Os adolescentes sempre se preocuparam muito com sua imagem perante os colegas. Mas as redes sociais ampliaram essa preocupação. Agora, quase três quartos dos adolescentes americanos têm smartphone e muitos passam os dias postando seus pensamentos, fotos e lapsos de julgamento nas redes sociais, que são imediatamente objeto de elogios ou desprezo de centenas de “amigos”. A adolescência é uma fase difícil na vida de uma pessoa e, pela primeira vez, o charme, a aparência e a popularidade são avaliados instantaneamente, e os erros são tão fáceis de serem percebidos por outros.
O efeito dessa revolução tecnológica nos jovens, sobretudo, nas adolescentes, é o tema de dois novos livros fascinantes publicados nos Estados Unidos: American Girls: Social Media and the Secret Lives of Teenagers de Nancy Jo Sales; e New Landscape de Peggy Orenstein.
Para muitas jovens, a busca constante por “semelhanças” e atenção nas redes sociais pode transmitir a sensação de “ser uma concorrente em um concurso de beleza sem fim”, escreveu Nancy Jo Sales em American Girls, um livro com uma pesquisa minuciosa sobre o tema. Nesse ambiente saturado de imagens, os comentários a respeito das fotos das meninas tendem a focar de uma maneira exagerada as aparências, o bullying é comum e a ansiedade em relação às rivais é grande. Essa autoexposição como objeto tem um preço. Uma análise de estudos realizados em 12 países industrializados revelou que as adolescentes no mundo inteiro estão cada vez mais deprimidas e angustiadas por causa do peso e da aparência.
Para Peggy Orenstein, uma jornalista americana, esses são sintomas de um problema mais profundo e pernicioso: “A sociedade exerce pressão nas jovens a fim de reduzir seu valor a meros corpos, que existem como objetos de prazer para os outros.”
Em Girls & Sex, um exame perspicaz da forma como as adolescentes comportam-se nesse “novo cenário complexo” de sexo e sexualidade, a autora observou que ao contrário das feministas, que protestavam contra a visão machista das mulheres como objeto sexual, agora muitas jovens acham que o sexo confere poder. Não se pode dizer que seja um progresso na maneira de pensar, porque só alguns corpos que os homens consideram sexy são motivo de orgulho.
A leitura desses livros por pais que educam filhas pode ser inquietante. As autoras descrevem inúmeras histórias sobre consumo excessivo de álcool, relações sexuais aleatórias, sexo oral e divulgação de imagens de conteúdo erótico pelos celulares. Muitas jovens acreditam que podem realizar seus projetos do ponto de vista intelectual, porém a maioria ainda obedece a um duplo padrão sexual que lhes permite serem chamadas de “vagabundas” ou “puritanas”.
Fonte: The Economist-Two steps forward, one back http://opiniaoenoticia.com.br/vida/comportamento/o-efeito-facebook-nas-adolescentes/
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