Alunos transgêneros enfrentam vários obstáculos. Leia como garantir que nenhum deles apareça na sala de aula.
Desde bullying até isolação, alunos transgêneros têm que lidar com muita coisa. Professores estão em uma posição única para criar um ambiente seguro e encorajador para alunos em posições vulneráveis. Seguindo algumas dicas, você pode se tornar um aliado na jornada de autodescobrimento e aceitação desses alunos. Esse breve guia apresenta alguns dos problemas enfrentados por alunos transgêneros e estratégias para deixar o ambiente escolar mais inclusivo.
Entendendo igualdade dos gêneros e variabilidade dos gêneros
Como define a Human Rights Campaign no seu guia “Schools in Transition” (ou “Escolas em Transição”), “transgênero” é um adjetivo que descreve alguém que se identifica com um gênero diferente do associado com o sexo de nascimento. Para entender o termo “transgênero” melhor, ajuda saber a diferença entre gênero e sexo biológico. Sexo biológico é definido pelas características físicas, e divide as pessoas entre corpos femininos e corpos masculinos. Gênero, por outro lado, é determinado pela complexa relação da pessoa com a sua aparência física, o modo como ela quer se apresentar, sua identidade de gênero e como a pessoa escolhe se apresentar e comportar. Alguém que nasceu biologicamente mulher, por exemplo, não necessariamente se identifica como mulher.
Sexualidade não é determinada pela identidade de gênero. A orientação sexual se refere a quem essa pessoa sente atração (romântica ou sexual). A identidade de gênero pode começar a ser expressada em crianças quando elas ainda são muito novas. Em crianças pequenas, a identidade transgênera pode se expressar como vontades da criança em provar roupas de outro gênero ou comentários que sugerem um conflito com o gênero de nascimento. Por exemplo, “eu tenho um cérebro de menino e um corpo de menina”.
Nas últimas décadas, adotou-se um entendimento mais amplo de gênero. Agora a divisão binária de gêneros entre homem ou mulher foi substituída por um espectro. Uma pessoa não-binária, ou com gênero não-conforme, expressa interesses e comportamentos que não se alinham ao que é esperado do seu gênero de nascimento. Por exemplo, um menino que gosta mais de brincar com bonecas e outros brinquedos tradicionalmente de meninas. Mas só se desviar das expectativas colocadas nos gêneros não significa que alguém seja transgênero.
Estudos recentes discutem como crianças que não se encaixam na norma dos gêneros são percebidas. Termos como “Maria-rapaz” e “boiola” tem conotações negativas. Mas garotos com comportamentos considerados femininos aparentemente sofrem mais. Emanuella Grinberg escreveu para a CNN que “meninos tem mais risco de sofrerem bullying quando eles saem da caixa da masculinidade para brincar com bonecas e usar a cor rosa do que as meninas quando usam jeans e brincam com carros”. Misoginia internalizada talvez seja a culpada. Traços masculinos são historicamente associados a conotações positivas, muito mais do que traços femininos.
O problema
O HRC reporta que crianças com comportamento de gênero diferente do esperado pela sociedade, e particularmente crianças trangêneras, passam por altos níveis de estresse quando não recebem o apoio necessário. Jovens transgêneros sem apoio podem perder interesse na escola, se envolver com álcool e drogas, e até desenvolver problemas mentais e pensamentos suicidas. Bullying baseado no gênero pode ter efeitos duradores. Estudantes que passam por altos níveis de vitimização tinham o dobro da chance de não querer dar continuação à sua educação no futuro, de acordo com um estudo do GLSEN (Gay, Lesbian, and Straight Education Network).
Parte do desconforto e medo das crianças trangêneras vêm dos vários mitos cercando o termo. Como diz a diretora de advocacia do SPARTA, Brynn Tannehill, esses mitos incluem que crianças transgêneras saíram da norma do gênero devido aos pais, que os ensinaram a ser assim, e que crianças são novas demais para saber o próprio gênero. Outro mito seria de que existem meios de “consertar” o “problema”. Alguns pais e professores acreditam que ao desencorajar esse comportamento nas crianças eles vão poupa-la de sofrer bullying, quando na verdade isso só coloca a culpa na vítima ao invés de ir para a raiz do problema.
A solução
Como professor, existem vários jeitos de deixar o ambiente da sala de aula mais segura para todos os seus alunos, inclusive os que forem trangêneros. É muito importante cultivar o respeito e aceitação na sala de aula, assim como deixar claro que nenhum tipo de bullying será tolerado. Referir-se a um aluno transgênero pelos pronomes que ele escolheu, assim como respeitar as suas escolhas de roupa e outras preferencias ajuda a afirmar a identidade da criança para com os outros colegas. Assim, você pode prevenir o bullying antes dele começar.
Educar-se no assunto também faz toda a diferença. Não só para se comunicar corretamente com o aluno como também para ter os meios de responder as perguntas de outros alunos. Lembrando que a privacidade de um aluno que não se identifica publicamente como transgênero sempre deve ser respeitada.
Se algum aluno começar o processo de transição durante a escola (o processo passado pela pessoa transgênera para que elas possam viver com o gênero com o qual se identificam), o professor pode desenvolver junto com a escola um plano para suavizar a transição para o aluno. Alguns pais podem não aceitar a identidade dos filhos, mas a escola não deve tentar se comunicar com a família sem antes falar com o estudante.
Fonte: Universia Brasil
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