segunda-feira, 18 de abril de 2016

O ‘efeito Facebook’ nas adolescentes

Exposição constante nas redes sociais leva a uma nova visão das jovens como objeto sexual





Os adolescentes sempre se preocuparam muito com sua imagem perante os colegas. Mas as redes sociais ampliaram essa preocupação. Agora, quase três quartos dos adolescentes americanos têm smartphone e muitos passam os dias postando seus pensamentos, fotos e lapsos de julgamento nas redes sociais, que são imediatamente objeto de elogios ou desprezo de centenas de “amigos”. A adolescência é uma fase difícil na vida de uma pessoa e, pela primeira vez, o charme, a aparência e a popularidade são avaliados instantaneamente, e os erros são tão fáceis de serem percebidos por outros.

O efeito dessa revolução tecnológica nos jovens, sobretudo, nas adolescentes, é o tema de dois novos livros fascinantes publicados nos Estados Unidos: American Girls: Social Media and the Secret Lives of Teenagers de Nancy Jo Sales; e New Landscape de Peggy Orenstein.

Para muitas jovens, a busca constante por “semelhanças” e atenção nas redes sociais pode transmitir a sensação de “ser uma concorrente em um concurso de beleza sem fim”, escreveu Nancy Jo Sales em American Girls, um livro com uma pesquisa minuciosa sobre o tema. Nesse ambiente saturado de imagens, os comentários a respeito das fotos das meninas tendem a focar de uma maneira exagerada as aparências, o bullying é comum e a ansiedade em relação às rivais é grande. Essa autoexposição como objeto tem um preço. Uma análise de estudos realizados em 12 países industrializados revelou que as adolescentes no mundo inteiro estão cada vez mais deprimidas e angustiadas por causa do peso e da aparência.

Para Peggy Orenstein, uma jornalista americana, esses são sintomas de um problema mais profundo e pernicioso: “A sociedade exerce pressão nas jovens a fim de reduzir seu valor a meros corpos, que existem como objetos de prazer para os outros.”

Em Girls & Sex, um exame perspicaz da forma como as adolescentes comportam-se nesse “novo cenário complexo” de sexo e sexualidade, a autora observou que ao contrário das feministas, que protestavam contra a visão machista das mulheres como objeto sexual, agora muitas jovens acham que o sexo confere poder. Não se pode dizer que seja um progresso na maneira de pensar, porque só alguns corpos que os homens consideram sexy são motivo de orgulho.

A leitura desses livros por pais que educam filhas pode ser inquietante. As autoras descrevem inúmeras histórias sobre consumo excessivo de álcool, relações sexuais aleatórias, sexo oral e divulgação de imagens de conteúdo erótico pelos celulares. Muitas jovens acreditam que podem realizar seus projetos do ponto de vista intelectual, porém a maioria ainda obedece a um duplo padrão sexual que lhes permite serem chamadas de “vagabundas” ou “puritanas”.

Data: 12 abr, 2016

Fonte: The Economist-Two steps forward, one back http://opiniaoenoticia.com.br/vida/comportamento/o-efeito-facebook-nas-adolescentes/

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