Levantamento nacional feito pela CAPRICHO também mede o grau de engajamento delas como consumidoras; hiperconectadas, a maioria delas não sai do quarto.
FONTE/AUTOR.: CAIO MARTINS | DATA: 29/09/2015
A difusão das plataformas mobile e das redes sociais é a principal raiz de um traço marcante entre as adolescentes de hoje: é na comodidade de seus quartos, e não em ambientes externos, que elas desenvolvem a sociabilidade e constroem uma identidade. Esta é a principal conclusão da pesquisa 101 Quartos, realizada pela CAPRICHO, que revela que as principais atividades ligadas à afirmação da personalidade — como escolher os melhores looks, experimentar produtos de beleza, assistir às suas séries favoritas e interagir com amigos e colegas — se passa principalmente no quarto.
A pesquisa é composta de dois levantamentos — o primeiro, quantitativo, entrevistou 4.747 adolescentes entre 14 e 17 anos das classes A (22%), B (60%) e C (18%); já o segundo, qualitativo, consistiu em visitas aos quartos de 101 adolescentes, presencialmente e por Skype.
Segundo a pesquisa, 100% das entrevistadas têm conexão no quarto e a grande maioria, 83%, tem um smartphone, enquanto 48% têm um computador só delas. Conectadas a maior parte do tempo e trocando dicas e informações por mídias sociais, elas são consumidoras ativas e bem informadas. A maioria (61%) afirma ter um conjunto de make “só delas”. Alguns produtos, mostra a pesquisa, são regra entre as adolescentes: 90% usam máscara para os cílios, 70% usam batom e 64% aplicam pó. O financiamento desse consumo, em grande parte, provém da renda dos pais. Metade das entrevistadas não tem mesada e 54% não têm cartão de crédito — apenas 10% delas trabalham.
Quarto representa segurança
A revista aponta que a conectividade “arejou” o quarto, que assim deixou de ser um espaço confinado e atrelado à família. Dessa forma, as adolescentes podem interagir com outras pessoas e construir suas personalidades onde se sentem protegidas: o quarto atenua os riscos existentes no ambiente externo, como a violência, crime, a exposição física e o custo do deslocamento. Há de se considerar também o momento em que elas atravessam: na passagem para o ensino médio, elas são transferidas de escolas de bairro para colégios em uma região afastada e não familiar, obrigando a adolescente a encontrar novos espaços de convivência e interesse.
O resultado dessa nova configuração, entretanto, é um alto grau de sedentarismo: 70% das entrevistadas confessam que não praticam atividades extras. As principais atividades que se passam no quarto, segundo elas, são estudar, assistir a séries, ler e acessar a Internet.
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