quarta-feira, 20 de abril de 2016

As famílias e as redes sociais

O estudo não só revelou os sentimentos das crianças, como procura estabelecer regras para as abordagens familiares nas redes sociais.


Pesquisadores da Universidade de Michigan e da Universidade de Washington fizeram um estudo inédito sobre como a atuação dos pais nas redes sociais afeta suas famílias, explorando as expectativas das crianças em relação aos pais. O estudo não só revelou os sentimentos das crianças, como procura estabelecer regras para as abordagens familiares nas redes sociais.

A pesquisa foi realizada junto a 249 famílias que tinham crianças com idades entre 10 e 17 anos, que foram questionadas sobre as regras familiares e que expectativas tinham com o uso da tecnologia, como também quais regras eram mais fáceis ou difíceis de seguir.

O estudo, denominado “Não na mesa do jantar: Perspectivas dos pais e dos filhos sobre Regras de Tecnologia da família” (Not at the Dinner Table: Parents' and Children's Perspectives on Family Technology Rules), foi apresentado em março na Conferência da “Association for Computing Machinery”, em São Francisco.

Quando os pesquisadores perguntaram às crianças quais regras elas desejavam que seus pais seguissem, as respostas surpreenderam. Em primeiro lugar, elas querem que os pais não postem informações sem a permissão deles. Para muitas crianças o material postado foi classificado de embaraçoso, e ficaram ainda mais frustradas quando seus pais continuaram publicando o tipo de material.

Em segundo, as crianças querem que seus pais façam o que ensinam, ou seja, não usem a internet durante as refeições. As crianças aceitam que os pais devem estabelecer e fazer cumprir as regras relacionadas com a tecnologia para efeitos de proteção das crianças. Mas acreditam que devem ter liberdade para tomar suas próprias decisões sobre o uso da tecnologia, sem interferência.

E, ainda mais, os pais devem usar esse tipo de tecnologia com moderação e em equilíbrio com outras atividades e nunca usar enquanto dirigem, nem mesmo as mensagens mesmo que parados no semáforo. E o mesmo vale quando as crianças estão conversando com os pais.

Enquanto os pais tendem a não se preocupar com regras diferentes entre eles e os filhos, muitas crianças viram essa atitude como hipócrita. As crianças também acharam mais fácil seguir regras de tecnologia desenvolvidas coletivamente e quando os pais também as obedecem.

O estudo também analisou quais tipos de regras familiares foram mais fáceis de serem seguidas. Famílias relataram que as regras que proíbem totalmente o uso de determinada tecnologia ou mídia social são mais fáceis de cumprir, do que as regras que proíbem o uso da tecnologia apenas em determinadas situações. Por exemplo, uma proibição total de bate-papo ou de um jogo de vídeo em particular foi mais eficaz do que a proibição do uso do telefone na igreja, um evento importante ou de envio de mensagens de texto para amigos depois de um certo horário à noite.

Os pesquisadores sugerem que algumas soluções técnicas poderiam ajudar os usuários a encontrarem mais equilíbrio, como dedicar um tempo para a família, alguma ferramenta desabilitaria notificações por 30 minutos; os sites de notícias poderiam ter conteúdo mais resumidos e de fácil digestão e os vídeos não deveriam iniciar automaticamente o próximo da lista assim que o último termina.

Autor: Mario Eugenio Saturno é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano.

Fonte: O Nortão

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