Desafio da Momo volta em 2019
Por Ana Paula Siqueira, sócia de SLM Advogados e coordenadora do Programa Educacional de Proteção contra Cyberbullying
Mal saímos do Carnaval e a sensação que temos é de Dia das Bruxas. Após a tragédia sem precedentes da escola estadual Professor Raul Dias, temos a volta da fatídica Momo, que assombra o YouTube Kids, a mente das crianças e coloca em alerta pais e escolas.
Imagens de desenhos são interrompidas pelo assustador personagem Momo, com cenas terríveis que ensinam, passo a passo, como as crianças devem fazer para, literalmente, cortar os pulsos, onde encontrar facas e como assassinar os pais. Esse mesmo vídeo, que burla os algoritmos de segurança do YouTube Kids, comprova a tese de que nenhum sistema é perfeito ou inviolável.
A responsabilidade pela educação dos filhos é dos pais e não da internet. O Google possui ferramentas poderosas de exclusão de conteúdo impróprio, mas, como qualquer tecnologia, não é 100% confiável.
Para os pais delegam a educação e a paz auricular ao tablet/smartphone, o fato que aconteceu é um alerta: vigiem constantemente e presencialmente o que seus filhos fazem virtualmente. A criança necessita de um porto seguro na qual possa receber em ambiente saudável uma formação estável e o tablet e o celular não são esse porto. Mais do que tecnologia, os jovens precisam de presença real dos pais. As selfies mentirosas e estereótipos de famílias felizes o Instagram/Facebook povoam as timeline, destruindo a possibilidade de conversa em momentos de dificuldade.
Temos que assumir que seres humanos e máquinas são imperfeitos, que necessitamos da ajuda e apoio constante para compreender as nuanças da tecnologia e da educação nos dias atuais.
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