, registra, fotografa, troca. A tecnologia, porém, é ainda subutilizada nas escolas pela falta de controle, de discernimento talvez dos alunos e também dos professores.

Sobre a presença dos professores nas redes sociais, os estudiosos reforçam que, mais do que nunca, o professor deve exercer o papel de educador, aquele que compartilha e ajuda. As redes sociais abrem um caminho admirável para isso. É possível fazer uma aula presencial com continuidade na nossa vida digital. Já temos nas escolas as competências para lidar com a tecnologia e eu não estou falando de estrutura, mas sim de criatividade, de conhecimento, de motivação, de vontade...

Enquanto conversávamos lá no “banquinho da verdade” fui questionado sobre a questão da impessoalidade. Podem ser que você que está me ouvindo não concorde, mas o professor não deve permitir que a pessoalidade influencie de maneira negativa no contexto escolar. Entendeu?? Eu explico e exemplifico. Pode ser muito confuso para uma criança, um jovem adolescente diferenciar o professor “figura profissional” da “figura pessoal”. Tipo assim, você acabou de postar fotos do ENEM e em seguida 290 fotos de sunga em uma festa na piscina ou numa festa super íntima e particular com os amigos... Sim, acredite! Isso acontece.

Sim, é preciso manter o profissionalismo e fazer uma separação clara entre a amizade no contexto pessoal e o papel de professor no profissional. Aluno e professor podem ser amigos virtuais, respeitando as diretrizes de idade de cada rede, mas isso não pode impactar na relação em sala de aula. O ambiente virtual pode, sim, ser uma excelente forma de trabalhar as relações humanas e o civismo. A tendência é que a tecnologia melhore a relação entre o educador e o estudante.

Na prática, muitas escolas utilizam redes sociais próprias para a educação, onde não há tanta exposição do perfil pessoal e se não há esta plataforma, o professor deve utilizar os meios que tem para fortalecer a relação com os alunos, reforçar conteúdos, compartilhar bons exemplos, disponibilizar conteúdo e até promover discussões on-line...

Antes de terminar, é importantíssimo salientar a questão da idade mínima para a inscrição em cada rede social.

Um perfil no Facebook, por exemplo, a idade mínima é de 13 anos. Sendo que, se o perfil for criado com uma idade falsa, os pais respondem por qualquer problema ocorrido na rede social. Portanto, é preciso respeitar este limite e, assim, não expor a criança a redes inadequadas para a sua idade e, muito menos, incentivar a sua entrada em redes sem uma finalidade pedagógica.

Vale também comunicar os pais ou responsáveis sobre as ações propostas pelo professor, pela escola nas redes sociais durante as reuniões periódicas e apresentar o tipo de interação proposta com a turma.

E para você, educador, como deve ser a relação entre professores e alunos nas redes sociais?

Por: Glauber César Rodrigues | Data: 6 nov 13h33

Fonte: http://paracatu.net/view/7084-o-impacto-das-redes-sociais-na-relacao-professor-aluno

quinta-feira, 10 de novembro de 2016

SP lidera ranking de casos de bullying em escolas, diz pesquisa


Alunos paulistas são os que mais admitem ter cometido agressões e os que mais dizem ter sido vítimas de humilhações de colegas.


São Paulo – São Paulo é o estado que possui o maior número de casos de bullying, segundo dados do 10° Anuário Brasileiro de Segurança Pública, que traz indicadores sobre violência escolar.

De acordo com o levantamento, o estado de São Paulo é o que tem o maior número de estudantes que dizem ter se sentido humilhados por provocações de colegas na escola: 44,8% deles afirmam sofrer bullying às vezes ou raramente enquanto 9% vivem isso na maior parte do tempo ou sempre. Ou seja, mais da metade dos alunos ouvidos (53,8%) já sofreram algum tipo de bullying verbal.

O número é maior na rede pública, onde, no total, 54,4% dos alunos disseram já ter sido vítima de algum tipo de bullying enquanto a taxa da rede particular chega a 50,5%.

O estudo leva em conta dados de um questionário feito pelo IBGE com alunos do 9º ano do ensino fundamental em 2015, no qual os estudantes comentam sobre os episódios de bullying ocorridos nos 30 dias anteriores à pesquisa.

A pesquisa aponta ainda que São Paulo é o estado com o maior número de estudantes que admitiram ter praticado bullying contra seus colegas. Mais de 24% dos alunos entrevistados afirmam que já “esculacharam, zombaram, mangaram, intimidaram ou caçoaram” colegas de escola a ponto de magoá-los ou até humilhá-los. O resultado foi praticamente o mesmo tanto na rede pública quanto na rede particular: 24,2% e 24,4%, respectivamente.

Os casos de bullying, em geral, são difíceis de serem reportados e contabilizados na totalidade porque dependem da notificação das vítimas ou dos agressores. Os agressores por muitas vezes não admitem terem sido autores da violência ou não consideram que as provocações são humilhantes ou intimidadoras. Já as vítimas muitas vezes não denunciam por medo, vergonha ou por acreditarem que não haja soluções para mudar essa realidade.

Segundo Patrícia Nogueira, coordenadora institucional do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, organização que produz o anuário, a pesquisa é fruto de um relato dos estudantes e, por isso, pode haver um número maior de casos nos estados onde os estudantes têm uma consciência maior sobre o que é bullying.

Por outro lado, ela explica que o questionário teve o cuidado de usar palavras que fazem parte do cotidiano dos estudantes para que eles conseguissem responder se uma provocação chegou a gerar humilhação.

“O interessante dessa pesquisa foi a forma como as questões foram feitas. Foram usados muitos sinônimos, incluindo até termos regionais, para o estudante entender o que estava sendo perguntado”, afirma Patrícia. “Eles não usaram o termo violência. Se fosse, talvez os resultados não seriam esses”.

Outros estados

Entre os estados com mais vítimas, o Paraná ficou em segundo lugar, com 48,5% dos alunos tendo sofrido ao menos um episódio de bullying, seguido de Mato Grosso do Sul, com 48,4%.

No ranking de estados com mais agressores assumidos, o Distrito Federal aparece em segundo lugar, com 23,6% dos estudantes admitindo já terem humilhado um colega. Em terceiro está Roraima, com 22,8%.

Motivo do bullying

Em todo o país, as provocações que as vítimas afirmam ter mais sofrido têm relação com a aparência do corpo (15,6%) e do rosto (10,9%). A cor ou raça (5,6%) é o terceiro item mais citado, seguido por religião (3,4%) e orientação sexual (2,1%).

Paraíba e Rio Grande do Norte são os locais onde mais alunos sofreram bullying pela aparência do corpo. Já São Paulo lidera nas provocações pela aparência do rosto (13,2%).

O estado com mais vítimas de humilhações por causa da cor ou raça foi Roraima, com 7,5%. Piauí e Amazonas lideram no bullying por causa de religião (5,6%) enquanto em Amapá há o maior número de vítimas que dizem ter sofrido discriminação dos colegas por causa da orientação sexual (2,6%).

Veja no infográfico abaixo os dados sobre bullying nas escolas brasileiras:






Por Bárbara Ferreira Santos
3 nov 2016, 15h00

Fonte: http://exame.abril.com.br/brasil/sp-mais-casos-bullying-escolas/

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Família processa troll e pode levar mais de US$ 1 milhão por danos morais

“Não alimente os trolls” é um dos principais mandamentos da internet. Pessoas amargas e tentando acabar com a autoestima de outros usuários a todo o tempo, sobretudo em redes sociais e fóruns de portais. Muitas delas optam por apelidos para esconder a verdadeira identidade enquanto agridem.

Mas temos aqui uma boa história. Nos Estados Unidos, a família Moreno se revoltou contra um usuário que disseminava o ódio contra William Moreno, um homem com problemas psicológicos, e o processou. Após julgamentos na Justiça, o hater foi condenado a pagar indenização de U $ 1,4 milhão.

Fonte: WorldEssays.com

A história

O William Moreno fazia parte de um fórum na Internet, chamado Fairfax Underground, há cerca de seis anos. Ele interagia muito bem com os demais usuários, apesar de sofrer de uma forma branda de autismo e também depressão. No entanto, algumas de suas publicações foram consideradas um tanto esquisitas e de mau gosto. A partir daí, vários internautas começaram a fazer brincadeiras desagradáveis, o chamado cyberbullying.

Uma dessas pessoas foi Michael Josef Basl, citado na ação judicial. Moreno alegou que Basl estava por trás de uma invasão em sua casa que inundou o porão e também falsas acusações a respeito de abuso de crianças. Ele também foi acusado de mandar mensagens bizarras envolvendo a família Moreno dando a entender que William estaria disposto a cometer assassinatos. Uma das mensagens dizia o seguinte: “Me disponho a matar meus pais e minha irmã agora mesmo”.

As acusações eram tão graves e sistemáticas que até uma equipe da SWAT foi enviada para sua casa, em Virgínia, após uma suposta denuncia de que William tinha estuprado uma garota de 13 anos.

Exemplo

Para as autoridades, os advogados de William Moreno disseram que ele ficou tão abalado com a situação que tentou se matar cortando seus próprios pulsos. Basl negou praticamente todas as alegações contra ele e tem afirmado que vai pedir a um juiz para anular o veredito.

A família Moreno não acredita que eles receberão, de fato, os US$ 1,4 milhão pedido, mas eles esperam que a decisão seja o suficiente para desencorajar outros valentões da internet.

Diversas plataformas da internet estão anunciando ferramentas para banir e tornar cada vez menos possível a proliferação dos incômodos trolls. O YouTube é um desses exemplos. A companhia de vídeos agora permite ao menos seis novas ferramentas na hora dos criadores de conteúdo terem controle sobre os comentários. O Instagram já havia anunciado tal possibilidade após ataques à cantora Taylor Swift.

06 de novembro de 2016

Fonte: http://www.tudocelular.com/curiosidade/noticias/n81900/processo-troll-bullying-1-milhao.html

terça-feira, 8 de novembro de 2016

Intervenção precoce contra bullying na infância é essencial para evitar danos persistentes à saúde mental

Pesquisa descobriu que estar sujeito ao bullying precoce e continuadamente faz com que, ao longo do tempo, as crianças simplesmente não tentem mais enfrentar a situação.


Os pedidos de ajuda vêm de forma anônima, com deslizes gramaticais que denunciam a pouca idade de quem está por trás dos depoimentos publicados em sites e fóruns da internet. “Olá, tenho 10 anos, eu sofro de bullying, eu sou provocado, eu às vezes tenho vergonha, me chamam de feio, gay, nogento (sic), burro, mulherenco (sic), fofoqueiro, palhaço, estúpido.” “As meninas me excluem, nem falam comigo, e acho que também tô com depressão. Minha mãe nem liga, fala que isso é coisa da minha cabeça. Tô indo supermal na escola, quando eu ficar com 18 anos, vou me suisidar (sic), já vou ser mais uma aberração na sociedade.” “Não tenho com quem falar. Não tenho irmão, nem amigos. Me zoam muito, é a maior humilhação. Estou enlouquecendo. O que faço?”.

Nem sempre esses meninos e essas meninas encontram resposta para seus apelos. O bullying — problema que, de acordo com pesquisadores, é vivenciado por 75% das crianças e dos adolescentes — muitas vezes acaba subestimado, compreendido como algo normal da idade. Porém, um estudo publicado na revista Child Development, da Sociedade de Pesquisa do Desenvolvimento Infantil, nos EUA, mostra a importância de se estender a mão aos pequenos ao primeiro sinal de sofrimento. O artigo indica que a intervenção precoce é essencial para evitar danos persistentes à saúde mental que podem afetar vítimas de perseguição mais severa e prolongada, cerca de 10% a 15% daqueles que sofrem bullying.

O trabalho foi conduzido por pesquisadores de três universidades americanas em escolas do ensino fundamental do país. Seiscentos e trinta e seis estudantes do segundo ao sexto anos foram acompanhados de 2011 a 2016 e, ao longo desse período, submetidos a uma avaliação de nível de estresse. O interesse dos especialistas era investigar como a forma que as crianças lidavam com eventos estressantes era afetada quando elas se tornavam alvo de vitimização pelos colegas.

“A resposta ao estresse nas relações sociais desempenha um importante papel no desenvolvimento de problemas mentais, como depressão. As crianças saem-se melhor quando podem controlar suas reações, como sentimentos, pensamentos e ações, e se endereçam ativamente aos problemas”, explica Wendy Troop-Gordon, professora de psicologia da Universidade da Dakota do Norte e principal autora do trabalho. “Essas respostas incluem estratégias como encontrar soluções para problemas, pensar neles de forma positiva e achar meios de regular as emoções. Diferentemente, quando elas evitam os fatores estressores ou quando suas reações estão muito fora de controle, o risco de problemas emocionais aumenta.”

Apatia

Normalmente, à medida que cresce, a criança lida mais facilmente com os problemas à sua volta. Contudo, no estudo, os pesquisadores descobriram que estar sujeito ao bullying precoce e continuadamente faz com que, ao longo do tempo, os pequenos simplesmente não tentem mais enfrentar a situação. É como se aceitassem serem vitimizados, como os cães de estudos realizados na década de 1960 que, de tanto levarem choques (de pequena intensidade, contudo), não buscavam sair da jaula em que estavam, nem desligar o mecanismo que acionava as descargas elétricas.

“Quando as crianças e os adolescentes são expostos à violência escolar precocemente e por um longo período de tempo, eles não criam mais estratégias de enfrentamento, um fenômeno que chamamos de desamparo aprendido”, explica a psicóloga infantojuvenil Flávia Lacerda, facilitadora do Amigos para a Vida, um programa reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) que faz prevenção e intervenção em casos de bullying e ensina os pequenos a desenvolverem meios de lidar com o estresse. “No prazo de cinco anos do estudo, crianças que começaram a sofrer vitimização com 7 já podiam ser classificadas no nível três de estresse, que corresponde à exaustão”, diz. O estresse, portanto, torna-se crônico.

As consequências disso podem ser trágicas, observa a psiquiatra Júlia Torres, diretora médica da Clínica Psicodiagnóstica, que atende o público infantojuvenil. “Quanto mais cedo a criança é exposta, piores são os impactos. É da infância que tiramos o aprendizado. Concepções do mundo surgem aí, quando se aprende como é o mundo, como são as pessoas”, lembra. Uma experiência traumática nessa fase pode deixar sequelas que persistem até a idade adulta, destaca a médica. “Toda criança convive com situações adversas. Ela estará exposta a críticas, mas o problema é quando isso extrapola. As consequências a longo prazo podem ser tanto prejuízo acadêmico quanto impacto nas relações interpessoais, como famílias, amigos, trabalho e casamento”, explica.

Desvios

Em muitos casos, a criança e o adolescente podem acabar diagnosticados com depressão e ansiedade ou se envolverem com drogas. Também não são raros os casos de suicídio — há duas semanas, um menino de 9 anos se matou nos Estados Unidos depois de sofrer continuamente nas mãos de vizinhos e colegas de escola. Em agosto, um garoto de 13 fez o mesmo, cansado das agressões em uma escola de Nova York. Ele havia reclamado várias vezes com os pais e com os professores, mas ninguém fez nada. A última mensagem do estudante foi perturbadora: “Eu desisto”.

A psicóloga Flávia Lacerda diz que o resultado do artigo publicado na Child Development é mais um chamado para que pais e educadores identifiquem o bullying precocemente e façam as devidas intervenções. “Não tem de esperar acontecer algo mais grave nem aguardar que a vitimização se intensifique. Infelizmente, apesar de o bullying ser crime (a lei que estabelece o Programa de Combate à Intimidação Sistemática foi sancionada no ano passado), as escolas não estão preparadas para criar projetos. Mesmo nas mais renomadas, essas iniciativas são vagas”, observa. Em casa, os pais devem ficar atentos a mudanças de comportamento, resistência de ir à escola e perda de fome, entre outros sinais, ensina a especialista.

ENTREVISTA com Raquel S. L. Guzzo

Escolas e adultos despreparados
A violência à qual muitas crianças e adolescentes estão expostos no contexto familiar e escolar não tem sido levada suficientemente a sério, na opinião de Raquel S. L. Guzzo, professora titular do Centro de Ciências da Vida da PUC-Campinas e integrante da Comissão de Psicologia na Educação do Conselho Federal de Psicologia. Considerado muitas vezes como uma brincadeirinha sem maiores consequências, o bullying pode levar à formação de gangues, ao suicídio e à repetição do ciclo da violência, alerta. Em entrevista ao Correio, Guzzo lamenta que, no Brasil, o sistema não valorize o educador nem aparelhe a escola para ajudar no enfrentamento de um problema grave, com forte impacto no desenvolvimento do ser humano.

Há algum período da vida da criança e do adolescente em que o bullying tem potencial maior de afetar o desenvolvimento?
Uma criança pequena tem como principais espaços de desenvolvimento seu grupo familiar e a escola. Quanto menor ela for, menos entende a provocação e a violência, acabando por internalizá-las, naturalizá-las e reproduzi-las. Quando os adultos familiares caçoam, ridicularizam, provocam com “brincadeiras”, apelidos ou mesmo até com agressão, essa violência passa a fazer parte do cotidiano, exatamente por aqueles que deveriam ser os responsáveis pelo crescimento e pelo fortalecimento das crianças. Ela chega à escola já prejudicada por esse tipo de relação social que dificulta seu processo de desenvolvimento. Na escola, quando essas situações se repetem, existe um contexto mais amplo da vida da criança cujos impactos são também graves.

O ambiente escolar de alguma forma favorece a vitimização entre crianças?
A criança na escola, em um contexto de menos adultos e, muitas vezes, com dificuldades para o estabelecimento de vínculos afetivos mais fortes, fica mais propensa a ser vítima desse tipo de violência. Por essa razão que é importante que a escola mantenha uma relação de adultos/criança em uma proporção em que seja possível a interação singular, além de uma atenção redobrada na dinâmica das relações em sala de aula. É comum que a professora, ou o professor, não perceba de onde vem a agressão e responda atribuindo culpa à vítima, quando ela reage, o que contribui de modo mais drástico à internalização da violência.

por Paloma Oliveto 03/11/2016 08:50

Fonte: http://www.uai.com.br/app/noticia/saude/2016/11/03/noticias-saude,195363/veja-quais-sao-os-impactos-do-bullying-a-longo-prazo.shtml