O Twitter vem pegando pesado em ações para controlar a violência dentro de seus espaços virtuais desde o início do ano, como falamos aqui. A plataforma social está tendo um árduo trabalho para banir usuários que reproduzam discursos de ódio contra grupos, incentivem a violência e o suicídio, o que vem sendo cada vez mais comum na rede. As vítimas de abusos virtuais enfrentam burocracias e descasos que as levam à descrença nos mecanismos de controle por parte das empresas, causando mais dano.
Mas há vítimas que, mesmo desmotivadas a levar suas denúncias a público, se recusam a se calar. É o caso de Yair Rosenberg, um jornalista de origem judaica que recebeu uma quantidade absurda de violências endereçadas a ele durante as eleições presidenciais estadunidensas de 2016. Eleitores de Donald Trump, enfezados com seus posicionamentos favoráveis ao lado democrata da disputa, enviaram ameaças de morte diárias a Rosenberg e chegaram a fazer montagens com suas fotos em câmaras de gás usadas na Segunda Guerra Mundial, além de "uma série de piadas anti-semitas não muito criativas", segundo o próprio jornalista.
Cansado da vagarosidade que a equipe do Twitter apresenta ao abordar esse tipo de violência, ele entrou em parceira com o desenvolvedor web Neal Chandra, que era seu seguidor na rede social e também faz parte de um grupo étnico perseguido e entende na pele o ódio de origem racista. Juntos, eles desenvolveram um bot que patrulhava a ação de vários perfis conhecidos por assediar pessoas no Twitter, chamado Impostor Buster.
Sobre o projeto, Rosenberg afirmou: "Em poucos dias, nosso Golem digital tornou-se um sucesso desenfreado, conquistando milheres de seguidores e numerosas publicações na imprensa. Mais importante ainda, recebemos inúmeros agradecimentos por parte de vítimas".
Entretanto, com tanto sucesso, os grupos de neo-nazistas se organizaram para reportar a ação do golem-bot do bem e o Twitter suspendeu a conta. A Liga de Defesa Americana até conseguiu botar o bot em funcionamento mais uma vez, mas o passarinho azul voltou a desabilitar o funcionamento da criação de Rosenberg e Chandra.
Segundo o jornalista, a desculpa dada pela plataforma para banir de vez o Impostor Buster foi: "Um grande número de pessoas bloqueou o bot em função de grande volume de conteúdo não-solicitado ou duplicado vindos da conta".
Rosenberg e seus apoiadores estão convencidos de que o Twitter simpatiza com os posicionamentos neo-nazistas por tomar o lado dos agressores sem sequer ouvir a dor das suas vítimas.
Fonte: Engadget
Por Redação
28 de Dezembro de 2017 às 17h47
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