Mãe diz que escola só passou a acreditar na história após bullying virtual. Estudantes compartilhavam foto de menina como 'diabinha' e a xingavam.
Mariane Rossi
Do G1 Santos
Adolescente sofreu bullying virtual dentro de escola em Itanhaém, SP (Foto: Arquivo Pessoal) |
Uma adolescente de 15 anos precisou travar uma batalha, ao lado da mãe, para conseguir uma transferência escolar após ser alvo de insultos constantes dos colegas de classe. A garota, que estuda em Itanhaém, no litoral de São Paulo, chegou a pensar em desistir de frequentar a escola após ver montagens utilizando fotos dela circulando pelas redes sociais.
A dona de casa Arlete Simões de Oliveira, de 36 anos, conta que a filha de 15 anos era maltratada pelos colegas de sala desde o ano passado e sempre chegava em casa chorando. A mãe da garota diz também que falou com a equipe técnica da escola, que não acreditava na versão da jovem, o que ajudou o bullying a aumentar dentro do colégio.
“Ela sofria de bullying. Xingavam a minha filha de demônio. Eles tinham muita raiva dela, xingavam de tudo quanto é nome. Ela chegava em casa chorando e falava que não ia mais para a escola. A escola falava para mim que era coisa da cabeça dela, que ela inventava e que precisava passar por um psicólogo”, conta.
Fundos da escola estadual Benedito Calixto (Foto: Divulgação/Prefeitura de Itanhaém) |
Após vários meses de reclamações, Arlete teve as provas que precisava para comprovar que a filha estava sendo constantemente humilhada. Alguns colegas de classe da menina utilizaram o WhatsApp para compartilhar uma montagem de fotos em que colocavam a menina caracterizada como uma ‘diabinha’.
“Chamavam ela de demônio. Montaram uma foto dela com um chifre, um rabo e um garfo na mão. Aquilo mexeu muito com a cabeça dela. Nem ela sabia o motivo de ser o foco da sala. Ela não conseguia ter amigos, era uma pessoa sozinha, ninguém queria fazer trabalho com ela. Eu dei todas as fotos para a delegada e fiz um Boletim de Ocorrência. Procurei todos os órgãos de Itanhaém”, diz a mãe.
Segundo Arlete, após o caso ficar mais conhecido na região e a diretora da escola ver as fotos do Whatsapp, a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo autorizou que a menina mudasse de sala, o que aconteceu apenas em setembro.
Vítima de bullying não queria ir a aescola em Itanhaém (Foto: Arquivo Pessoal) |
Hoje, a mãe da estudante diz que não vê mais a filha chorar, que a jovem voltou a ter boas notas e está frequentando a escola normalmente. “Ela está tranquila. As notas dela melhoraram. Ela está melhorzinha. As pessoas ficam com medo de xingá-la. Eu acho um absurdo isso que aconteceu. Ela era parada e xingada na rua. Isso sempre vai ficar marcado para ela”, finaliza Arlete.
Em nota, a Diretoria Regional de Ensino de São Vicente esclarece que a direção da Escola Estadual Benedito Calixto acionou o professor-mediador – educador capacitado para criar ações e aproximar a comunidade das unidades em campanhas de prevenção à violência, racismo e demais formas de discriminação como o bullying. A direção também se reuniu com a responsável pela estudante, que foi transferida de sala, e se mantém à disposição dos familiares.
Ainda segundo a Secretaria de Educação do Estado, os casos de bullying, quando ocorrem dentro das unidades escolares, são analisados separadamente. As direções das escolas sempre acionam os responsáveis pelos alunos envolvidos para que contribuam nas questões disciplinares visando evitar que a situação volte a ocorrer.
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