No dia 17/3 a mídia norte-americana e londrina (The New York
Times e The Guardian) noticiou que informações privadas de mais de 50 milhões
de usuários do Facebook acabaram indevidamente nas mãos da empresa de análise
de dados britânica Cambridge Analytica, que trabalhou na campanha presidencial
de Donald Trump. Em 2014, a Cambridge Analytica ofereceu um aplicativo de teste
de personalidade no Facebook chamado “thisisyourdigitallife” (“esta é a sua
vida digital”, em tradução livre). Na sociedade da informação em que vivemos, o
conteúdo pessoal armazenado nos bancos de dados das redes sociais representa,
em última estância, a própria personalidade dos indivíduos. Essa posição
garante àqueles que possuem a capacidade de acessar dados pessoais um domínio
exponencial sobre a vida alheia, representando certo perigo à privacidade e a
liberdade de escolha.
A maioria das empresas que coleta dados sobre o
comportamento do consumidor rastreia informações de outras companhias, como
editoras, lojas virtuais. O Facebook sabe exatamente aquilo que seus usuários
gostam, quando eles clicam no botão "curtir", sendo assim o maior
banco de dados no mundo .
O escândalo gerou nova onda negativa contra a empresa, que
já de questionada pela proliferação de fake news nas eleições americanas.
No dia 19/03, dois dias após a publicação, o valor do
Facebook encolheu bilhões de dolares na bolsa de valores de tecnologia dos EUA.
O big data (termo utilizado para se referir ao armazenamento de um grande
conjunto de dados) e outros tipos de informações são bens preciosos das
empresas, acabam chamando a atenção de todo o tipo de pessoas e empresas bem ou
mal intencionadas. Por essa razão, as políticas de compliance corporativo e
tratamento de dados precisam ser claras. As ações caíram por uma simples razão
– ausência de confiança na proteção e tratamento de dados.
A rede social é um espaço que faz a intermediação entre as
pessoas, que constantemente trocam opiniões e informações. Por vezes, as
informações são privadas e alguns usuários, tomando conhecimento da posse de
suas informações pessoais por terceiros, passam a exigir melhor tratamento dos
dados pelas empresas que os armazenam e o pelo governo de seu país. Essa
postura basicamente resultou em uma mudança de paradigma nos Estados Unidos e
Europa.
A Federação das Organizações de Consumidores Alemãs (VZBV),
que havia processado o Facebook, comemorou a decisão do tribunal que considerou
uma violação o fato de, no aplicativo do Facebook para celulares, um serviço de
localização ser automaticamente ativado, mostrando a interlocutores do chat da
plataforma onde os usuários se encontram. O tribunal alemão também considerou
como violação a configuração pré-definida que permite que ferramentas de busca
obtenham um link para a linha do tempo dos usuários. Ao todo, os juízes alemães
declararam ineficazes oito cláusulas dos termos de uso da rede, assim como
cinco das configurações automáticas.
Para saber mais sobre o tema, confira nosso vídeo no YouTube
Grande abraço e ótima semana!
Ana Paula Siqueira Lazzareschi de Mesquita
Ana Paula Siqueira Lazzareschi de Mesquita
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