Central Nacional de Denúncias de Crimes Cibernéticos recebeu 63.698 denúncias anônimas envolvendo 32.936 páginas distintas em 2017
São Paulo
Cerca de 63% das denúncias recebidas no ano passado pela Central Nacional de Denúncias de Crimes Cibernéticos, coordenada pela ong SaferNet, estão relacionadas a discurso de ódio. O racismo corresponde a quase um terço dos conteúdos denunciados. Além disso, 69% das vítimas que procuram ajuda por bullying, perseguição e ameaças são mulheres. Os dados foram apresentados hoje (6) na capital paulista, durante evento que marca o Dia Mundial da Internet Segura, que acontece em mais de 100 países, com ações de conscientização, orientação, prevenção, autocuidado e promoção do uso seguro da internet.
Em 2017, foram recebidas 63.698 denúncias anônimas envolvendo 32.936 páginas distintas. As páginas de pornografia infantil denunciadas somam 20.975, um aumento de 18,87% em relação a 2016. A entidade lembrou que o número de operações e prisões de agressores sexuais realizadas pela Polícia Federal também aumentou. Em 2016, foram 61 operações deflagradas e, em 2017, foram 110, e o número de prisões dos agressores subiu de 140 para 245.
Em relação aos casos atendidos pelo Canal de Ajuda da SaferNet Brasil, em que as pessoas buscam orientação, as demandas mais frequentes em 2017 foram ciberbullying/ofensa (359 casos), problemas com dados pessoais (299), sexting/vazamento de nudes (289), fraudes/golpes (140) e conteúdos violentos (116).
Escolas
O levantamento realizado pela SaferNet com educadores de escolas públicas e privadas dos estados de São Paulo, Minas Gerais, da Bahia e do Paraná mostrou que questões como vazamento não-consensual de imagens íntimas, humilhação e ciberbullying são comuns no ambiente escolar.
De acordo com 51% dos entrevistados, algum educador conhecido seu já contou que foi humilhado, agredido ou chantageado pela internet; 8% já tiveram material íntimo (fotos, vídeos, mensagens) exposto sem sua permissão; e 9% sofreram humilhação, piadas violentas com vídeos e/ou mensagens de difamação.
Além disso, 76% relatam que já tiveram casos de ciberbullying nos locais onde trabalham; 26% ainda não conhece a Lei 13.185/2015, que trata da obrigatoriedade de ações de enfrentamento ao bullying e ao cyberbullying nas escolas; 56% já souberam de casos de vazamentos de nudes de alunos em suas instituições; 60% consideram que ainda têm dificuldade em encontrar materiais para trabalhar esses temas com os alunos; e 70% são a favor de manter esse tema como transversal nas diferentes disciplinas em vez de ser uma disciplina específica.
Diante desse cenário, a SaferNet anunciou hoje (6) o Educando para Boas Escolhas On-line, um curso a distância que vai promover a formação de educadores sobre o uso seguro, responsável e consciente da internet. “O objetivo dos quatro módulos do curso (direitos e deveres, ciberbullying, sexualidade online e segurança digital) é que professores desenvolvam formação para o uso crítico e cidadão das tecnologias, dentro e fora da escola”, destacou a ong. O curso será inicialmente oferecido às secretarias estaduais e municipais de Educação.
Por Agência Brasil/Camila Boehm – Repórter e Edição: Fernando Fraga
06/02/2018 19h07
Imagem:Arquivo/ Agência Brasil
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