Rodrigo sempre foi um menino alegre. Desde bem pequeno tinha um peso acima da média, mas isso nunca foi problema para ele, que jogava bola, corria e nadava tão bem quanto qualquer outro garoto da sua idade. Comunicativo e inteligente, estava sempre rodeado de amigos. Ele acaba de completar 14 anos, e de uns tempos para cá seus pais vinham notando que seu comportamento estava mudando. Vivia calado, instrospectivo, irritado. Nem nos momentos com a família era o mesmo menino de antes. Um dia, ao ir para a escola, esqueceu o celular em casa, e a mãe decidiu dar uma espiada, para ver se descobria o porquê do comportamento, já que Rodrigo não se abria mais com ela. Em uma das redes sociais que o menino usa, encontrou a resposta: Ele está sofrendo cyberbullying.
São vários os comentários maldosos dos outros meninos e meninas via internet: Fala, baleia; O gordo mais sem noção da escola; Você tenta ser simpático, porque sabe que com esta beleza toda nunca vai conseguir conquistar uma namorada, e coisas do tipo. Palavras duras, vindo de outros adolescentes que sentem prazer em menosprezar os outros. A mãe não conseguiu conter as lágrimas nem a raiva quando leu os posts. Como as pessoas podem ser tão ruins assim? Ninguém gosta de ser humilhado, pior ainda quando isso acontece publicamente, e torna-se terrível quando a vítima é um adolescente, pois nesta fase da vida tudo o que a pessoa mais quer é pertencer a um grupo e ser aceita pelos seus pares.
O caso de Rodrigo não é uma exceção. Quem navega pelas redes sociais e usa aplicativos de mensagem instantânea no celular sabem o quanto é comum encontrar comentários depreciativos, nos quais pessoas de diferentes idades expõem o outro em busca de destaque e aceitação. Em geral, estas postagens criticam alguma característica física, condição social ou comportamento da vítima. O alcance e a velocidade com que as publicações se propagam nas redes, capazes de reproduzir milhões de posts por segundo, potencializam o problema. No ambiente virtual, os xingamentos e as provocações são tormentos permanentes.
''Antes, o constrangimento do bullying ficava restrito aos momentos de convívio dentro da escola. Agora é o tempo todo'', aponta Lia Calegari da Cunha, advogada que atua em escritório especializado em direito digital e atende casos de cyberbullying. Lia faz um alerta: ''É uma violência como qualquer outra e deve ser combatida sempre que ocorrer, principalmente por estar ligada diretamente à saúde mental das vítimas, que, se não for protegida, pode sofrer sérios danos''. A advogada diz que os principais alertas de que uma criança ou jovem está sofrendo bullying, em qualquer uma de suas formas, são a passividade quanto às agressões sofridas, ter um círculo muito restrito de amizades, ter baixa autoestima e baixo rendimento escolar, apresentar medos e simular estar doente para não comparecer mais às aulas, além da insegurança e baixa sociabilidade.
Por Diário Catarinense - Viviane Bevilacqua
29/09/2017 - 10h00
Imagem: Divulgação
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