quinta-feira, 19 de maio de 2016

Choque de gerações expõe ainda mais as crianças na web

Cerca de 22% dos pais já viram os filhos terem contato com ameaças, como conversas com estranhos.



Os desafios da parentalidade não cabem em uma lista nem param de crescer. Os mais recentes têm a ver com a segurança dos filhos nos ambientes virtuais. E a má notícia é que uma nova pesquisa descobriu que, apesar dos esforços, pais e mães não têm conseguido manter as crianças seguras na internet.

O levantamento, realizado pela empresa de cibersegurança Kaspersky Lab e pela empresa de pesquisas B2B International, descobriu que 52% dos pais acreditam que os riscos que as crianças correm online estão aumentando e 22% já viram o filho ter contato com ameaças on-line, como conversas com estranhos ou acesso a material inapropriado. Ao mesmo tempo, 61% dos pais não conversam com os filhos sobre as ameaças virtuais, e 20% dizem não fazer nada para proteger as crianças dessas ameaças.

O problema pode estar em um choque de gerações. “Os pais ficam um pouco perdidos, pois eles vêm de uma época em que o uso da internet não era frequente. A pesquisa revela, no fundo, as diferenças existentes entre as gerações e o aculturamento digital que os filhos têm e os pais, não”, analisa o diretor geral da Kaspersky Lab no Brasil, Cláudio Martinelli.

Se, até cinco anos atrás, a dica de ouro para os pais se manterem vigilantes era colocar o computador na sala ou em outro lugar de passagem dentro da casa, hoje isso já não funciona. “Essa dica ficou obsoleta porque agora a internet vai no bolso da criança – em seu smartphone – para a escola, o cinema, o shopping”, pondera ele.

As ferramentas de monitoramento, como softwares de controle parental, são uma ajuda. “Temos que usar a ferramenta eletrônica como um sexto sentido digital, aquele que vai te dar uma dica do comportamento de seu filho na internet”, comenta Martinelli.

Mas só essas ferramentas não são suficientes. Para a psicóloga Juliana Cunha, coordenadora do helpline da ONG Safernet, que preza a segurança online, é necessária muita conversa para afinar os ponteiros entre pais e filhos quando se trata do mundo online.

“As ferramentas digitais são úteis, mas somente para identificar algo que já está acontecendo. Para prevenir, é preciso haver um ato de confiança. Os pais têm que incluir nas conversas com os filhos o que eles andam fazendo na internet: em quais páginas estão entrando, com quem estão conversando, que tipo de conteúdo estão consumindo”, orienta.

Ela compara essa conversa à preocupação que os pais têm com os filhos no mundo real. Da mesma forma que querem saber aonde os filhos estão indo, com quem e o que vão fazer, também devem o mesmo interesse para com a internet. 

Proteção gratuita
Veja algumas ferramentas: 

Microsoft. bit.ly/seg_microsoft 

Safe Kids. bit.ly/kids_safe

Google. bit.ly/seg_google

YouTube. bit.ly/seg_youtube

Apple (para iPhone e iPad). bit.ly/seg_apple

Queridinho

Celular. Uma pesquisa de julho do ano passado revelou que oito em cada dez crianças que acessam a internet o fazem pelo smartphone. O número é superior ao de computadores de mesa.

Ferramentas grátis ajudam a controlar os sites acessados

Na casa da funcionária pública Adriana Moreira Avellar, 42, o acesso de Arthur, 7, à internet é bem restrito. Durante a semana, nada de eletrônicos e, aos fins de semana, só umas duas horinhas por dia.

As preferências de Arthur são por joguinhos que ele encontra online. Mesmo assim, não é qualquer um que ele pode acessar. “Jogos de luta e de tiros, eu não deixo”, conta a mãe.

Adriana não possui ferramentas de controle em seus gadgets, então, para que Arthur não se aventure em território impróprio para a idade, ela confia na observação direta do menino. “Não dá para ficar o tempo todo do lado dele. Mas fico sempre atenta. Toda hora, quando ele está online, dou uma passada por ele e vejo o que está jogando, em que está mexendo”, diz.

A maior dificuldade, segundo Adriana, está nas buscas na internet. “Se ele quer procurar pelo (jogo) ‘Minecraft’, por exemplo, basta digitar ‘m’, ‘i’, ‘n’, e já aparecem várias outras buscas que não são o que ele está querendo. E muitas delas são impróprias para a idade dele”, comenta.

Resolver isso não é muito difícil: as maiores empresas de internet, como Google, YouTube e Apple, têm suas próprias ferramentas gratuitas para limitar o acesso, principalmente das crianças.

“Os pais podem configurar o Google, por exemplo, para ter uma busca segura. Assim, eles podem determinar exatamente o que não querem que apareça nos resultados, como sexo, nudez, pornografia. É sempre bom os pais se informarem sobre esses serviços”, orienta a psicóloga Juliana Cunha, da ONG Safernet.

PUBLICADO EM 28/04/16 - 03h00

RAQUEL SODRÉ

Fonte: http://www.otempo.com.br/interessa/choque-de-gerações-expõe-ainda-mais-as-crianças-na-web-1.1288136

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