sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

Twitter bane bot que ajudava vítimas de preconceito a se defenderem de ataques






O Twitter vem pegando pesado em ações para controlar a violência dentro de seus espaços virtuais desde o início do ano, como falamos aqui. A plataforma social está tendo um árduo trabalho para banir usuários que reproduzam discursos de ódio contra grupos, incentivem a violência e o suicídio, o que vem sendo cada vez mais comum na rede. As vítimas de abusos virtuais enfrentam burocracias e descasos que as levam à descrença nos mecanismos de controle por parte das empresas, causando mais dano.

Mas há vítimas que, mesmo desmotivadas a levar suas denúncias a público, se recusam a se calar. É o caso de Yair Rosenberg, um jornalista de origem judaica que recebeu uma quantidade absurda de violências endereçadas a ele durante as eleições presidenciais estadunidensas de 2016. Eleitores de Donald Trump, enfezados com seus posicionamentos favoráveis ao lado democrata da disputa, enviaram ameaças de morte diárias a Rosenberg e chegaram a fazer montagens com suas fotos em câmaras de gás usadas na Segunda Guerra Mundial, além de "uma série de piadas anti-semitas não muito criativas", segundo o próprio jornalista.

Cansado da vagarosidade que a equipe do Twitter apresenta ao abordar esse tipo de violência, ele entrou em parceira com o desenvolvedor web Neal Chandra, que era seu seguidor na rede social e também faz parte de um grupo étnico perseguido e entende na pele o ódio de origem racista. Juntos, eles desenvolveram um bot que patrulhava a ação de vários perfis conhecidos por assediar pessoas no Twitter, chamado Impostor Buster.

Sobre o projeto, Rosenberg afirmou: "Em poucos dias, nosso Golem digital tornou-se um sucesso desenfreado, conquistando milheres de seguidores e numerosas publicações na imprensa. Mais importante ainda, recebemos inúmeros agradecimentos por parte de vítimas".

Entretanto, com tanto sucesso, os grupos de neo-nazistas se organizaram para reportar a ação do golem-bot do bem e o Twitter suspendeu a conta. A Liga de Defesa Americana até conseguiu botar o bot em funcionamento mais uma vez, mas o passarinho azul voltou a desabilitar o funcionamento da criação de Rosenberg e Chandra.

Segundo o jornalista, a desculpa dada pela plataforma para banir de vez o Impostor Buster foi: "Um grande número de pessoas bloqueou o bot em função de grande volume de conteúdo não-solicitado ou duplicado vindos da conta".

Rosenberg e seus apoiadores estão convencidos de que o Twitter simpatiza com os posicionamentos neo-nazistas por tomar o lado dos agressores sem sequer ouvir a dor das suas vítimas.

Fonte: Engadget



Por Redação 
28 de Dezembro de 2017 às 17h47
Imagem:photo_camera público
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quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

Facebook apresenta novos recursos para diminuir bullying virtual e perseguições


Como parte das medidas adotadas pelo Facebook para tornar a rede social um lugar mais seguro e livre de assédios e violências, novas ferramentas foram anunciadas nesta terça-feira (19) através de publicação feita por Antigone Davis, Diretor Executivo de Segurança do Facebook.

Para desenvolver as inovações, a equipe do Facebook ouviu não apenas o que os usuários da rede social tinham a dizer e suas expectativas em relação às mudanças, mas também entrou em contato com diversas associações feministas e coletivos de profissionais do jornalismo, uma vez que esses são alguns dos grupos mais vulneráveis aos ataques de violência virtual. Mais de 150 organizações da Índia, Irlanda, Quênia, Holanda, Espanha, Turquia, Suécia e EUA, atuando com foco em segurança de pessoas assediadas, foram ouvidas durante os anos de 2016 e 2017.

Desde ontem, quando alguém bloquear uma pessoa indesejada na rede social, caso a pessoa bloqueada venha tentar adicionar a pessoa que bloqueou através de uma nova conta recém-criada, encontrará dificuldades. Com informações como o endereço de IP das contas, o Facebook ajudará a rastrear contas que possam pertencer a uma mesma pessoa com intuitos maliciosos.

Outro recurso que entrará em vigor é a possibilidade de, diretamente do Messenger, ignorar uma conversa privada e automaticamente remover o histórico do seu Messenger, sem que para isso seja necessário bloquear a pessoa que a enviou no Facebook. Isso será especialmente útil em casos em que a pessoa abusadora poderia se sentir incentivada a agravar as agressões ao descobrir que foi bloqueada



Por Redação | Canal Tech
20 de Dezembro de 2017 às 08h06
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terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Unicef alerta que acesso à internet só pelo smartphone amplia fosso digital


O Unicef, o braço das Nações Unidas para infância e juventude, acaba de lançar o relatório ‘Crianças em um Mundo Digital’, que destaca a importância da conectividade para o desenvolvimento pessoal, social e econômico, mas traz também uma série de alertas sobre como disparidades no acesso e no uso ampliam ainda mais o fosso entre desenvolvidos e subdesenvolvidos. 

No campo dos riscos, há aqueles que acabam despercebidos diante de perigos graves, como crimes sexuais, tráfico ou outras formas de exploração. Em especial, o relatório lembra que nos países de renda média e baixa, a internet pelo celular é a regra, mas o acesso somente por dispositivos móveis representa uma experiência inferior, a começar pelos conteúdos, o que também acaba sendo uma forma moderna de ampliação das disparidades. 
“Telefones móveis não são substitutos equivalentes a computadores pessoais, permitindo acesso somente a uma experiência online de ‘segunda-classe’. As restrições da internet móvel, particularmente associadas a produção de informações como textos mias longos, edição de vídeos ou design podem não ser aparentes para novos usuários em países de baixa renda. Muitos ficam online pela primeira vez apenas por telefones móveis e podem nem saber o grau em que suas experiências são limitadas.”
Em 130 páginas, sem contar tabelas e índices, a Unicef avalia a relação das crianças com o mundo digital. Os ganhos são imensos. “A conectividade pode mudar o jogo para algumas das crianças mais marginalizadas do mundo, ajudando-as desenvolver seu potencial e a quebrar o ciclo de pobreza”, aponta a entidade. Os exemplos de como a conectividade é positiva são muitos, a começar pelo Brasil, diz o Unicef. 
“No Amazonas, uma iniciativa governamental (Centro de Mídias de Educação) promove conteúdo educacional desde 2007 para crianças e jovens que vivem em áreas remotas. Usando satélite, aulas ministradas em Manaus são transmitidas para comunidades rurais, com suporte de tutores e a possibilidade de os estudantes fazerem perguntas em tempo real”, ilustra o relatório. O Brasil é citado, ainda, como um dos países em que há a maior proporção de entrevistados (34%, atrás apenas da Indonesia e Burundi) que apontam para o aprendizado online de habilidades às quais jamais teriam acesso na escola. 
Mas o relatório também examina como a internet aumenta a vulnerabilidade de crianças e adolescentes, que já são o principal grupo online – 71% deles estão conectados, contra a média global de apenas 48%. Os riscos vão desde o mau uso de dados pessoais, acesso a conteúdo prejudicial e cyberbullying. Além de outra vertente do acesso predominantemente móvel: uma “cultura do quarto”, nas quais as crianças navegam sem qualquer supervisão de adultos, especialmente enquanto a maior preocupação é com o tempo conectado, e não com o tipo de conteúdo acessado. 
Em especial, o Unicef chama a atenção de que a entrada no mundo digital é cada vez mais cedo – no Brasil, por exemplo, mais de 70% das crianças a partir de 10 anos já estão conectadas. Mas lamenta que o acesso não veio acompanhado nem de políticas, nem de práticas comerciais que levem em conta as crianças. “Apesar da massiva presençaa online das crianças, que são um em cada três usuários no mundo – muito pouco é feito para protegê-las dos perigos e ampliar o acesso a conteúdo seguro”, diz o documento. 
Ou nas palavras do diretor executivo do Unicef, Anthony Lake, “a internet foi criada por adultos, mas é cada vez mais usadas por crianças e jovens – e de forma crescente a tecnologia digital afeta suas vidas e seus futuros. Portanto, políticas, práticas e produtos precisam melhor refletir as necessidades, perspectivas e vozes das crianças. Em um mundo digital, temos o duplo desafio de mitigar os riscos e maximizar os benefícios da internet para cada criança”.



Por Convergência Digital/ Luís Osvaldo Grossmann
11/12/2017
imagem/ Convergência Digital
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Pesquisa do UNICEF analisa segurança online e desigualdades no acesso à internet


O relatório anual "Situação Mundial da Infância 2017" destaca a divisão digital e explora os debates atuais sobre o impacto da internet e das redes sociais sobre a segurança e o bem-estar de meninas e meninos

No Brasil, o UNICEF desenvolveu campanhas e ferramentas para a proteção das crianças e dos adolescentes no ambiente digital

Download de fotos, vídeos e cópia do relatório (em inglês): http://uni.cf/2j2GvHC

Nova Iorque/Brasília, 11 de dezembro de 2017 – Apesar da presença online maciça de crianças e adolescentes – um em cada três usuários de internet em todo o mundo tem menos de 18 anos de idade –, muito pouco é feito para protegê-los dos perigos do mundo digital e para aumentar seu acesso a conteúdo online seguro, disse o UNICEF em seu principal relatório anual divulgado hoje.

Situação Mundial da Infância 2017: Crianças e adolescentes em um mundo digital(disponível somente em inglês) apresenta o primeiro olhar abrangente do UNICEF sobre as diferentes maneiras pelas quais a tecnologia digital está afetando a vida e as chances de meninas e meninos, identificando perigos e oportunidades. O relatório argumenta que governos e setor privado não acompanharam o ritmo da mudança, expondo crianças e adolescentes a novos riscos e danos e deixando para trás milhões de meninas e meninos mais desfavorecidos.

"Para o bem e para o mal, a tecnologia digital é agora um fato irreversível em nossa vida", disse o diretor executivo do UNICEF, Anthony Lake. "Em um mundo digital, nosso duplo desafio é como mitigar os danos maximizando os benefícios da internet para cada criança e cada adolescente".

O relatório explora os benefícios que a tecnologia digital pode oferecer às crianças e aos adolescentes mais desfavorecidos, inclusive aqueles que crescem na pobreza ou são afetados por emergências humanitárias. Isso inclui aumentar seu acesso à informação, construir habilidades para o local de trabalho digital e dar-lhes uma plataforma para que se conectem e comuniquem seus pontos de vista.

No entanto, a publicação do UNICEF mostra que milhões de crianças e adolescentes estão sendo deixados para trás. Cerca de um terço dos jovens (entre 15 e 24 anos) em todo o mundo – 346 milhões – não está online, exacerbando as iniquidades e reduzindo a capacidade de meninas e meninos de participar em uma economia cada vez mais digital.

O relatório também examina como a internet aumenta a vulnerabilidade de crianças e adolescentes a riscos e danos, incluindo o uso indevido de suas informações privadas, o acesso a conteúdos prejudiciais e o cyberbullying. A presença onipresente de dispositivos móveis, segundo o relatório, fez o acesso online ser menos supervisionado para muitos meninos e meninas – e potencialmente mais perigoso.

E redes digitais como a internet obscura e as criptografias estão permitindo as piores formas de exploração e abuso, incluindo o tráfico e a distribuição online de pornografia infantil "feita sob encomenda".

Internet Sem Vacilo no Brasil

No Brasil, o UNICEF desenvolveu campanhas e ferramentas para a proteção das crianças e dos adolescentes no ambiente digital

Download de fotos, vídeos e cópia do relatório (em inglês): http://uni.cf/2j2GvHC

Nova Iorque/Brasília, 11 de dezembro de 2017 – Apesar da presença online maciça de crianças e adolescentes – um em cada três usuários de internet em todo o mundo tem menos de 18 anos de idade –, muito pouco é feito para protegê-los dos perigos do mundo digital e para aumentar seu acesso a conteúdo online seguro, disse o UNICEF em seu principal relatório anual divulgado hoje.

Situação Mundial da Infância 2017: Crianças e adolescentes em um mundo digital(disponível somente em inglês) apresenta o primeiro olhar abrangente do UNICEF sobre as diferentes maneiras pelas quais a tecnologia digital está afetando a vida e as chances de meninas e meninos, identificando perigos e oportunidades. O relatório argumenta que governos e setor privado não acompanharam o ritmo da mudança, expondo crianças e adolescentes a novos riscos e danos e deixando para trás milhões de meninas e meninos mais desfavorecidos.

"Para o bem e para o mal, a tecnologia digital é agora um fato irreversível em nossa vida", disse o diretor executivo do UNICEF, Anthony Lake. "Em um mundo digital, nosso duplo desafio é como mitigar os danos maximizando os benefícios da internet para cada criança e cada adolescente".

O relatório explora os benefícios que a tecnologia digital pode oferecer às crianças e aos adolescentes mais desfavorecidos, inclusive aqueles que crescem na pobreza ou são afetados por emergências humanitárias. Isso inclui aumentar seu acesso à informação, construir habilidades para o local de trabalho digital e dar-lhes uma plataforma para que se conectem e comuniquem seus pontos de vista.

No entanto, a publicação do UNICEF mostra que milhões de crianças e adolescentes estão sendo deixados para trás. Cerca de um terço dos jovens (entre 15 e 24 anos) em todo o mundo – 346 milhões – não está online, exacerbando as iniquidades e reduzindo a capacidade de meninas e meninos de participar em uma economia cada vez mais digital.

O relatório também examina como a internet aumenta a vulnerabilidade de crianças e adolescentes a riscos e danos, incluindo o uso indevido de suas informações privadas, o acesso a conteúdos prejudiciais e o cyberbullying. A presença onipresente de dispositivos móveis, segundo o relatório, fez o acesso online ser menos supervisionado para muitos meninos e meninas – e potencialmente mais perigoso.

E redes digitais como a internet obscura e as criptografias estão permitindo as piores formas de exploração e abuso, incluindo o tráfico e a distribuição online de pornografia infantil "feita sob encomenda".

As denúncias são encaminhadas diretamente para o Disque 100, serviço de atendimento do governo federal. O aplicativo também recebe denúncias de locais sem acessibilidade, de crimes na internet e de violações relacionadas a outras populações em situação vulnerável.

Outros pontos apresentados pelo relatório:

Somente uma ação coletiva – por parte de governos, setor privado, organizações que defendem os direitos da infância e adolescência, universidades, famílias e os próprios meninos e meninas – pode ajudar a assegurar a igualdade de oportunidades no espaço digital e tornar a internet mais segura e mais acessível para crianças e adolescentes, afirma o relatório do UNICEF.

"A internet foi concebida para adultos, mas é cada vez mais usada por crianças, adolescentes e jovens – e a tecnologia digital afeta cada vez mais a vida e o futuro deles. Sendo assim, as políticas, práticas e produtos digitais devem refletir melhor as necessidades, as perspectivas e as vozes das crianças e dos adolescentes", disse Lake.

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Sobre o UNICEF – O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) trabalha em alguns dos lugares mais difíceis do planeta, para alcançar as crianças mais desfavorecidas do mundo. Em 190 países e territórios, o UNICEF trabalha para cada criança, em todos os lugares, para construir um mundo melhor para todos.

Acompanhe nossas ações no Facebook, Twitter, Instagram e Youtube.



Por Unicef Brasil 
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sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

De olho em Minas




Deu no Estado de Minas. Cerca de 1 mil profissionais da rede estadual de educação vão fazer, ano que vem, curso de prevenção à violência e convivência democrática no ambiente escolar. Combate ao bullying, racismo, homofobia e machismo são alguns dos temas que vão balizar as aulas. A intenção é que os resultados ajudem a promover a participação dos estudantes, além de melhorar a relação da escola com a família nesse espaço de tantos aspectos diversos. Veja mais detalhes. Aqui, já apresentamos os princípios do programa Proteção contra o Cyberbullying para organismos do governo do estado e da prefeitura municipal.

Referendo por nossa vida privada





A Câmara Municipal começa discussão de projeto de lei sobre o uso de dados pessoais de cidadãos pela administração pública municipal. O objetivo é regulamentar a coleta e o tratamento dos dados pela prefeitura e suas autarquias na prestação de serviço público. Com todo respeito, os vereadores podem até debater o assunto. Mas de fato, por sua dimensão e impacto em nossas vidas, deveria haver coragem para ser realizado um referendo sobre a questão, conforme previsto na lei orgânica da cidade: As questões relevantes aos destinos do Município poderão ser submetidas a plebiscito ou referendo por proposta do Executivo, por 1/3 (um terço) dos vereadores ou por pelo menos 2% (dois por cento) do eleitorado, decidido pelo Plenário da Câmara Municipal.



Inteligência artificial contra suicídio é último recurso

É preocupante o noticiário sobre a adoção pelo Facebook de protocolos baseados em inteligência artificial para identificação de posts capazes de prever atividades relacionados a comportamento e incitação a suicídios. Máquinas, mesmo as dotadas de inteligência artificial, não compreendem a perspicácia humana. E o Facebook não consegue, de fato, acompanhar e agir como guardião de vidas privadas, como ficou demonstrado em matéria da BBC sobre como é o ambiente de trabalho (leia). Mas, vamos acreditar que possa. Como vai agir? Aqui, a lei é clara, tem de acionar a polícia nos casos de induzimento de suicídio. E também quando tomar conhecimento da possibilidade de o fato ocorrer, pois é crime deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública. Mas como definir isso à distância? Por meio de uma máquina? A única certeza futura é de que está aberta a porta para a rede social ser processada também por ter prévio conhecimento e ter agido de forma errada ou omissa. Ah sim! Se, indevidamente, acionar a polícia e os fatos não forem corroborados pela apuração, o lesado poderá buscar os devido ressarcimento por dano moral.

#cyberbullyingsqn





Esse é o novo canal no YouTube para a Dra Ana Paula expor temas emergentes e urgentes da vida digital, sua relação com as leis e a busca por um modelo de educação para harmonia nas relações nos ambientes de ensino. Inscreva-se e siga.

segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

Projeto lança revista em quadrinhos e 10 mandamentos contra o cyberbullying



Os relatos de alunos de escolas públicas paulistas sobre o bullying vivenciado por eles nas redes sociais resultaram na publicação de uma revista em quadrinhos e na criação dos 10 Mandamentos contra o Cyberbullying. A iniciativa, que é do projeto Liga Acadêmica de Prevenção e Intervenção a Violência (Lapiv), da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), foi lançada nesta semana.

O cyberbullying é a agressão por meios virtuais, como redes sociais, muito comum na vida dos adolescentes. A revista em quadrinhos “Segredos do Meta – a verdade por trás das redes”, traz à tona os perigos decorrentes da prática a fim de conscientizá-los sobre os limites entre uma brincadeira e o cyberbullying, além de alertá-los sobre segurança na internet.

No projeto do Lapiv, estudantes de enfermagem e medicina, coordenados por profissionais da universidade, realizaram atividades com alunos de escolas públicas, a partir de 11 anos, sobre o problema. O projeto surgiu em 2013, por iniciativa da médica psiquiatra da Unifesp Sara Bottino, quando teve conhecimento do número de suicídios e tentativas de suicídio que estavam associadas a fenômenos de agressão nas redes sociais. Entre as atividades do projeto, há rodas de conversa sobre as vantagens e desvantagens do uso das redes sociais e dicas de como os estudantes podem se proteger na rede.

“Percebemos que os adolescentes usam as redes sociais e eles não têm nenhum mecanismo de controle sobre o que eles postam, sobre as pessoas com as quais eles compartilham notícias pessoais e, às vezes, até informações sobre endereço e sobre o que fazem. Então temos um roteiro de discussão que começa a partir daí”, disse Sara.

Nas conversas, os estudantes também são levados a refletir sobre os riscos de uma aparente brincadeira entre colegas virar um problema grave. “Às vezes, eles começam com uma brincadeira na rede, que eles chamam de 'zoação', e muitas vezes não sabem o impacto que isso tem para quem está sendo 'zoado'. O limite entre o que é uma brincadeira e como esta pode ser vivenciada pela vítima pode ser muito diferente”, explicou.

A estudante de enfermagem da Unifesp, Victoria Nery, que participa do projeto, ressaltou que o objetivo das atividades é reduzir a violência nas redes sociais dos adolescentes em geral, não apenas daqueles que frequentam as escolas integrantes do projeto. Segundo ela, a publicação da revista em quadrinhos é um meio para que essa conscientização continue para além dos muros dessas escolas.

Uma atividade importante do projeto é o encontro em que os adolescentes falam sobre seus gostos, rotinas e preferências em diversas áreas. “Mesmo sendo diferentes, eles percebem que têm coisas em comum. Eles concluem 'por que vou fazer bullying com essa pessoa, se tem um pouco de mim nela e um pouco dela em mim?'”, disse Victoria.

Além disso, ela ressaltou que muitas pessoas não têm noção de que a rede não é um ambiente totalmente seguro. “Eles ficam bem impressionados quando falamos que já houve vários casos de suicídio, que as pessoas param de ir para a aula, têm decréscimo em relação a notas, perdem amigos, então eles começam a ver realmente o que isso causa”, disse.

Mandamentos

O grupo da Unifesp desenvolveu os “10 Mandamentos contra o Cyberbullying”, presentes na revista em quadrinhos. Entre as recomendações estão não responder quando estiver com raiva, guardar evidências de agressões, evitar compartilhar informações pessoais com desconhecidos, pedir ajuda a pessoas de confiança e bloquear o agressor, por exemplo. O último deles é “não se torne um agressor”.

Segundo Sara, que coordena o grupo, o projeto tem dado ênfase à figura do espectador. “Porque é ele quem vai dar visibilidade para a vítima e para o agressor na forma de 'likes', na forma de 'curtir'. Então temos trabalhado muito para que esse espectador, que não é vítima nem agressor, denuncie. Em vez de curtir, que fale 'isso não tem nada a ver, isso não é legal'. Se eles [casos de cyberbullying] têm um reforço negativo, certamente aquilo ali para. Mas se tem várias curtidas, então fica muito difícil [combater a situação]”, disse.

A coordenadora de uma das escolas em que o projeto foi implantado, Marli de Almeida, confirmou que as situações de cyberbullying se refletem dentro do ambiente escolar. Na Escola Municipal de Ensino Fundamental Armando de Arruda Pereira, onde trabalha, muitas brigas já ocorreram devido a agressões nas redes sociais, disseminação de notícias falsas e até a polícia precisou ser chamada.

“O que eles [grupo da Unifesp] fazem é despertar a conscientização sobre a responsabilidade que os alunos tem que ter quando escrevem qualquer coisa no Facebook, por exemplo, e que tudo isso tem um retorno. É um processo muito lento, mas acredito que a base eles estão tendo e, depois disso, tem que ser desenvolvido aos poucos. Esperamos que a sementinha tenha sido plantada. Depois os professores e as famílias têm que fazer com que essa sementinha floresça e que essa responsabilidade e essa conscientização comece a aparecer no futuro”, disse a coordenadora.

Por Agência Brasil/ Camila Boehm e Amanda Cieglinski
02/12/2017 17h06 São Paulo
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