terça-feira, 8 de março de 2016

Ninguém está a salvo dos trolls, mas mulheres são grupo de risco


Como diz a Lei de Watson: “cada vez que você denuncia violência (de gênero), ela se intensifica”. A "lei" é uma homenagem a Rebecca Watson, blogueira americana que reclamou de uma cantada inconveniente no Twitter e recebeu uma enxurrada de críticas.

Pois um estudo recente realizado pelas pesquisadoras Corinne Moss-Racusin, Aneta Molenda e Charlotte Cramer, da Faculdade de Skidmore, nos Estados Unidos, mostrou que a maioria dos homens não estão preparados para ouvir denúncias de sexismo. Elas analisaram mais de mil comentários de internautas em três sites de notícia a respeito de um estudo sobre a preferência de professores de ciência por alunos homens.

A boa notícia é que apenas 5% dos comentários eram abertamente misóginos, a má notícia é que para entrar nessa categoria era preciso chegar bem longe, do nível falar abertamente que mulheres são seres inferiores. A conclusão das pesquisadoras é que as mulheres tendem a postar comentários mais positivos do que os homens. E eles são mais propensos a fazerem comentários negativos, especialmente se o assunto é sexismo.

Sim, todo mundo pode ser alvo de um troll, mas também é verdade que a situação é pior para as mulheres. Segundo uma pesquisa do centro Pew Research divulgada no final do ano passado, uma em cada quatro mulheres com idade entre 18 e 24 anos será perseguida on-line ou sofrerá assédio sexual pela internet, como ameaças de estupro. Enquanto elas representam 25% e 26% dos usuários de internet que já foram perseguidos e alvo de assédio sexual, o percentual de homens que passaram por isso é de 7% e 13%, respectivamente.

Além disso, ainda em 2006, pesquisadores da Universidade de Maryland fizeram um experimento interessante: criaram vários perfis falsos em salas de bate-papo e perceberam que nomes femininos receberam em média 100 mensagens violentas de cunho sexual, enquanto os masculinos só receberam 3,7. Entre 2000 e 2012, mais de 70% das pessoas que denunciaram assédio online à organização americana Working to Halt Online Abuse eram mulheres.

Na semana passada, Arya Stark (ou a atriz Maisie Williams, como preferir), deixou sua lista de vingança em Westeros e enfrentou monstros que existem na vida real em uma campanha britânica contra cyberbullying. A campanha traz vídeos mensais com duração de uma hora detalhando como é sofrer bullying online para uma adolescente (assista ao trailer abaixo). Como explicamos na matéria de capa da GALILEU de fevereiro, trolls são indivíduos que aproveitam o anonimato da internet para humilhar, ameaçar e perseguir outros. Como autora da matéria, propus focar no agressor, explicando o que leva alguém a se tornar um troll. As vítimas, apesar de mencionadas na matéria, são outro assunto. Um assunto que pretendemos abordar também por aqui, no mais novo blog da GALILEU, sobre gênero.



26/01/2015 - 17H01 - POR GABRIELA LOUREIRO

Fonte: http://revistagalileu.globo.com/blogs/fator-x/noticia/2015/01/ninguem-esta-salvo-dos-trolls-mas-mulheres-sao-grupo-de-risco.html

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