quinta-feira, 7 de junho de 2018

Sawabona, Shikoba e a pedagogia digital



Que as redes sociais ganharam volumosos espaços na vida dos usuários não é novidade. O que se iniciou como forma alternativa de comunicação, virou diversão nas horas livres e uma eficiente forma de manter contato com pessoas que estão perto e longe. Assim, a viralização do uso de smartphones trouxe como consequência valorização sem precedentes da imagem tecnológica, que se tornou tão importante para a comunicação quanto a escrita.

Antigamente, para que a comunicação fosse efetiva, era necessário o encontro de pessoas, pelas quais os cinco sentidos (visão, audição, tato, paladar e olfato) eram usados nas relações humanas. A Internet tomou conta de toda globalização mundial e o grande tabu da atualidade é retirar as pessoas da própria casa e encontrar, dialogar ou até mesmo discutir os problemas pessoalmente com o destinatário final. A praticidade nos torna mais frios e insensíveis; por vezes, o que é escrito nos comunicadores instantâneos e nas redes sociais não seria dito pessoalmente, fato que nos leva aos ressentimentos, à tristeza e ao conflito. 


Essa não é uma ode contra a tecnologia, muito pelo contrário. Ela pode e deve ser usada, mas com a racionalidade de distinguir que, em determinados momentos, nada substitui o contato pessoal. De acordo com os princípios filosóficos de Rousseau, o homem só pode ser bom numa sociedade racional. E a mesma racionalidade se aplica ao processo educacional: é válido e importante que as instituições de ensino utilizem plataformas virtuais, mas o contato com o professor e a socialização que existe dentro do ambiente escolar não pode ser substituída por nenhuma tecnologia. 

A educação da criança e do adolescente não é apenas um processo institucional e instrucional. É o mais valioso investimento formativo do ser humano, seja na particularidade da relação pedagógica pessoal, seja no âmbito da relação social coletiva. Por isso, a interação docente presencial é considerada como a mediação universal de transferência de experiências e insubstituível na formação discente, sendo necessária e fundamental a interação da família no processo de aprendizagem. 

Acreditamos que a proposta possível de educação moderna é aquela que permite, verdadeiramente, a integração cultural e social entre os envolvidos, utilizando a tecnologia em conjunto com a valorização, respeito e contato pessoal. Para os curiosos de plantão, Sawabona é um cumprimento utilizado no sul da África que significa: “eu te respeito e valorizo, portanto você é importante para mim. Em resposta, o destinatário do cumprimento responde Shikoba, que é: “então eu existo para você.” 




#ficaadica

Leia aqui na Gazeta do Povo.

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