Cada vez há mais crianças sofrendo de atos violentos, intencionais e repetidos nas escolas e parquinhos. Na maioria dos casos, calam-se e têm medo de contar em casa que estão a ser vítimas de bullying. Como é que um pai e uma mãe devem proceder?
Como reagem os pais ao serem confrontados com esta realidade? Quão perturbados ficam ao pensarem que os seus filhos podem estar a ser vítimas de violência contínua e intencional na escola? O ideal é estarem sempre atentos a todos os sinais e conversarem muito com as crianças. É importante que estas percebam que estão apoiadas e têm a quem recorrer, sem problemas, se forem maltratadas de alguma forma.
Para a ajudar a estar alerta a todos os sinais, criámos um pequeno guia sobre o bullying infantil.
O que é?
Segundo a APAV, “é uma forma de violência contínua que acontece entre colegas da mesma turma, da mesma escola ou entre pessoas que tenham alguma característica em comum (por exemplo: terem mais ou menos a mesma idade; estudarem no mesmo lugar)”.
Existem características específicas que chamam a atenção do agressor?
A forma de ser da vítima é uma das características mais “chamativas”. Se a criança for calada, mais sensível e frágil faz com que esteja mais exposta às agressões. Também o físico faz com que se possa tornar, infelizmente, “diferente” dos outros (ser mais baixa ou mais alta, magra ou gorda, usar óculos ou aparelho nos dentes). O fato do agressor não estar, muitas vezes, sozinho dá-lhe ainda mais força.
Que tipos de bullying existem?
Segundo a APAV, existem seis tipos de bullying:
Físico
- Empurrar, amarrar ou prender;
- Dar bofetadas, murros ou pontapés;
- Cuspir, morder;
- Roubar dinheiro ou outros bens pessoais;
- Rasgar roupa e/ou estragar objetos.
Sexual
- Insultar ou fazer comentários de natureza sexual;
- Obrigar à prática de atos sexuais.
Verbal
- Chamar nomes;
- Gritar;
- Gozar, fazer comentários negativos ou críticas humilhantes;
- Ameaçar.
Social
- Deixar de fora dos trabalhos de grupo e/ou dos jogos;
- Inventar mentiras;
- Espalhar rumores, boatos ou comentários negativos ou humilhantes.
Cyberbullying
- Espalhar informação falsa, assediar/perseguir, incomodar e/ou insultar através de SMS, MMS, e-mail, websites, chats, redes sociais.
Homofóbico
- Contar (ou ameaçar contar) a outras pessoas, contra a nossa vontade, segredos ou informações sobre a nossa sexualidade;
- Discriminar com base na nossa identidade e expressão do género sexual (relacionado com a maneira como nos vestimos ou nos expressamos);
- Fazer comentários negativos de cariz sexual e/ou gestos obscenos;
- Praticar toques sexuais indesejados ou outros atos sexuais contra a nossa vontade;
- Fazer comentários e/ou piadas homofóbicas;
- Denegrir a nossa imagem junto de outras pessoas, inventando mentiras ou espalhando rumores/informação falsa;
- Excluir propositadamente do nosso grupo de amigos e/ou forçar o afastamento dos amigos ou das pessoas que nos são mais próximas;
- Deixar de fora das atividades, dos desportos/jogos e/ou das coisas que gostamos de fazer.
Como se sentem as crianças vítimas?
Em primeiro lugar ficam com um medo tremendo dos agressores. Têm medo de contar à família e sofrer represálias, acham que ninguém vai acreditar neles e que os amigos vão ignora-las. É muito normal nestes casos que as vítimas deixem de querer ir à escola (inventam que se sentem doentes, por exemplo), pioram as notas nas provas, perdem a vontade de fazer atividades ao ar livre e isolam-se em casa. A perda de apetite, suores, pesadelos frequentes, batimento cardíaco acelerado e enjoos são também sintomas que os pais devem estar alerta.
Como é que os pais devem lidar com a situação?
- Devem conhecer bem a escola e grupo de amigos dos filhos (também para dar espaço a estes miúdos a denunciar algo aos pais), por exemplo;
- Ao mínimo sinal de desconforto da criança é muito importante saber o que a levou a tê-lo;
- Baixou uma nota porque não percebeu bem a matéria? Ou será que anda ansiosa e com medo? Os pais devem falar com os professores as vezes que forem necessárias para saber como está a ser o rendimento da criança na escola;
- O incentivo à partilha de problemas é muito importante. Se uma criança sentir que pode falar abertamente com os pais sobre tudo é meio caminho para partilhar com eles o que lhe está a acontecer;
- Fazer uma espécie de diário dos acontecimentos que podem estar a criar o bullying é muito importante para futuras queixas.
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