segunda-feira, 27 de julho de 2015

Games podem ter riscos ocultos

Por: Patricia Knebel | Data: 24/07/2015


Mais de meio bilhão de pessoas em todo o mundo joga games diariamente, acumulando cerca de três bilhões de horas por semana. Apesar de ainda não existirem números específicos para o Brasil, os adeptos dos jogos vem crescendo mês a mês, e levam junto uma indústria cada vez mais voltada para esse perfil de usuário, como fabricantes de computadores, teclados e outros dispositivos que possam melhorar a performance. Empresas desenvolvedoras de jogos crescem e o próprio Rio Grande do Sul é um polo reconhecido pela qualidade dos games produzidos aqui.

Essa é a parte boa da história. A ruim está voltada para os riscos à segurança dos usuários. A especialista em Direito Digital, Patrícia Peck, alerta que as armadilhas vão desde clonagem de cartões até pedofilia, prostituição a estelionato.

O maior risco é justamente dos jogos em rede, nos quais pessoas que geralmente não se conhecem passam a interagir durante a competição - quase metade dos adolescentes americanos se comunica por chat com outros jogadores enquanto jogam, segundo o The Statistics Portal. "Muitas vezes a abordagem parece inofensiva, mas o aumento da convivência durante o jogo vai afastando a percepção de que quem está falando é um estranho e as pessoas podem se tornar vulneráveis", comenta Patrícia.

Análises e mapeamentos feitos por especialistas em segurança para identificar esses riscos revelaram que existem dois tipos de quadrilhas atuando a partir de informações recolhidas junto aos gamers: as especializadas em assaltar casas e as voltadas para a pedofilia.

Em ambos os casos, os cibercriminosos começam conquistando a confiança do usuário. Enquanto dão dicas de jogos específicos e ensinam como conquistar mais vidas virtuais, fazem perguntas para levantar a rotina da vítima, como saber se moram sozinhas, se costumam jogar em casa, se os pais estão viajando, entre outras.

"É uma abordagem que tenta pegar usuários entre 8 a 14 anos, que ainda não tem muita malícia. Estes dados passam a embasar a engenharia social que depois vai resultar em um crime", alerta a especialista em Direito Digital. Quadrilhas que antes costumavam ligar para o celular das pessoas e fingir que tinham sequestrado um parente passaram a usar os jogos em rede para praticar crimes.

Os criminosos envolvidos com o crime de pedofilia também começam tentando conhecer melhor a vítima. Mas, logo já tentam habilitar a webcam para poder captar imagens das crianças e jovens. Fazem isso estimulando os jogadores a ligarem o dispositivo ou enviando links com códigos maliciosos com a falsa promessa de que deve ser instalado para ter uma melhor performance no jogo. São sistemas que habilitam a webcam sem o usuário perceber.

Patrícia comenta que muitos adolescentes jogam no quarto, geralmente com roupas mais íntimas, como pijama. E isso é suficiente para alimentar com imagens sites de pedofilia

"O cuidado com a segurança da informação deve estar intrínseco à cultura das pessoas, das famílias. As pessoas vão continuar jogando, claro, mas precisam estar atentas de que devem fazer isso sem revelar assuntos pessoais", sugere.

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